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Mercado está com quatro boxes em funcionamento

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Ricardo Araújo
Repórter

Quase uma década após o início do processo de reconstrução, o Mercado das Rocas, na zona Leste de Natal, ainda não funciona conforme prometido pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). Dos 83 novos boxes distribuídos em dois pavimentos, somente quatro estão em funcionamento efetivo, o que corresponde a 4,8% do total. Atualmente sem administrador e auxiliares de serviços gerais, o empreendimento que custou cerca de R$ 5 milhões aos cofres do Município e da União apresenta sinais da falta de manutenção: infiltrações no teto das lojas e, na semana passada, uma telha de zinco com cerca de dois metros de comprimento caiu. As fortes chuvas deixaram parte do Mercado intransitável, pois a água entrou pela abertura para entrada de ar que circunda o teto.

O sistema de climatização, que custaria R$ 1,7 milhão financiado pelo Ministério do Turismo e Prefeitura do Natal, deveria ter ficado pronto no ano passado. A liberação de R$ 1 milhão pelo Ministério do Turismo para esse serviço foi anunciada no dia da inauguração do empreendimento, em 5 de janeiro de 2016. Até hoje, porém, a alta sensação de calor nos corredores e, principalmente no segundo pavimento, afasta clientes e comerciantes. Ontem, dia que marcava o período da semana de maior movimentação no antigo Mercado das Rocas, as lojas vazias e o silêncio na galeria comercial denunciavam que algo estava errado, apesar da estrutura ser nova e moderna.

Mercado das Rocas, na Zona Leste de Natal, tem 83 boxes distribuídos em dois pavimentos
Mercado das Rocas, na Zona Leste de Natal, tem 83 boxes distribuídos em dois pavimentos

O secretário adjunto da Semsur, Márcio Guedes, confirmou mudanças no Mercado das Rocas. A maior parte delas diz respeito à questão climática. Ele confirmou que o espaço não será climatizado, mas a Semsur, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) elaborou um projeto para minimizar o desconforto térmico. Orçado em R$ 400 mil, o projeto deverá ser financiado pela “sobra orçamentária de R$ 700 mil” da reforma do Mercado. O dinheiro deverá ser liberado pela Caixa, que analisa a documentação enviada pela Semur.

“O projeto térmico contemplará mudanças de esquadrias, telhas e terá uma pintura diferenciada. A gente acredita que irá melhorar a questão da temperatura interna”, disse. Sobre o sistema de climatização, ele declarou: “Não existe esse projeto de climatização. Não temos esse projeto de jeito nenhum. Hora nenhuma isso foi cogitado”. Sobre a reforma para adequação térmica, a Semsur estima lançar o edital de licitação até o fim deste mês e, finalizado esse processo, as obras consumam 60 dias. A estimativa é que a situação seja resolvida até o fim deste ano.

Sem perspectivas de melhorias, inúmeros lojistas abandonaram mercadorias e equipamentos. Algumas delas, de tanto tempo expostas, apodrecem nas prateleiras. “A minha situação não é pior porque a minha clientela, que eu atendia no antigo Mercado das Rocas, se manteve fiel. Mas muitos colegas meus não aguentaram e fecharam as portas”, relatou o sapateiro Manoel Lúcio que há quatro décadas conserta sapatos, bolsas e malas no local. Ontem pela manhã, ele era um dos únicos que mantinha o box aberto, à espera de um freguês. “É uma situação difícil, mas estamos tentando resolver. Acreditamos que resolvendo a questão térmica, os boxes voltem a ser ocupados e os clientes retornem ao mercado”, declarou Márcio Guedes.

Em outro corredor do mercado, o comerciante de artigos de plástico, Francisco Bezerra do Nascimento, que conhece o funcionamento dos mercados públicos da capital como poucos, detalhava que mantinha a lojinha aberta para “não ficar em casa sem fazer nada”. “Não passa gente, não entra ninguém. Está abandonado”, relatou. Ele relembrou dos tempos áureos dos mercados e citou que começou a trabalhar neles ainda na década de 1950. “Depois do incêndio que destruiu o Mercado da Cidade Alta, onde hoje é o Banco do Brasil, descemos para as Rocas. Começamos na feirinha que tinha aqui no terreno da Marinha e quando Djalma Maranhão construiu o Mercado, me instalei num dos boxes. O mesmo que ocupo até hoje”, citou. Somente no Mercado das Rocas, entre o velho e o novo, são 45 anos de comercialização. “Hoje, meu faturamento é quase zerado. No outro, era diferente. Tinha movimento”, disse.

Concessões
À espera de uma resolução para o impasse que rodeia os permissionários de lojas na antiga estrutura do mercado, está José Martins, que vendeu frango e aves abatidas por mais de quatro décadas no local. Ele relatou que tinha quatro boxes no mercado antigo e, depois que a Prefeitura do Natal determinou a reforma e reabriu a estrutura ano passado, não recebeu ainda o documento de titularidade dos espaços. “Com a reforma, minha situação se complicou. Nós, proprietários, não recebemos nossos boxes de volta. A Semsur não resolve essa situação”, declarou.

O secretário adjunto da Semsur, Márcio Guedes, detalhou que todo o processo licitatório para uso de 57 boxes está concluído e com os vencedores da licitação com documentos em mãos e aptos para iniciar o uso das lojas. No que diz respeito aos 23 boxes ocupados por permissionários na antiga estrutura do mercado, Márcio Guedes falou que a situação ainda depende de regularização jurídica, que está sob análise do departamento responsável.

Memória

Sete anos após o início das obras de reforma, o Mercado das Rocas (Mercado Modelo Público das Rocas Francisca Barros de Morais) foi inaugurado no dia 5 de janeiro de 2016. A nova praça dispõe de dois andares e 229 boxes numerados, mas a Semsur diz que existem 83. O empreendimento teve custo total de R$5 milhões. Desses, R$ 4 milhões foram oriundos do tesouro municipal e o restante de verbas federais.

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