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Moradores recuperam os estragos causados pelo temporal

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INVERNO - Várias ruas de Natal ficaram alagadas, como a Ayrton Senna

Um dia depois das chuvas mais fortes do fim de semana, registradas na tarde e noite do domingo, vários pontos da capital ainda apresentavam sinais dos estragos causados pelo temporal.  Na Ribeira, esquina da rua Chile com a Travessa Venezuela, um sobrado da primeira metade do século XX, desabou parcialmente.

O prédio de dois andares, onde funcionou durante várias décadas a Tipografia Galhardo (térreo) e a Boate Arpege (no primeiro andar), estava há vários anos sem manutenção. Na madrugada de ontem, parte do primeiro andar desabou, deixando sob estado de alerta os trabalhadores do Depósito Potiguar, que fica ao lado. “Agora não podemos mais trabalhar aqui, está muito arriscado”, disse Fernando Ferreira, funcionário do depósito.

Em Capim Macio, onde várias ruas ficaram alagadas, o dano maior foi na agência de publicidade New Comunicação. Ontem pela manhã, funcionários e os donos limpavam e somavam os prejuízos que tiveram com o alagamento da rua João Machado, depois que a lagoa de captação da região transbordou.

“Imagino que o meu prejuízo será de R$100 mil,  sem contabilizar os danos de infra-estrutura, com  o muro que desabou”, disse Pedro Paulo Bezerra. Segundo os proprietários da agência, a lagoa transbordou porque a bomba não funcionou. Vários documentos de trabalhos já iniciados pelos profissionais da agência foram perdidos com enchente. Segundo Pedro Paulo, a equipe vai levar, no mínimo, dez dias para refazer todo o material danificado pela água que invadiu o imóvel após o muro do jardim ceder ao peso da lama e da correnteza que tomou conta da rua. 

Ainda na Zona Sul da capital, a lagoa de captação e distribuição de outros reservatórios localizados na área de Neópolis, Jiqui e Pirangi apresentou problemas nas bombas. O cruzamento das Avenidas Ayrton Senna e  Alagoas, em frente a Delegacia de Plantão Zona Sul, foi tomado pelas águas. No local, só conseguia transitar veículos maiores, como ônibus e caminhões.

“Está assim desde domingo à tarde e ainda estava pior à noite”, disse Adriele Ferreira, proprietária  da Turbo Equipadora, na Galeria Jiqui. Um professor de Educação Física que normalmente passa pelo local para dar aulas numa escola Municipal Arnaldo Monteiro teve que mudar o trajeto, pois as calçadas também estavam cobertas pela água no cruzamento. “Moro em Capim Macio e a chuva de ontem ocasionou muitos transtornos”, disse André Luís.

Vários outros pontos da cidade registraram problemas e incidentes menores devido às chuvas, alguns deles relacionados também aos ventos fortes que acompanharam o temporal nos momentos de maior intensidade. Uma placa com informações sobre obras do governo foi destruída, às margens da avenida engenheiro Roberto Freire, e vários semáforos deixaram de funcionar, causando transtornos extras aos motoristas.

Corpo de Bombeiros registrou 142 chamados no domingo

O domingo não foi nada fácil para o Corpo de Bombeiros. O plantão das 9h da manhã às 9h da segunda-feira teve quase sete vezes mais ocorrências que o plantão anterior. No dia do “dilúvio” foram feitos 142 chamados aos bombeiros militares, enquanto que até às 9h do sábado, o número de pedidos de socorro foi de apenas 21.

Os números mostram claramente a situação em que ficou a cidade enquanto as chuvas caíam.    Os chamados eram os mais variados e o efetivo da corporação se desdobrava para poder atender a todos. Um contingente extra de homens foi enviado às ruas da cidade, mas mesmo assim, foi necessário priorizar algumas ocorrências mais graves, em detrimento de outras que podiam esperar  um pouco mais.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, coronel Christian Bezerril, os soldados que trabalham normalmente como guarda-vidas nas praias, foram deslocados para que atendessem a uma parte dos chamados. “Não havia necessidade de manter aqueles  homens nas praias, e com isso eles ajudaram as outras equipes que já estavam de serviço”.

Dos 142 chamados feitos ao CB, 98 estavam ligados diretamente às chuvas. Desde pessoas que foram arrastadas pelas águas até um deslizamento de terra, em uma encosta em Mãe Luíza. O número mais expressivo foi o de alagamentos: 75 em toda a cidade. “As lagoas de captação transbordaram e inundaram muitas ruas da capital”, explicou o comandante do CB.

