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Mestre da gravura, Rossini Perez morre aos 88 anos

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Cinthia Lopes
Editora

Morreu na última quarta-feira (18), aos 88 anos, o pintor, escultor e gravador macaibense Rossini Quintas Perez. Ele estava internado desde janeiro no Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, onde residia há várias décadas. A causa da morte foi pneumonia. A notícia foi confirmada pelo historiador natalense Anderson Tavares de Lira, que mantinha contato com o artista, e registrada no blog de Ancelmo Goes, de O Globo.

Ao lado a obra Palafitas. E Rossini Perez em sua visita a Natal em 2012: “Missão de reconhecimento”

Um dos principais nomes da gravura mundial, o potiguar Rossini Perez expôs galerias e museus de vários países, participou de mais de uma dezena de bienais internacionais e parte de seus trabalhos integram os acervos da Pinacoteca de São Paulo e do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Filho de um empreiteiro espanhol com uma seridoense, Rossini ficou famoso pela criatividade de seu trabalho em gravuras, repleto de texturas, cores e traços entre o abstrato e o figurativo, com imagens que impressionam.

Em 2012, ele esteve em sua terra e produziu uma série fotográfica documentando lugares que reconheceu de sua infância, em Natal e Macaíba. Ele chamou de ‘missão de reconhecimento’ ao registrar paisagens que conheceu, detalhes da arquitetura bastante peculiares. Cogitou doar obras para a Pinacoteca local, mas recuou diante da falta de condições para a guarda do acervo.

Também reclamou do abandono em que encontrou o patrimônio histórico da capital e de Macaíba. Em entrevista ao VIVER, revelou que por questões de saúde não fazia mais gravuras. Dedicava-se à fotografia, montagens e colagens de desenhos e fotos. “O público  é mais atraído por imagens. A gravura é uma técnica secular e eu apenas dei uma cara nova, ficou à parte dessa avalanche de imagens.  Hoje em dia posso usar mais recursos para trabalhar a imagem”, detalhou.

Na época de sua vinda cogitou-se a realização de uma exposição sobre sua trajetória durante o festival Agosto da Alegria, mas não aconteceu. No ano seguinte, houve então uma articulação do jornalista Franklin Jorge, amigo do artista, para uma exposição reunindo parte de seu acervo de gravuras e a série fotográfica, mas também não obteve sucesso.

A série de fotografias feitas em 2012, no entanto, acabou compondo uma exposição realizada no Rio de Janeiro. Além do acervo pessoal, há uma coleção de suas fotografias tsob guarda do Instituto Moreira Salles (IMS).

Voltando ainda mais no passado, Rossini também esteve por aqui em 1981, conforme registra a TN da época. A convite da Fundação José Augusto e Funarte para a inauguração da Oficina de Gravura Rossini Perez, projeto moderno mas que não foi bem aproveitado e sobreviveu até o começo dos anos 90. Rossini morreu sem realizar uma exposição individual na capital potiguar.

Mestre
Rossini Perez saiu de Natal para o Rio de Janeiro na década de 1940. Seu interesse pela gravura despontou em em 1953, quando conheceu o trabalho do pintor e gravador norueguês Edvard Munch (1863-1944), autor do famoso quadro “O Grito” na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. Na década de 1950, suas obras tratam de temas como os barcos, os morros e as favelas cariocas. Em 1959, é assistente de Johnny Friedlaender (1912-1992) no Ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), no qual leciona, desse ano até 1961.

O artista morou na Europa e participou de mais de onze bienais internacionais. É contemporâneo de outro potiguar ilustre nas artes plásticas, Abraham Palatnik. Ambos participaram da Bienal de São Paulo, em 1951. Viajou o mundo entre mostras individuais e coletivas. Implantou oficinas de gravura em metal na Bolívia, Senegal, França e em Brasília. No Brasil, destaca-se o período em que deu aulas no Ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio.

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