sexta-feira, 29 de março, 2024
26.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Menina de ouro

- Publicidade -
Ícaro Carvalho
Repórter
Vencer um campeonato estadual, conquistar o brasileiro e por fim, a América. Com apenas dez anos de idade, a carateca Gabrielle Medeiros Moura já tem no seu currículo um histórico que surpreende todos ao seu redor. 
Gabrielle Moura, de apenas dez anos, conquistou estadual, brasileiro e pan-americano de Caratê em 2017
Gabrielle Moura, de apenas dez anos, conquistou estadual, brasileiro e pan-americano de Caratê em 2017
Em 2017, Gabi, como é carinhosamente chamada pelos pais e amigos, disputou o campeonato potiguar de karatê e superou todas as suas oponentes. Não satisfeita, ela se qualificou para ir até Maceió, em uma grande aventura: lá, representou o RN no campeonato brasileiro e voltou para casa com a medalha dourada.
A trajetória não parou por aí: ela viajou até o Peru, onde disputou o Campeonato Pan-americano de Karatê. Ao lado da família e do treinador, Alexsandro Jobson, mais uma conquista: duas medalhas, uma de prata no Kata (sequência de movimentos de ataque e defesa) e uma de ouro na competição geral.  
Agora, a menina de ouro dos pais José Roberto Moura e Luciana Moura está garantida na disputa do campeonato mundial de karatê, torneio que acontece em outubro do ano que vem. 
Para a mãe, a sensação de ver a filha obtendo todas essas conquistas nesse ano é algo “indescritível”, visto que a pequena atleta tem apenas uma década de existência. “A gente foi pra o campeonato, dissemos a ela que era o estado todo. Fomos pra o brasileiro, dissemos a ela que era o Brasil todo e ela foi e ganhou. Sempre foi com a sensação de participar e essa surpresa dela é indescritível. E aí ela vai e ganha na disputa com todas as Américas. Foi algo maravilhoso”, comenta. 
“É uma sensação muito boa de estar podendo viajar para conhecer outros lugares e competir com outras pessoas, é uma experiência única e diferente a cada competição. Eu não sinto nenhum peso. O importante pra mim é se divertir, ir lá, competir e dar o meu melhor”, comenta Gabrielle. 
Para o treinador, Alexsandro Jobson, todas os triunfos que a carateca vem ganhando ao longo de sua pequena carreira não são por acaso. “A questão principal nas artes marciais não é que ela esteja a frente, é que ela busca mais que as outras. Todo mundo tem potencial para chegar campeão, mas o que busca é diferente. Ela é uma pessoa que quer muito. Faça isso, faça aquilo, mesmo cansada, ela faz. Sempre os mais determinados vão ganhar pelo cansaço. Determinação ela tem de sobra, comenta.
O professor Alexsandro Jobson, garante ainda que a pequena atleta vai aumentar um pouco a sua rotina de treinos tanto para se preparar para a competição, tanto para ganhar cada vez mais maturidade no esporte. Antes do mundial, no entanto, ela disputará o campeonato brasileiro mais uma vez. O treinador garante que a participação no certame nacional será de vital importância para que a atleta mirim corrija os erros e chegue nas melhores condições para disputar contra caratecas de todo o mundo. 
Treinador e família elogiam maturidade e determinação da pequena atleta
Treinador e família elogiam maturidade e determinação da pequena atleta
“Claro que o mundial é um pouco mais puxado do que um pan-americano. Mas ela já viu um evento internacional, isso por si só já dá um bom suporte a ela”, conta o sensei.
A ideia agora é aumentar gradativamente a rotina de treinamentos da potiguar. O sensei garante que as adaptações acontecerão paulatinamente e que o patamar atingido por Gabi exige um pouco mais de esforço.
Outro desafio para a pequena atleta antes de voltar ao tatame é conseguir patrocinadores. Ainda faltando pouco mais de dez meses para a disputa, o pai, José Roberto, espera também contar com o apoio dos empresários da capital potiguar. Para o pai, a filha vem obtendo bons resultados que justificam o apoio das marcas de futuros patrocinadores, estas, que estarão expostas em um evento internacional.
Pioneirismo no Marista, amor pelo esporte e boas notas
A potiguar, estudante 5º ano do colégio Marista, pratica Karatê na escola desde os três anos de idade e esse é outro fator que chama a atenção. Os pais contam que ficaram receosos de colocar Gabrielle num esporte historicamente masculino, porém, assim que a menina foi mostrando seu potencial e apresentando desenvolvimento no esporte, isso chamou a atenção de outras mães de alunas do Marista.
Se em um turno do dia Gabrielle se desdobra entre os cadernos e conteúdos aplicados em sala de aula, em outro ela está aprendendo a disciplina e a filosofia de uma das artes marciais mais tradicionais do mundo.
Duas características chamam a atenção da menina de dez anos: a energia e a maturidade. Até o ano passado, por exemplo, Gabi praticava karatê, natação e dança, além dos compromissos escolares. As outras duas modalidades ela precisou deixar, mas tudo em virtude de novas atividades, como o inglês e o ingresso na catequese.
Gabrielle Moura, de apenas dez anos, conquistou estadual, brasileiro e pan-americano de Caratê em 2017
O amor pelo esporte é visto nos olhos da pequena Gabi, que vai representar o Rio Grande do Norte no mundial de caratê em 2018
Os pais contam que era a própria Gabi quem adorava a rotina incessante entre esportes e estudos, e que as boas notas eram uma “desculpa” para que a pequena pudesse continuar as diversas práticas desportivas. 
Luciana comenta que os argumentos da filha para a prática de outros esportes eram de que as notas estavam boas, mesmo com o dia a dia puxado. Esse era outro ponto, inclusive, que surpreendia os pais.
“Ela tem que fazer por ser feliz, se ela quiser a gente vai apoiar, se não quiser também não tem problema. Ela é muito resolvida”, comenta a mãe.
Todo esse amor pelo esporte tem raízes familiares. Enquanto a mãe, foi praticante do basquete e da natação, o pai, José Roberto, chegou a se aventurar nas quadras de futsal, porém, nenhum dos dois seguiu carreira profissional. É aí que Gabi entra mais uma vez para quebrar mais um paradigma: um  dos seus sonhos é chegar aos Jogos Olímpicos, sonho que pode ser uma realidade para a lutadora mirim.
O sonho ganha ainda mais força com a aceitação do Karatê como um esporte olímpico, reconhecido pelo Comitê Internacional (COI) em agosto do ano passado. Em 2020, no Japão, o esporte fará sua estreia nos jogos dos arcos dourados.
“Futuramente eu vou. Eu tenho certeza que vou conseguir. A primeira olimpíada que eu souber que tá vindo eu vou me esforçar para ir”, garante. Se depender da determinação e do esforço que Gabrielle vem apresentando nos treinamentos, os tatames da capital potiguar logo se mostrarão pequenos para a pequena atleta potiguar. 
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas