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Morre o jornalista potiguar membro da ABL, Murilo Melo Filho

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Morreu na manhã desta quarta-feira (27), no Rio de Janeiro, o jornalista, advogado e escritor potiguar Murilo Melo Filho. Murilo tinha 91 anos e faz parte do quadro de imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a Cadeira nº 20 desde 1999. 
Murilo Melo Filho é reconhecido como um dos maiores jornalistas potiguares e membro da Academia Brasileira de Letras
#SAIBAMAIS#Murilo foi  vítima de falência múltipla de órgãos, de acordo com a ABL. Ele ainda se recuperava de um acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2017, quando chegou a ser internado em um hospital da capital fluminense, onde morava. O imortal, deixa esposa e três filhos.
O presidente da ABL, Marco Lucchesi, destacou que Murilo foi fundamental para o jornalismo brasileiro durante a segunda metade do século XX e que era membro importante e ativo da Academia.
“Murilo Melo Filho foi um dos grandes jornalistas brasileiros da segunda metade do século XX. Acompanhou de perto a política nacional, a construção de Brasília e a guerra do Vietnã. Conheceu inúmeros chefes de Estado, a quem dedicou páginas antológicas, dos mais variados espectros políticos.  Foi também um acadêmico exemplar, assíduo, com a disposição de emprestar seu talento aos mais diversos cargos e serviços na Academia. Guardo a imagem de um homem bom, de uma alta sensibilidade humana, voltada sobretudo para os mais vulneráveis e desprovidos. Um momento de tristeza.” disse Marco Lucchessi.
O sepultamento será fechado no mausoléu da ABL e diante da recomendação de se evitar reuniões e aglomerações por conta do novo coronavírus, não haverá velório.
 
Vida e carreira
Murilo não escondia de ninguém que a eleição para a ABL era sua grande conquista. “Acho que na medida do possível não posso deixar de reconhecer que consegui aquilo que objetivava na vida que é ser membro da academia. Cheguei onde queria, realmente” declarou em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em 2011.
Nascido em Natal, Murilo começou a carreira jornalística muito jovem, aos 12 anos, escrevendo comentários esportivos para o Diário de Natal. Ainda no Rio Grande do Norte trabalhou em A Ordem, A República e Rádio Educadora de Natal. Dentre seus célebres colegas estiveram Djalma Maranhão, Otto Guerra e Luís da Câmara Cascudo.
Aos 18 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na PUC e na Universidade do Rio de Janeiro, pela qual se formou em Direito e chegou a advogar durante sete anos. Lá trabalhou no Correio da Noite, como repórter de polícia; na Tribuna da Imprensa, com Carlos Lacerda; no Jornal do Commercio, com Assis Chateaubriand; no Estado de S. Paulo, com Prudente de Moraes Neto; e na Manchete, com Adolpho Bloch. 
Na revista Manchete foi diretor e escreveu uma seção denominada “Posto de Escuta” durante 40 anos. Na TV Rio, dirigiu e apresentou o programa político Congresso em Revista, que ficou no ar por sete anos. Por conta da profissão, acompanhou de perto a fundação de Brasília e morou na cidade de 1960 a 1965. Lá ficou ainda mais próximo do cenário político e chegou a dar aulas de Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB), a convite de Darcy Ribeiro.
Como jornalista, acompanhou os presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Ernesto Geisel e José Sarney em missões internacionais. Nessas missões, teve contato com nomes como Margareth Thatcher, ex-premiê britânica, os ex-presidentes estadunidenses Eisenhower, Kennedy, Nixon e Reagan, além de Che Guevara, Raul e Fidel Castro, em Cuba.
Juntamente com o fotógrafo Gervásio Baptista, cobriu a Guerra do Vietnã, em 1967. Também foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a Guerra do Camboja, com o fotógrafo Antônio Rudge, em 1973.
Além da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras, ocupa a cadeira nº 19 da Academia Norte-rio-grandense de Letras e a cadeira nº 8 da Academia Carioca de Letras. 
Murilo acumulou prêmios ao longo da carreira como as Medalhas de Tamandaré e de Santos Dumont (Grande Oficial); das Ordens dos Méritos Militar, Naval, Aeronáutico (Oficial); Judiciário (Grã-Cruz); Cívico e Cultural (Comendador); Jornalístico; de Miguel de Cervantes, de Câmara Cascudo e da Ordem do Rio Branco (Cavaleiro), concedida pelo Itamaraty.
Seu livro mais conhecido é ‘O desafio brasileiro’, com prefácio do ex-Ministro Reis Velloso, que ganhou o Prêmio Alfred Jurzykowski, da Academia Brasileira de Letras, como o Melhor Ensaio do Ano, na década de 1970. Também escreveu ‘Testemunho Político’, ‘O Progresso Brasileiro’ e ‘O modelo brasileiro’, dentre outros grandes títulos.
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