Presidente do Chile, Sebastian Pinera anunciou as substituições
#SAIBAMAIS#Os incidentes começaram no momento em que o presidente anunciava um novo gabinete, uma das medidas adotadas pelo presidente para tentar acalmar os protestos contra seu governo, que na sexta-feira reuniram mais de 1,2 milhão de pessoas nas ruas de Santiago.
Ontem, os manifestantes colocaram fogo em barricadas diante da Biblioteca Nacional. Várias estações de metrô não funcionaram. A polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água Em meio ao caos, um importante centro comercial pegou fogo entre as ruas Santa Rosa e Alameda, onde há um hotel, vários consultórios e lojas.
Os protestos começaram contra o aumento da tarifa de metrô em Santiago, mas o descontentamento com o alto custo de vida e o modelo de serviços básicos voltados para o setor privado também mobilizaram os manifestantes. Ao menos 20 pessoas morreram desde o início dos protestos, que deixaram centenas de feridos e milhares de detidos.
Piñera trocou ontem oito de seus ministros, a maioria conservadores que foram substituídos por nomes mais moderados. Entre as trocas, uma das mais significativas foi a do controvertido chefe de gabinete, Andrés Chadwick Piñera – seu primo. Outros 16 ministros foram mantidos no cargo.
Uma das mudanças foi no Ministério da Fazenda. Ex-decano da Escola de Governo da Universidade Adolfo Ibáñez, o economista liberal Ignacio Briones, de 46 anos, assumiu no lugar de Felipe Larraín, que foi duramente questionado por recomendar “aos românticos” que comprassem flores, ao anunciar, em setembro, que o Chile não havia registrado inflação. Segundo Larraín, até o valor das flores havia caído.
Outro nome novo é o da prefeita da região metropolitana Santiago, a médica Karla Rubilar, de 42 anos, que teve uma elogiada participação nos recentes protestos, assumiu como porta-voz do Executivo. Ela substitui Cecilia Pérez, que passou para a pasta dos Esportes. Ontem, Rubilar criticou a violência dos manifestantes. “Este não é o Chile que marchou na sexta-feira. Este é o Chile que quer destruir a cidade”, disse ela, fazendo uma comparação com as marchas pacíficas da semana passada.
Ontem, Piñera tentou dar um ar de recomeçou ao novo gabinete. “O Chile não é o mesmo que tínhamos há duas semanas. O Chile mudou, e o governo também tem de mudar e enfrentar estes novos desafios e estes novos tempos”, repetiu o presidente na cerimônia de posse de novos ministros.
Aparentemente, as mudanças não foram suficientes para conter a revolta. “Não basta uma mudança de gabinete, necessitamos de mudanças de verdade na saúde, na educação e nas aposentadorias”, disse Omar Soto, de 34 anos, dono de uma pequena loja de celulares da capital.