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Ministro provoca parlamentares

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Lígia Formenti, Camila Turtelli e Mariana Haubert

Brasília (AE) – A participação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar o bloqueio de verbas de universidades em audiência na Câmara, expôs nesta quarta-feira, 15, o desgaste na relação do governo com o Congresso. Durante quase seis horas de debate, o ministro provocou os parlamentares, ouviu pedidos de demissão por parte da oposição, mas também recebeu apoio de aliados de Jair Bolsonaro.

Abraham Weintraub afirma que a redução na verba é uma implicação de gestões anteriores


Abraham Weintraub afirma que a redução na verba é uma implicação de gestões anteriores

#SAIBAMAIS#A convocação, aprovada na véspera com o apoio de 307 deputados, foi um claro reflexo da falta de articulação do governo com os parlamentares. A sabatina na Câmara ocorreu em um dia simbólico, quando estudantes protestaram contra a redução de recursos em diversas cidades do País.

Ao chegar ao plenário da Câmara, porém, o ministro procurou mostrar bom humor, dizendo estar honrado em falar aos deputados. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, numa tentativa de mostrar a força do governo, acompanhou a apresentação inicial de 30 minutos, uma versão resumida de um Power Point que o titular da Educação já havia levado ao Senado dias antes. O irmão de Weintraub, Arthur, também acompanhou de perto a participação. No plenário, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL- SP) aplaudia freneticamente as primeiras respostas do economista, que está há 40 dias no cargo.

A disposição de Weintraub para o confronto, porém, ficou evidente logo na segunda rodada de perguntas. Questionado pela deputada Jandira Feghali (PC do B- RJ) se havia pedido a morte de comunistas, como noticiados pelo O Globo, Weintraub partiu para o ataque e foi irônico ao falar do seu passado como trabalhador comum. “Fui bancário. Carteira assinada. Viu, azulzinha, não sei se vocês conhecem”, afirmou, provocando vaias no plenário até de aliados.

Líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) tentou apaziguar os ânimos. “O ministro está fazendo um excelente trabalho com uma apresentação técnica”, disse, para em seguida completar: “Em algum momento, ele foi um pouco mais firme, mas também respondendo provocações”. Weintraub também atribuiu a redução na verba sua pasta a gestões anteriores. “Nós não somos responsáveis pelo contingenciamento atual. O orçamento atual foi feito pelo governo eleito de Dilma Rousseff e Temer, que era vice. Não somos responsáveis pelo desastre da educação, não votamos neles”, disse.

A agressividade animou deputados da base aliada, mas também aumentou o tom dos ataques. Foi necessário o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (PRB-SP), que conduzia os trabalhos, pedir que todos se restringissem ao tema da audiência. Minutos depois, mais calmo, Weintraub disse estar “aberto ao diálogo”.

As provocações de parte a parte, porém, não cessaram. Inconformado com a falta de atenção do ministro, o deputado André Javones (Avante-MG) passou a criticá-lo, teve o sinal de microfone cortado e não se deu por vencido. Chamou Weintraub de palhaço, covarde, moleque. A indignação do deputado iniciou uma confusão generalizada no plenário. “Respeita o ministro, seu palhaço”, reagiu Eduardo Bolsonaro.

Nos momentos em que tratou dos cortes na Educação, o ministro criticou a mídia, reafirmou que o contingenciamento é temporário e não provoca efeitos imediatos no funcionamento das universidades.

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