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Morales muda imagem da Bolívia

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Por Carlos  Valdez, Associated Press

LA PAZ, BOLÍVIA (AE) – A Bolívia era famosa por um desonroso histórico de sucessivos golpes de Estado, mas a imagem do empobrecido país sul-americano começou a mudar nos últimos anos, depois que seus eleitores escolheram um indígena pela primeira vez em 180 anos de história de uma nação na qual os nativos eram tratados como cidadãos de segunda classe.

No domingo, os bolivianos irão às urnas para as eleições gerais e 18 consultas sobre autonomia departamental, regional e indígena. Também escolherão um presidente, um vice-presidente, uma nova Assembleia Legislativa e, em 18 regiões, votarão por uma administração autônoma. Serão mobilizados 37 mil policiais para garantir a segurança pública no dia das eleições. Por lei, o transporte público e os voos não operarão nesse dia.

Diversas pesquisas asseguraram a vitória folgada de Morales, com entre 52% e 55% das preferências. Manfred Reyes Villa aparece com 20% nas sondagens, e Samuel Doria Medina, com 10%.

O presidente inclusive já convocou a primeira reunião do novo governo para 12 de dezembro. Morales assumiu em janeiro de 2006 e, caso vença, assumirá um mandato de cinco anos a partir de 22 de janeiro de 2010.

Na noite de quinta-feira, Morales encerrou sua campanha seguro de obter um novo mandato nas eleições de domingo. Morales falou a milhares de partidários em El Alto, uma das cidades mais pobres do país, cenário de violentos protestos em 2003, que culminaram que a queda do governo da época. “Graça à consciência do povo boliviano vamos ganhar…me disseram que temos o maior apoio, mas é preciso continuar, temos que chegar a mais”, discursou ele.

Seu principal rival, o direitista Manfred Reyes Villa, encerrou sua campanha na cidade de Santa Cruz, reduto da oposição no leste boliviano. O terceiro colocado, o empresário Samuel Doria Medina, de centro, também optou por Santa Cruz para seu último discurso na corrida eleitoral.

Os indígenas compõem a maioria da população boliviana e começaram a conquistar espaço na vida pública do país muito antes da chegada de Evo Morales ao poder, em janeiro de 2006.

A tomada do poder político foi apenas o princípio. O principal desafio de Morales seria proporcionar bem-estar social e mudar a realidade de um dos países mais pobres e desiguais do mundo.

Com Morales, Bolívia aumenta suas reservas

A ONU assessora organizações sociais bolivianas dedicadas a melhorar a gestão pública. É justamente neste terreno que Morales joga seu futuro político e os resultados   de quase quatro anos variam de acordo com o ponto de vista do observador.

Morales governou durante o momento de melhor conjuntura em décadas para a Bolívia, com bons preços de matérias-primas (gás natural, minerais e soja) que representam 70% das exportações do país.

As reservas cambiais bolivianas passaram de US$ 1,5 bilhão para US$ 8,5 bilhões. O país distanciou-se das receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI), manteve em baixa a inflação (7% em média) e obteve índices de crescimento econômico de 4,6% a 6,5%.

Com a nacionalização dos hidrocarbonetos, em 2006, as receitas quadruplicaram e houve redistribuição da renda obtida com petróleo às parcelas mais pobres da população.

“Há esforços importantes e positivos e a tendência é a melhora dos principais indicadores sociais (saúde e educação)”, observa Yasikawa. “Mas há um relativo estancamento da luta contra a pobreza.”

Seis em cada dez bolivianos vivem na pobreza. A Fundação Milênio, crítica às políticas governamentais, assegura que, nos últimos anos, mais 160.000 bolivianos passaram para a linha da pobreza.

“Morales não desenvolveu uma política coerente contra a pobreza. A criação de bônus (subsídios aos pobres) estimula o consumo, mas não cria empregos, e este é o único mecanismo sustentável de combate à pobreza”, diz Napoleón Pacheco, diretor da Fundação Milênio.

“A cada ano morrem quase 14.000 crianças antes de completarem um ano de vida. Uma em cada quatro crianças não termina o primário. Mas não se trata de um problema deste governo. É um legado de décadas de descaso”, argumenta Yasikawa.

Morales costuma dizer que não é possível resolver em quatro anos o problemas provocados por duas décadas e meia de governos neoliberais.

Seu governo herdou uma taxa de desemprego de 8%. As autoridades locais asseguram que ela caiu para 6,8%, mas o Centro de Estudo para o Desenvolvimento Laboral e Agrário (Cedla) afirma que o desemprego estaria rondando a casa dos 10%.

Noel Aguirre, o ministro do Planejamento, afirma que os bônus pagos pelo governo (a estudantes, idosos e gestantes) alcança 60% da população, somados às políticas de acesso aos serviços públicos básicos diminuíram em cinco pontos porcentuais o índice de pobreza no país desde 2005, quando 62% dos bolivianos encontravam-se nessa condição.

“Há um novo Estado, uma nova economia e uma nova sociedade”, acredita o vice-presidente boliviano, Alvaro García.

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