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Memória de Brinquedo

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Maria Betânia Monteiro – repórter

De longe, pequenos objetos formam um caleidoscópio de imagens coloridas e de estampas enigmáticas. De perto, brinquedos. Especiais. Feitos à mão: rodas gigantes construídas com lata e madeira, bola de palha de bananeira, cavalinho de jurema, bonecas de sabugo de milho. Produtos da criatividade dos moradores de 48 municípios espalhados nas zonas rurais e urbanas do Rio Grande do Norte. Esses e outros 300 brinquedos estão em exposição no Museu do Brinquedo Popular, instalado no prédio do Campus do IFET-RN, da Avenida Rio Branco. Após ganhar destaque num dos estandes da SBPC, na semana passada, os artigos do museu ganharão um espaço onde o público possa interagir com eles. “Nós queremos que o museu se torne interativo. Vamos aproveitar que ele foi desmontado para SBPC e já garantir um espaço para que sejam manipulados”, disse o diretor do campus do IFER-RN da Rio Branco e coordenador do núcleo de estudos da Ludicidade, Lerson Fernando.

Panelinhas, barcos feitos à mão e brinquedos pouco utilizados nos dias de hoje estão em exposição, realimentando a memóriaSegundo Lerson, o museu tem grande importância para o estado e demais regiões, por ser único com esta temática no país. Ele explica que existem museus do brinquedo, mas nenhum com artigos populares. “O museu mantém viva uma cultura, que foi engolida pelas novas tecnologias”, disse Lerson. Dos 315 brinquedos em exposição, apenas 10 por cento foram confeccionados a pedido dos idealizadores do projeto, os outros 90 por cento foram doados pelos moradores dos municípios visitados.

O material utilizado para a elaboração dos objetos, às vezes se torna mais interessante do que a própria função, como a bola feita de palha de bananeira e o cavalinho de Jurema, vegetação típica da caatinga. Outro brinquedo bastante curioso e representativo é o feito a partir de ossos bovinos.

 Segundo o livro “Brinquedos e brincadeiras populares: identidade e memória”, elaborado por um grupo de pesquisadores do IFET-RN, sob a orientação de Marcus Vinícius de Oliveira, o Brinquedo mais conhecido, feito a partir de ossos é o chamado “Curral”.

O curral de ossos é uma brincadeira onde as crianças de várias idades reproduzem um curral, utilizando gravetos para construir as cercas e utilizam capim e pedra para a decoração do espaço. Além de os animais serem representados com ossos de gado, também pode ser usado em seu lugar o mangará – fruto da bananeira.

O livro traz o depoimento do menino Laurindo, da cidade de Umarizal, onde descreve os bichos do curral: “o osso grande da perna do boi representava o touro, o osso da mão, a vaca, e o burreguinho era representado pelo osso de criação”.

A elaboração do livro “Brinquedos e brincadeiras populares: identidade e memória” foi o que incentivou a criação do museu. A partir da pesquisa realizada por Marcus Vinícius, Tânia Costa, Vivianne Limeira, Caroline Cristina, Priscília Janaina e Lerson Fernandes; os municípios foram visitados e os brinquedos e depoimentos foram coletados e sistematizados em forma de pesquisa.

Estudos Culturais da Ludicidade

Com a pesquisa em mãos e uma variedade de brinquedos, Criou-se o Núcleo de Estudos Culturais da Ludicidade infantil – NECLI, do qual faz parte o museu. O núcleo surgiu em dezembro de 2006, com o objetivo de disseminar o estudo realizado sobre a ludicidade infantil.

Formado a partir de um projeto de pesquisa, desenvolvido em parceria com o Ministério da Cultura, o Necli é composto por pesquisadores que buscam através dos seus estudos, contribuir para a preservação dos costumes locais, a consolidação da identidade da região, a divulgação e a promoção da diversidade cultural, bem como provocar uma reflexão sobre a importância da memória, do passado e das raízes para o entendimento de vivências transformadoras como o ato de brincar.

Neste contexto, sobressai o brinquedo como um forte agente da memória da tradição, dos costumes, e especialmente, de uma pedagogia que é vivenciada no próprio ato de brincar, funcionando como importante conexão entre a vida e a cultura de cada sociedade, de cada comunidade, tal como acontece no Rio Grande do Norte, onde há fato material de pesquisa.

Os estudos até agora desenvolvidos, apresentando a ludicidade a partir do elo entre a cultura, a memória e a infância possibilitam documentar, registrar, catalogar e divulgar os brinquedos e as brincadeiras da cultura norte-rio-grandense. Desenvolveu-se, também, a construção de um acervo de brinquedos, que tem sido mostrado através de exposições, acervo fotográfico, além da produção de artigos científicos e livros, que podem ser adquiridos no IFET da Avenida Rio Branco.

Serviço

Museu do Brinquedo Popular
Local: IFET-RN, da Avenida Rio Branco
Dias: aberto de segunda à sexta-feira
Hora: das 8h às 17h
Entrada: franca
Visitas agendadas: 4005-0950

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