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Memorial reabre sem acervo definitivo

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Ramon Ribeiro
Repórter

Foram dois anos fechados para reforma até que na tarde de ontem (13) o Memorial Câmara Cascudo (Cidade Alta) foi enfim reaberto para a população. Mas, embora reaberto, não há muito o que ver – apenas a exposição do artista natalense Djalma Paixão, que ocupa uma das pequenas salas do térreo com pinturas naifs sobre temas folclóricos. Foi informado que um novo conteúdo museológico está sendo elaborado para o espaço, ainda sem data definida para ser apresentado. No pavimento superior, onde antes estava montada a mostra “História da Cidade do Natal”, por enquanto servirá de sala de aula para a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM), cuja sede na Ribeira passa por reformas.

Reabertura do Memorial contou com presença de representantes do governo e direção do Instituto Câmara Cascudo. O prédio, em estilo neoclássico, já abrigou no passado o acervo do folclorista

Reabertura do Memorial contou com presença de representantes do
governo e direção do Instituto Câmara Cascudo. O prédio, em estilo
neoclássico, já abrigou no passado o acervo do folclorista

Essa é a segunda vez que a Fundação José Augusto reinaugura um prédio cultural reformado sem seu conteúdo museológico. A mesma situação aconteceu com o Museu Café Filho (Cidade Alta), reaberto no ano passado, mas até hoje sem receber o acervo do ex-presidente potiguar, servindo mais como galeria de arte improvisada. É o que vai acontecer neste primeiro momento com o Memorial CC. Segundo informou a FJA, o espaço funcionar como local de exposições para artistas potiguares.

De acordo com o diretor da Fundação, Amaury Júnior, depois da individual de Djalma Paixão, outras exposições já estão previstas para o Memorial. Em setembro será aberta uma exposição sobre roteiros históricos no RN, em parceria com o Instituto Históricose Geográfico do RN, e, em outubro, o local recebe uma individual do artista ítalo-natalense Orlando Morgantini.

Antes de ser fechado para reforma, o Memorial abrigava a mostra permanente “História da Cidade do Natal”, no pavimento superior, composta por painéis, réplicas de objetos e parte do acervo do Forte dos Reis Magos. Esta mostra está atualmente montada em Mossoró. No térreo do Memorial as salas eram ocupadas por duas pequenas exposições sobre cultura popular. A mostra e as exposições não eram atrativas. Faltava uma curadoria criativa, com montagem interativa e multimídia. Em 2013 a FJA até tentou articular uma expografia nova, ao solicitar ao curador carioca Marcello Dantas, responsável por concepções expográficas no Museu da Língua Portuguesa (SP), uma proposta de montagem contemporânea para o Memorial.

Reforma contemplou elevador para acessibilidade e rampas

Reforma contemplou elevador para acessibilidade e rampas

De acordo com Amaury, aquele contato com o curador não foi pra frente e não há possibilidade de retomá-lo agora. “Neste momento a nossa realidade financeira não nos permite. Estamos buscando soluções com profissionais do Estado”, explica do diretor da FJA.  Mas ele informa que uma nova expografia sobre Cascudo está sendo elaborada. “Está sendo concluído o projeto. Quando pronto e aprovado, seguirá para o processo licitatório”.

Para essa nova fase do Memorial, o atelier de arte de Jomar Jackson foi desativado. A sala onde as aulas aconteciam será destinada para receber exposições. A chegada da EDTAM vai ocupar o pavimento superior com o escritório da direção da escola e sala de aula. A escola já está abrigada no local há uma semana.

Diretor do Memorial CC, Gilberto Alves garante que o espaço está pronto para ser utilizado. “Estamos com as salas disponíveis para exposição e para aulas de música”, diz. Ainda segundo Alves, o quintal do palacete, área até então subutilizada, deve passar a ser mais movimentada. “Agora temos refletores no pátio interno. Planejamos utilizar essa estrutura  para eventos culturais, lançamentos de livros, saraus e outros atividades”.

Orçadas em R$ 288 mil, as obras do Memorial incluíram restauração do prédio, instalação de nova rede hidráulica e elétrica, elevador para acessibilidade, pintura externa e interna, reforma dos banheiros, aquisição de novo mobiliário e implantação de sistema de segurança. Os ar-condicionados ainda não foram instalados. Os recursos foram do programa Governo Cidadão, via empréstimo do Banco Mundial.

Valor histórico
O prédio em estilo neoclássico, construído no final do século XVIII para abrigar a Fazenda Real, serviu posteriormente como sede de diversos órgãos públicos do período real até a República. Em 1946 ele quase foi demolido, mas por causa de protestos da sociedade, a ideia foi abandonada. O local, apelidado de Vaca Amarela, devido a cor de sua pintura, se tornou o Memorial Câmara Cascudo em 1987, um ano após o encantamento de Cascudo. A ideia era preservar e divulgar o legado do intelectual. Era lá que estava a biblioteca do Mestre, com cerca de 10 mil livros e 15 mil cartas. Hoje todo esse material está no Instituto Ludovicus Câmara Cascudo, na casa onde Cascudo morou, e é administrado pela família. Com isso, coube ao Memorial se reinventar, montando exposições de temáticas específicas dentro do universo cascudiano.

Museu Café Filho  deve receber acervo em setembro
Segundo a Fundação José Augusto (FJA), o Museu Café Filho deve receber a exposição alusiva ao ex-presidente que batiza o espaço até o final deste ano. “A expografia do Café Filho já foi licitada e já existe uma empresa vencedora do certame. Ela será responsável pela execução do projeto. A informação do setor de obras da FJA é que ainda neste semestre o projeto seja concluído em sua montagem e apresentado ao público”, explica o diretor da FJA, Amaury Júnior.

Biblioteca Câmara Cascudo também reabrirá sem serviços
Outro prédio há bastante tempo fechado, a Biblioteca Câmara Cascudo tem sua reabertura marcada para o dia 29 de agosto, segundo divulgação da FJA. O espaço vai abrigar o 1º Seminário de Bibliotecas Públicas do RN, dentro da programação do Agosto de Cascudo.
A nova biblioteca contará com acervo digital, acesso à internet, salas de estudo, espaço da literatura infantil, auditório, café, lanchonete e ilha de edição audiovisual. Mas, segundo Amaury Júnior, o acesso ao público se dará um pouco mais à frente, em razão “do atraso na montagem da mobília para instalação do acervo e equipamentos”. Mas ele garante que as obras estão concluídas e que o público verá a Biblioteca em funcionamento ainda neste ano. “A direção da FJA acompanha de perto toda essa fase para que o cronograma seja cumprido”.

Serviço
Memorial Câmara Cascudo;

Praça André de Albuquerque, Cidade Alta. Funcionamento de segunda a sexta, das 8h às 16h, e no sábado, das 8h às 13h.

Entrada gratuita.

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