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Meninos do Rio e daqui

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Alex Medeiros 
Conheci o carioca Ricardo Cunha num dia de animada resenha no bar Me Leve, na Candelária, quando ele foi levado ali pelo jornalista e advogado Kolberg Luma, atualmente na função de assessor da Justiça do Trabalho. Foi um prazer conhecer um cara que acompanhava minha coluna há algum tempo e que se identificou com as crônicas sobre vivências nos bairros em que vivi na infância e juventude. Ele estava preparando um livro sobre sua vida no Rio.
A ideia era juntar seus amigos de meninice numa rua chamada Riachuelo, no centro da capital carioca, onde cada um narraria as reminiscências das décadas de 1960 e 1970, quando todos faziam parte de uma tribo cheia de aventuras e traquinagens num tempo de dias felizes. Com pouco tempo de conversa, percebi que Ricardo tinha razão em identificar semelhanças entre minhas narrativas e as suas memórias do passado com seus grandes amigos.
O livro ficou pronto, foi lançado lá no Rio e traz meu texto inserido, como uma orelha a revelar as conexões emocionais e afetivas entre a Rua Riachuelo e outras ruas desse Brasil que de tão gigante aproxima semelhanças de geração.
Segue o texto no livro de Ricardo Cunha:
Meninos de ruas universais
Em meados do ano 2000, emulado pelos 30 anos da conquista do tricampeonato da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo do México, resolvi organizar uma coletânea de crônicas, artigos e narrativas, em verdade testemunhos, de setenta brasileiros espalhados pelo País, cada um contando da sua emoção naquele torneio mundial que sacudiu os corações de Norte a Sul.
Quando fui lançar o livro “Todos Juntos, Vamos – Memórias do Tri” no Rio de Janeiro, numa festa bonita na Livraria Argumento, no Leblon, ouvi diversos comentários sobre a incrível semelhança de reações em pessoas separadas por milhares de quilômetros e vivendo em contextos sociais e culturais distintos. Convém explicar que a grande maioria dos autores dos textos vivia o auge da juventude em 1970.
Aquilo lembrou-me a obra imortal de J. M. Barrie, “Peter Pan”, e sua ambientação num lugar chamado “Terra do Nunca”, reino de um grupo de meninos, que apesar de chamados “perdidos” eram “achados” na própria companhia em grupo. Barrie criou Pan no começo do século XX, assim como o húngaro Ferenc Molnár escreveu o clássico “Os Meninos da Rua Paulo”, que se tornaria um espelho das milhões de ruas do planeta.
Quando o livro sobre a Rua Paulo chegou no Brasil, em 1952, muitos personagens desse livro “Os Meninos da Rua Riachuelo” já haviam nascido. Não necessariamente leram a obra depois, mas a experiência das aventuras coletivas, as vivências no âmbito da conjuntura mundial e local, as peculiaridades etárias, muito disso se reproduziu como marca geracional.
Quando Ricardo Cunha me mostrou os rascunhos, percebi essa similaridade atemporal de gerações, vi espelhada na minha infância de rua em Natal as ocorrências da sua Rua Riachuelo. Esse livro é a história dos meninos da turma de Ricardo, na cena carioca, mas na viagem da leitura vamos percebendo que naquela rua cabem todos os meninos do Universo.
Mortes 
Um aumento assustadoramente exponencial de mortes por mal súbito no Brasil e no mundo, mas as igrejas da pseudociência acham que tudo isso é um fato normal. Diariamente, bombeiros e paramédicos atendem chamados no País.
Lavagem 
Incrível o efeito lacrador da área de humanas nas novas gerações formadas nas universidades federais, principalmente no jornalismo. Muitos já não conseguem conviver com opiniões divergentes até no ambiente de trabalho.
Solidariedade 
A força e o prestígio da Tribuna do Norte transformaram a nota publicada aqui sobre a saúde da cantora Cida Lobo numa ação de solidariedade através das redes sociais. O banner criado se espalhou exponencialmente pelo estado.
Comício 
O show da cantora Roberta Sá, quarta-feira no anfiteatro da UFRN, realizado em tributo aos profissionais da saúde, teve seu lado petista com um coro de “fora Bolsonaro”. A potiguar-carioca na versão salto e vestido do Chico César. 
Ratinho 
Não foi a citação da metralhadora que irritou a deputada Natália Bonavides no pito televisivo dado pelo apresentador Ratinho no SBT. Nada causa tanto furor em feministas do que manda-las arrumar o que fazer e lavar cueca de marido.
Carnes 
A velha imprensa destacando que supermercados da Europa boicotam a carne brasileira por questões ambientais. Com a China e a Rússia comprando toda nossa produção, imaginem o nível de preocupação do setor do agronegócio.
Remake 
A releitura de Steve Spielberg para o clássico Amor Sublime Amor teve baixa bilheteria na estreia e alta aceitação da crítica. Se o filme de 1961 teve 11 indicações ao Oscar, o novo já tem também 11 no Critics Choise Awards 2022. 
Despedida 
Atrapalhando eventos na Inglaterra, a variante Ômicron parou nas teias do Homem-Aranha, cujo novo filme superou a última aventura de James Bond na estreia em grande parte do reino. Mais de US$ 10 milhões só na quarta-feira.
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