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Meia-armador

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Rubens Lemos Filho
Inevitável abrir o baú de preciosidades do futebol brasileiro para compreender que a nobre função de meia-armador, de criador de jogadas na área de inteligência no campo, foi ocupada na seleção brasileira pela última vez em 1994 no monótono futebol de Raí, titular barrado pelo volante Mazinho na Copa do Mundo dos Estados Unidos, a Copa que Romário resolveu para nós.

Bruno Guimarães e Gerson

Raí usava a camisa 10 e, mesmo compondo o meio-campo com Mauro Silva, um centauro e Dunga, outro vigoroso, melhor que Mauro Silva, não chegava na área como planejava Parreira.

Raí se misturava aos protetores de zaga  e nem marcava, tampouco luzia na criação de lances primorosos, ele que ostentava o campeonato mundial de 1992 pelo São Paulo ofensivo de Telê Santana.

Corajoso fosse Parreira, teria mantido o time com Mauro Silva, Raí, o fugaz Luiz Henrique na função tradicional do meio-campo de três homens e o quarto, o carregador de piano fechando da esquerda para o círculo central.

Papel iniciado por Valdo e depois exercido, em exagero tímido, pelo canhoto Zinho, ponta-esquerda agressivo revelado pelo Flamengo e deturpado à imitação de Zagallo, voltando para permitir que os meias criassem.

Ocorre que Luiz Henrique, do Bahia, depois do Palmeiras e do Fluminense, desaprendeu a jogar na França e o outro meia-atacante, repito, o cara nascido para encostar em Bebeto e Romário, era Palhinha do São Paulo, cortado ainda nas Eliminatórias sob a desagradável reputação de traíra, o sonso que tumultua o ambiente.

Todos esses fatos agradavam a Parreira, da escola Zagalliana de, primeiro o 0x0 para depois o 2×1, no máximo. Ficaram três marcadores rigorosos e Zinho também rodando em torno da bola.

A mutilação do criativo de estilo sóbrio, hábil e com visão ampla do campo, posicionado logo após o camisa 5 tradicional, veio  com Lazaroni. Não, não surgiu  com o pior técnico da história das Copas do Mundo.

Começou com Cláudio Coutinho em 1978, primeiro com o nervoso Cerezo e Batista e, depois, com o truculento Chicão e Batista, que não era exatamente uma flor de talento.

Crime foi Telê Santana, derrotado em 1982, por erros na defesa e um centroavante(Serginho Chulapa), atrapalhando de zagueiro central da Itália, escalar, em 1986, Elzo e Alemão onde pontificavam Cerezo(bom de bola, ruim de coragem) e o gênio Falcão. Júnior, lateral-esquerdo de origem, jogava na armação.

Em 1990, Lazaroni tinha dois jogadores moldados à função de armador: Geovani do Vasco e do Bologna(ITA) e Silas, do São Paulo e do Sporting(POR). Técnicos, refinados, jogavam junto a Dunga, refazendo o formato bonito depois que a bola era tomada em carrinhos sequenciais.

Até Neto, do Corinthians, poderia ter ido com Geovani à Copa do Mundo da Itália. Silas seguiu sozinho. Não jogou meia hora. Lazaroni adorava Alemão. Maradona também. Jogava com ele no Napoli e o humilhou, junto com Dunga e os Ricardos enfileirados até Caniggia fulminar Taffarel no 1×0 da Argentina.

O Brasil, para se reencontrar com sua natureza clássica no meio-campo, precisa insistir com Bruno Guimarães. Ou Gerson. Os caras tocam  bola com leveza, Bruno  foi o melhor do time na Olimpíada. Eles sabem enfiar passe de mais de 20 metros, driblam,amortecem a bola, fazem duas ou três embaixadinhas.

São o mais perto do que teríamos de meia-armador. Não, não precisam ser Didi, Gerson Canhota, Sócrates,  Djalminha ou Alex, mais dois punidos pelo que de bom jogavam. Basta o mínimo de diálogo, de diplomacia, com a pobre e agredida bola.

América
O desafio maior desta tarde é do América, de olho no seu jogo contra o Central em Caruaru e na partida do Campinense em Campina Grande contra o terrível e lanterninha Caucaia. À boca pequena, indícios de bicho do Campinense para o Central. Só um milagre livrará o Caucaia de uma surra corretiva.

Mata-mata
Amanhã, já se respira mata-mata, com o ABC enfrentando provavelmente o Retrô, que demitiu seu técnico Luizinho Vieira, mesmo estando entre os quatro primeiros do Grupo 4 e o América pegando um sergipano, se for terceiro, jogará a decisão fora de casa, o que é ruim.

Porte
A CPI da Arena das Dunas  se arrasta feito fantasma acorrentado e  teria outro caminho com um líder  mais experiente, conhecedor das manhas da Assembleia Legislativa. Um Getúlio Rêgo, um José Dias, gente que não tem necessidade de aparecer apenas para ser parágrafo de blog.

Há 37 anos
No dia 5 de setembro de 1984, eu era um dos 2.594 pagantes vendo ABC 0x0 América pela primeira partida da final do segundo turno estadual. Jogo no  Estádio Juvenal Lamartine.

Times
ABC: Carioca; Joel, Jailson, Arié e Vassil; Noé Macunaíma, Nicácio e Marinho Apolônio; Curió, Valença e Rômulo(Zezito). Técnico: Ferdinando Teixeira. América: Eugênio; Jailton, Saraiva, Edson e Júlio César; Baltazar, Didi Duarte e Valério; Sandoval,Sérgio Cabral(Mirabor) e Ramos(Soares). Técnico: Otávio César.

No fogo
Com a expulsão de Carioca, o goleiro Zezito entrou no fogo e não decepcionou. Valério levou vermelho no América.

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