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Melhor assim

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Vicente Serejo
Não posso ser modesto, Senhor Redator, se a modéstia, neste caso, diminui em mim a minha melhor qualidade que é não entender os mistérios da economia. Ontem mesmo, por exemplo, sem querer, fiquei ouvindo a longa explicação de um economista para mostrar que o Brasil acabava de entrar em recessão técnica. Explicou, deu exemplos internos e externos, mas nada entendi. Fiquei com esse ar patético de homem pouco dado a coisas complicadas. 
Filho de contador, com alguma inclinação para os cálculos ditos atuariais, chego aos setenta anos sem saber dessas coisas. Com a ajuda indispensável de Rejane luto todos os meses para o salário caber dentro do mês. Como dizia Luiz Lobo, naquele seu bom humor, o grave é quando começa a sobrar mês no salário. Não sei a quantas anda o mundo dos negócios e, nisto, há alguma vantagem, afinal a vida não é feita só para gáudio dos homens de negócio. 
Sou leitor de tudo quanto aguça a curiosidade, mas, leitor mesmo, de verdade, bom e bem informado, só dos grandes cronistas. Repórter há mais de meio século, sou mesmo é um conversador empedernido e incurável. E afirmo, por experiência antiga que tudo acaba de um modo ou outro na pergunta. É como se fosse, se bem manejado, um bom anzol. Perguntar é tentar trazer na ponta da linha alguma notícia que às vezes vive escondida num canto da alma.
Pergunto, Senhor Redator. Pra quê negar? E perguntando, nesse gerúndio aloprado, vou anotando o que vai caindo nos ouvidos. Uma vez, não lembro o autor, li um ensaísta ainda da era mais romântica do jornalismo, que defendia uma tese estranha de que vale a pergunta. E acrescentava, acalmando a sofreguidão do seu leitor: a resposta, mesmo a melhor e mais esclarecedora possível, deve ser um bom pretexto para uma nova pergunta. Nunca esqueci.
A minha imodéstia, quase esqueço depois da longa digressão, é não sentir falta dessas notícias lançadas como avisos de perigo. Nunca sei quando o perigo espreita o homem e por isso faço como o grande cronista Antônio Maria quando desandava por assuntos que não sabia. Dava aquela parada no texto, e advertia, grave: “Fica quieto, Maria. Você não entende disso”. É como faço, Senhor Redator, quando a vida entra por caminhos perigosamente profundos.
E tudo isso, mesmo parecendo esnobação, e mais esta: sem temer a inveja de ninguém. Não tenho navios. A ninguém darei o prazer de queimá-los. Vivo como um homem comum, absolutamente comum. Provido do necessário e desprovido do dispensável. Depois, se não bastasse a vida inteira vivida sempre assim, da felicidade possível e não de devaneios, lembro o que todos sabem, mas alguns esquecem: ninguém pode ter saudade daquilo que nunca teve. 
ATENÇÃO – Ninguém se engane: a federação partidária – PT e PSB, com a candidatura do deputado Rafael Motta a senador, é um dado novo na sucessão. Se Rafael topar a candidatura.
DÚVIDA – Quando um ordenador de despesa transfere cinco milhões de reais sem antes fazer a leitura do contrato, e tendo experiência administrativa, faz para mostrar obediência ao chefe?
ESTRANHO – Foi este o cerne da declaração prestada pelo secretário da saúde, Cipriano Maia, à CPI da Pandemia. Cumpriu ordem da governadora Fátima Bezerra, e ela é a culpada? 
DETALHE – Cipriano assumiu a posição consciente de que a CPI não pode convocar a governadora e então busca no secretário a sua vítima? A sua posição foi, inegavelmente, hábil. 
FESTEJOU – Segundo o ex-juiz Sérgio Moro, Bolsonaro festejou soltura de Lula. E é fácil explicar: naquela hora parecia ser o melhor adversário para Jair derrotar nas urnas de 2022.
ENTÃO – Estava certa a coluna de ontem, ‘Rescaldo’, escrita quarta-feira, quando disse que foi bom prender Lula para Bolsonaro ser eleito; e pareceu bom soltá-lo para desta vez vencê-lo? 
EFEITO – Como em política as circunstâncias muito fortes mudam as expectativas, Lula é hoje o pior adversário para Bolsonaro. E a economia pode ser, daqui até 22, seu grande vilão.
DESAFIO – Difícil não é a bancada do PL deixar a base governista. Basta querer. Difícil é criticar o governo que defendeu durante três dos quatro anos. Político não tem cartola mágica.
ATENÇÃO – O governo do Estado e a Prefeitura, através de suas áreas jurídicas, precisam informar à sociedade qual o conceito que adotam, numa grave pandemia, quando se referem a ‘eventos privados’, como se bastasse para justificar sua não jurisdição sobre suas realizações. 

PERIGO – Não tem natureza privada em eventos de grande porte realizadas em vias públicas, em caso de pandemia, mesmo realizados pela esfera privada. A segurança coletiva está acima. Quem autorizar ou for omisso diante da decisão é responsável pelas consequências coletivas. 
ALIÁS – O prefeito Álvaro Dias fez bem, no seu âmbito, suspender em Natal as aglomerações do réveillon na Redinha e Ponta Negra. A aglomeração do Carnatal é a maior do Estado, sem que se negue sua importância. A governadora Fátima Bezerra assume os riscos da decisão?   
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