quinta-feira, 28 de março, 2024
29.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Moradores criticam prefeito de São Paulo

- Publicidade -

São Paulo (AE) – Raquel saiu de casa na manhã de ontem, com os tênis molhados pela água suja do Jardim Romano, zona leste de São Paulo, para comprar pão. Numa esquina das ruas de lama, encontrou o prefeito Gilberto Kassab (DEM), acompanhado de uma comitiva, e fez um desabafo, aos gritos, com a voz que chegava a falhar: “O senhor não põe o pé na lama? Eu quero que o senhor ponha o pé na lama. A gente perdeu tudo, minha casa encheu de água com sete crianças dentro. Saí tampando os canos, levantando tudo. O senhor tem de ver o que está acontecendo aqui Se quiser uma bota para entrar na lama, eu empresto!”

Não foi preciso. Kassab saiu de fininho. Chamou a babá Raquel Cristina da Silva Santos, de 31 anos, para conversar perto do carro e foi embora. “Ele veio me amansando, disse que eu estava alterada e fugiu naquele carrão preto”, contou a babá. O prefeito ficou menos de dez minutos no terreno do condomínio residencial financiado pela Caixa Econômica Federal, às margens do Rio Tietê, e que nesta semana foi invadido pelas águas, como as casas do Jardim Romano.

Outros moradores também aproveitaram a visita oficial para protestar. Em silêncio, Kassab deixou o bairro sendo hostilizado por quem já está há mais de um mês tendo de viver numa área alagada.

Raquel mora num dos apartamentos térreos do condomínio Terras Paulistas, inaugurado em 2007. Ontem (7), depois de uma hora de chuva, teve, pela primeira vez, de levantar os móveis e correr para o andar de cima com os dois filhos e as outras cinco crianças que cuida, pela sua profissão. Bloqueou canos e ralos com toalhas e sacolas plásticas para evitar a entrada da água. Raquel paga R$ 300 por mês de prestação e R$ 125 de condomínio.

Kassab disse ter entrado em contato com a Caixa Econômica Federal para isentar da mensalidade os moradores que tiveram os apartamentos alagados. O banco estatal confirmou o pedido, mas disse que a medida será analisada pela diretoria da instituição.

Em nota, a Caixa voltou a informar que a construção dos empreendimentos foi autorizada pelo Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo (Graprohab), vinculado à Secretara de Estado de Habitação. “Também foram observadas as informações sobre a cota de inundação, fornecida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Os dados não indicaram a inviabilidade no local”, diz o comunicado.

As famílias também podem ser isentadas do pagamento de água e luz. “Nossa prioridade em relação às áreas ocupadas na várzea do Tietê é a transferência das famílias. O alagamento de ontem mostrou que estamos no caminho certo”, afirmou Kassab.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas