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Melhor debate

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Garibaldi Filho
Ex-senador da República
Acompanho as eleições deste ano na condição de espectador. Depois de décadas de intensa atividade, quando disputei doze pleitos, dez dos quais bem-sucedidos, neste estranho 2020, optei pela atuação mais virtual e me conectei mais fortemente aos programas de TV, rádio, aplicativos de mensagens e redes sociais.
A pandemia me obrigou a este comportamento, bem diferente daquele que orientou toda a minha vida pública: o saudável convívio direto, na rua, do abraço, do aperto de mão e da conversa olho no olho. Coisas que aprendi a fazer com satisfação, desde a minha adolescência.
Os dias são outros, eu sei, respeito e procuro me adaptar a estes novos tempos, sem me afastar dos princípios que me fazem até hoje uma pessoa consciente do dever cumprido.
Bem, depois desse “nariz de cera”, como se dizia antigamente nas redações dos jornais, volto à ideia inicial deste texto: a minha posição de telespectador nestas eleições municipais.
Segundo turno é uma nova eleição. São apenas dois candidatos e o mesmo espaço de tempo na propaganda de TV e rádio. Em alguns municípios, um ringue. Em outros, o palco civilizado das discussões democráticas.
A cidade de São Paulo é um bom exemplo de que é possível fazer política com propostas e menos agressões fortuitas.
Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), com identidades partidárias tão opostas, têm demonstrado que é possível convergir para um saudável debate de ideias para a cidade e para as pessoas. 
Na última segunda-feira, dia 23, por exemplo, os dois candidatos estiveram no excelente programa Roda-Viva, da TV Cultura, e demonstraram conhecimento profundo sobre as questões mais agudas da maior cidade do país. 
De origens ideológicas bem distintas, como disse anteriormente, se afinaram na construção elegante das respostas. Certamente, em busca dos eleitores indecisos e ressacados das brigas políticas da última eleição presidencial.
Covas, o atual prefeito de São Paulo, herdou do avô Mario Covas o gosto pelas estatísticas. A todo momento, o candidato à reeleição recorreu a dados numéricos e índices para comprovar o seu desempenho à frente da Prefeitura. 
Boulos, por sua vez, no estilo paz e amor, bem diferente daquele de 2018, escolheu outro caminho. O caminho da narrativa didática. Falou com emoção para sensibilizar o eleitor cada vez mais pragmático.
Para o bem da democracia, queira Deus que eles mantenham essa linha cordial no debate da Globo, o último embate ao vivo da campanha deste ano, na próxima sexta-feira.
Assim, não queimarei minha língua, ou melhor, a ponta dos dedos que digitam este texto sobre a pacífica política paulistana neste ano de 2020. Ressalto esse exemplo dos candidatos paulistanos, porque sempre acreditei que os disputantes podem e devem defender, ardorosamente, os seus programas e as suas ideias de forma educada e respeitosa.
Domingo, após o resultado da votação do segundo turno, vamos ver se o bom comportamento dos candidatos também estará presente nas declarações de quem não vencer. Ninguém merece candidatos Trumps em terras tupiniquins.
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