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Meu castigo

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Rubens Lemos Filho

Não, mil vezes não. A idade é a luz da lucidez contrariando todos os meus princípios infantis e irredutíveis. Vascaíno de herança e paixão, tenho que ser verdadeiro, pois a verdade é dos inegociáveis patrimônios imateriais que guardo comigo: o Flamengo está jogando do jeito que a escola dos campinhos de várzea manda e só não será campeão de tudo nesta reta final de 2019  por incompetência própria.

Um amigo percebeu e disse assim: Na primeira das semifinais da Libertadores , o Grêmio, em casa, parecia time pequeno, fechado, medroso e prestes a surtar de medo. Confere. O Flamengo redescobriu no Brasil um detalhe catedrático: a saída de bola no toque, no passe medido, na colocação adequada de cada jogador, do avanço guerreiro e ordenado de artilharia, seus laterais e volantes auxiliando os homens de frente, criando uma estrutura humana móvel que se desloca tal  casal grudado em plena gafieira.

É bacana ver o Flamengo de Jorge Jesus. É uma força de trator sobre os medrosos adversários. O Flamengo reaviva suas tradições moleques obedecendo à disciplina tática bem nítida pela ofensividade. Defesa, meio-campo e ataque. Nos bons tempos, eles abusavam do enredo. O Flamengo joga para ganhar, não faz do empate, represa de covardia ou carnaval por um mísero ponto.

Por mais que se tente enxergar algo novo nos outros, prevalece a escola gaúcha de machismo Minuano,  da chegada primeiro no oponente do que a busca radical pela bola, para dominá-la e exercer o que é ensinado ou praticar a magia da improvisação.

O Flamengo pode ser imprevisível, ao tomar as rédeas da partida fora de casa ou emboscar o concorrente, esperando-o, em quase clímax de filmes de Hitchcock para fustigá-lo no erro e matá-lo de forma impiedosa.

Poucas vezes – no nivelamento rasteiro – houve tanto desequilíbrio. Nos anos 1970 e 80, uns oito a dez times podiam ser cotados como possíveis campeões. Na década de 1990, o São Paulo de Telê Santana e o Palmeiras de Vanderley Luxemburgo arrasavam quarteirões.

O Vasco de Romário aos 34 anos em 2000 foi o último a me fazer cantar de coração. E sem o brilho de anos antes, com Geovani vestindo smokings invisíveis de tão elegante na condução intelectual dos outros dez companheiros.

O Vasco de 2000 e o Cruzeiro de 2003, comandado pelo absoluto Alex, nunca levado a uma Copa do Mundo, assim como Geovani e o malabarista Djalminha, foram os últimos a paralisar a Velha Guarda.

O Flamengo de hoje, claro, devido à escassez de talento, é um time difícil de superar por não ter concorrente e por contar com o melhor elenco em campo ou na reserva. Jorge Jesus conseguiu devolver a satisfação de se ver um jogo no Brasil.

Enquanto o Vasco sobrevive no sacrifício e na expertise de Luxemburgo, o Flamengo é habilidade. O Flamengo é top. Ou um time como só uma bela mulher sabe ser. Charmosa, inabordável, elegante e mediterrânea em beleza. Mulher, de primeira.

Nível
A entrevista do auxiliar Romildo Freire desnudou a estratégia do ABC de blindar o técnico Diá, pouco afeito a regras de etiqueta ou preservação da própria imagem. Diá é o antimarketing. É o bronco diplomado. Guerreiro em campo e zagueiro multicampeão, Romildo é sereno e glacial fora das quatro linhas.
Nivel dois
Com Diá e Romildo, rodados em todo o Nordeste, o ABC será um mistão de jogadores maranhenses, piauienses e paraibanos. Ou uma confraria de subcelebridades da bola. Nada anormal, 2020 é subsolo.
Bullying
A Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados realizou ontem audiência pública para debater a violência física e psicológica contra crianças e adolescentes no esporte. A reunião foi sugerida pelo deputado Roberto Alves (Republicanos-SP).
Exageros
A tietagem exagerada dos pais muitas vezes descamba para a pancadaria e transforma em palhaçada competições com jovens promessas. Punir os valentões será nova regra.
Sport
O América estreia dia 19 contra o Sport(PE) pela Copa do Nordeste Sub-20. O Grupo é o E, com Horizonte(CE), o vencedor de Botafogo(PB) x ASA(AL) e o próprio América. Apenas o campeão de cada grupo passa à próxima fase.
Sub-17
Domingo, às 8 para ressacados e madrugadores, o América enfrenta o Riachuelo pelo Sub-17 estadual no velho Juvenal Lamartine (sempre útil). O América bateu o Atlético Potengi por 3×0 na última rodada, gols de Luiz Eduardo e Dennis(2). Lá no JL.

Brasil x Senegal
Quem marca o monstro de habilidade Sadio Mané, o 10 de Ébano do Liverpool, no amistoso de amanhã às 10 da manhã? Se o neguinho resolver jogar, muitos titeses sairão de bunda suja de areia contra Senegal. Tome drible.
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