Após rebater Angela Merkel, Bolsonaro aproveitou o dia de folga para passear no comércio em Osaka
“O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores, que vieram aqui para ser advertidos por outros países, não. A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento no passado como alguns chefes de Estado tiveram aqui”, disse Bolsonaro a jornalistas na chegada ao hotel japonês.
Visivelmente cansado e irritado, Bolsonaro culpou a imprensa ao comentar a fala de Merkel. “Eu vi o que está escrito e, lamentavelmente, em grande parte o que a imprensa escreve não é aquilo”, disse. Advertido por um jornalista que as observações de Merkel foram publicadas pela imprensa estrangeira, e não brasileira, Bolsonaro respondeu: “Não interessa que foi alemã, e deixa eu terminar o raciocínio. Então tem que fazer a devida filtragem pra não se deixar contaminar por parte da mídia escrita, especialmente”.
O presidente disse que não vê “problema nenhum” em ser abordado por Merkel para falar sobre desmatamento. A chanceler descreveu como “dramática” a situação no Brasil e afirmou que pretende questionar Bolsonaro sobre o tema. “Nós temos exemplo para dar para a Alemanha sobre meio ambiente, a indústria deles continua sendo fóssil, em grande parte de carvão, e a nossa não. Então eles têm a aprender muito conosco”, disse Bolsonaro.
Não há previsão de encontro oficial entre os dois durante o G-20 até o momento. Momentos após a declaração de Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não assinará nenhum acordo comercial com o Brasil, principalmente o do Mercosul, caso o país abandone o pacto climático, o Acordo de Paris.
O presidente encerrou o encontro com jornalistas no meio da entrevista, após dois minutos de conversa. Antes, deu respostas curtas a perguntas sobre a participação do Brasil na reunião das 20 maiores economias do mundo. “Vamos ouvir e falar”, disse Bolsonaro sobre o G-20. Questionado sobre o que pretende dizer, Bolsonaro devolveu a pergunta a um jornalista: “O que você quer que eu fale?”.
Na sequência, o presidente brasileiro disse que irá falar sobre indústria, internet e meio ambiente. Na programação do G-20 há previsão de que ele se manifeste duas vezes: a primeira em um pronunciamento de 5 minutos e a segunda, de 3 minutos. “Tudo o que estiver na pauta nós falaremos, bem como se formos questionados por alguma coisa temos certeza que estamos prontos para resolver”, afirmou Bolsonaro.
Reuniões bilaterais
O presidente terá ainda sete reuniões bilaterais, incluindo encontros com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o líder chinês, Xi Jinping. Questionado sobre o tema do encontro com Trump, Bolsonaro se limitou a responder que “se é reservada (a conversa), é reservada”. O encontro acontecerá nesta sexta-feira, 28, e será o segundo do brasileiro com Trump.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, alegou nessa quinta-feira, 27, que países como a Alemanha têm interesse em explorar florestas brasileiras no futuro e, por isso, dão “palpite” na política ambiental do Brasil. Heleno classificou a crítica da chanceler alemã como “totalmente injusta” e afirmou que o Brasil é um dos países que “mais preserva o meio ambiente no mundo”. “Quem tem moral para falar da preservação de meio ambiente no Brasil? Esses países que criticam? Vão procurar sua turma”, rebateu o general. Segundo ele, não há previsão de que Bolsonaro reitere, no G-20, que o Brasil não vai sair do Acordo de Paris. “Isso já foi dito. Pode repetir, se for perguntado. Não é obrigatório, não está na pauta do G-20 isso”, afirmou.