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Moradores mais antigos relutam em deixar o bairro

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A voz dos ambulantes que anunciam em coro as ofertas do dia, as buzinas dos variados meios de transportes que trafegam na região, o cheiro do pastel recém-preparado no Camelódromo, os passos apressados dos milhares de transeuntes que disputam um espaço com os ambulantes nas estreitas calçadas da avenida Presidente Bandeira, além das cores que floreiam a variedade de de produtos. A sintonia, nem sempre harmônica, de cores, cheiros, sons dão vida a um dos bairros mais populares da capital potiguar.

Um dos marcos da ocupação das terras que originaram o bairro Alecrim foi a inauguração do Cemitério Público, em 1856, pelo Presidente da Província, Antônio Bernardo de Passos. À época, raríssimas pessoas habitavam o descampado constituído por roçados e algumas casinhas de taipa. Atualmente, o bairro do Alecrim, que em sua origem, era um bairro residencial, destaca-se como o principal centro comercial popular da cidade. 
Filhos para que Marlete Rodrigues pedem  que ela deixe o Alecrim
O   comércio   popular   que   se   desenvolveu   no   Alecrim   não   teve   nenhuma   espécie   de  planejamento.  Hoje  em  dia,  a  população  que  reside,  trabalha  e  frequenta  o  bairro  sofre  com  os  graves  problemas  estruturais .

Algumas famílias resistem ao ritmo do crescimento econômico dos centros urbanos e, por opção, permanecem morando em meio a comércios e ao trânsito caótico.

#SAIBAMAIS#Uma das moradoras que “relutam” em sair do bairro é a dona de casa Marlete Rodrigues da Silva, que nasceu em uma casa próxima ao cemitério do Alecrim e há 25 anos mora no segundo andar de um prédio na Avenida Presidente Quaresma, abaixo funciona uma mercearia.

Apesar da cobrança dos filhos para que Marlete se mude, a dona de casa resiste.  Segundo a moradora, o lado positivo de  viver no bairro é a facilidade de acesso a serviços e produtos. “Aqui eu encontro de tudo. Ao final do dia costumo dar uma volta nas lojas para comprar alguma coisa que está faltando em casa. Quando preciso de médico, vou a pé. Quando quero pagar uma conta, é bem pertinho. Além de gostar muito daqui. Quando viajo, não preciso nem entrar na minha residência. Se coloco os pés do Alecrim já sei que estou em casa”, comentou  Marlete.

Durante dois dias na semana, a paixão de Marlete pelo Alecrim enfrenta obstáculos: sábado e domingo. Dia da feira e posterior. Segundo a dona de casa, barulho e o cheiro forte são os piores pontos. “Em baixo da janela da minha cozinha, é montada uma barraca cheia de animais. O cheiro fica insuportável, além disso eu sofro com o barulho e gritaria. Me acostumei com algumas coisas, outras não”, conta Marlete.

Com uma máquina de costura, a  aposentada Angélica Borges da Silva, 86 anos, criou os filhos. Há 45 anos, Angélica, que é natural de Caraúbas, vive no Alecrim. Da Vila São Francisco, a moradora viu o bairro passar por diversas mudanças, a mais acentuada, segundo a aposentada, foi de perfil: residências deram lugar a milhares de pontos comerciais.

Há 6 anos, a Vila São Francisco, localizada na Avenida Presidente Bandeira foi transformada em um estacionamento. Angélica bateu o pé: mudaria de residência, mas não de bairro. Foi morar na Vila Luz, na mesma avenida. “Nunca pensei em me mudar daqui, apesar do custo de vida ter ficado muito alto, esse é o lugar que eu escolhi morar, que eu conheço. Apesar dos altos e baixos, tudo que eu tenho devo ao meu Alecrim”, disse Angélica.

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