Segundo o cel. Christian, houve ocorrências nos quatro cantos da cidade, mas alguns locais precisaram de mais atenção. Além de Mãe Luíza, onde a própria topografia se transforma em risco natural, a comunidade do Passo da Pátria, o conjunto Cidade Satélite e os bairros de Capim Macio, Ribeira e Lagoa Nova foram alguns dos mais prejudicados. 

Nem mesmo o Centro Administrativo do Estado escapou dos prejuízos causados pela chuva forte. Em alguns dos prédios, como o da Secretaria de Planejamento, houve acomodação do terreno, e algumas rachaduras foram constatadas. 

Mãe Luiza

Um dos maiores motivos de preocupação por parte da prefeitura e do Corpo de Bombeiros é o bairro de Mãe Luíza. Construídas sobre um morro de areia dunar, muitas casas tem a sustentação fragilizada com as chuvas. O Corpo de Bombeiros registrou pelo menos um deslizamento de terra no último domingo, felizmente desta vez, sem vítimas.

Mas além do risco de desabamentos, os moradores sofrem com outros problemas, como bueiros que cedem e alagamentos. Na avenida João XXIII, uma das principais do bairro, a água forma uma lagoa com mais de cinqüenta centímetros de profundidade. Muitos moradores construíram batentes na frente de casa, mas nem sempre a medida dá resultado. 
O padre de Mãe Luíza, Bianor Francisco de Lima Junior, comentou os prejuízos causados pelas chuvas, e a aflição sentida pelos moradores do bairro. “Foi muita água. Em uma parte das ruas nem os ônibus conseguiam trafegar”, disse o religioso. Ele lembrou o perfil geográfico do local, que faz com que a aflição de muitos moradores seja maior.  “Muitas casas são construídas em terrenos inclinados. Isso causa um susto muito grande para os moradores. Muitas casas ficam em ponto de risco”, disse.

Entrevista

Damião Pita – Secretário Municipal de Obras e Viação

Secretário, quais são as providências tomadas pela Prefeitura Municipal após as fortes chuvas do último domingo?
Veja bem, são algumas situações diferentes. Nós temos aqueles locais em que a drenagem é antiga e hoje já não funciona adequadamente.  Falo de locais como Petrópolis, Nova Descoberta e Morro Branco. Nestes locais, estamos fazendo uma nova limpeza nas galerias,  embora tenhamos que substituir todo o sistema, que não atende mais, já que foi implantado há 50 anos. Temos feito também a manutenção das bombas,  o que já fazemos rotineiramente. Mas temos também os locais em que os sistemas são mais recentes, como aqui na avenida Jaguarari, no Planalto e nos Guarapes, onde tudo funcionou muito bem e nem chegou a encher.  Em Felipe Camarão tivemos problema só em uma rua, ali perto da estrada antiga de Macaíba. Foi um dia de serviços equipamentos em atividade. Em outras áreas difíceis, por exemplo a África, na Redinha, estamos implantando a drenagem, mas o serviço será concluído no final do ano. Tivemos muito problema lá, mas estamos firmemente trabalhando para que no próximo ano  não se repita. Da mesma forma em Capim Macio. Apesar da obra, a população continua sofrendo, mas até o  Final de dezembro sanaremos essa situação e para isso estamos investindo R$ 43 milhões. A maior é realmente na zona Norte, em Nossa Senhora da Apresentação, porque envolve várias comunidades com mais de 100 mil habitantes.

Existe registro de desabrigados?
Nós tivemos alguns problemas sérios, como o que ocorreu no Passo da Pátria, mas as pessoas que foram prejudicadas estão em casas de familiares, ou amigos, lá mesmo na comunidade. Não há ninguém no acompanhamento da prefeitura.

E o que teria motivado aquele desabamento no Passo da Pátria, em uma obra recém-iniciada? Teria havido erro de planejamento ou na escolha do material utilizado?
O que ocorreu lá foi vandalismo. Nós há poucos dias fomos observar que o aterro que cobre aquela tubulação estava cedendo em alguns pontos. E a gente constatou que os anéis usados de rejunte, entre as partes da tubulação, estavam faltando Nós entramos de canoa, já que a tubulação tem três metros de diâmetro, e constatamos com testemunhas da própria comunidade, que retiraram essas peças para a venda, e terminou causando aquele grande problema para a prefeitura e para eles mesmos. Infelizmente, foi gente da própria comunidade.

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