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Morre o mago da cozinha regional, Tadeu Lubambo

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O chef de cozinha Tadeu Lubambo faleceu na segunda-feira pela manhã, aos 73 anos, no Recife, em decorrência de uma parada cardíaca ocasionada pelo agravamento do diabetes.  Apesar de pernambucano, Lubambo pôs o Rio Grande do Norte no mapa da gastronomia nacional graças à repercussão do Camamo, restaurante premiado que comandou durante muitos anos em Tibau do Sul. Em 2018, já aposentado da cozinha, ele veio a Natal para receber a comenda ‘Le Magnifique Chef’, do Natal Fest Gourmet. Lubambo deixa três filhas, duas vivem em Portugal. De acordo com o sobrinho  Tiago Lubambo, o  sepultamento está previsto para quarta-feira, em Recife.

Tadeu Lubambo em diferentes épocas dos festivais gastronômicos, eventos nos quais o chef ajudou a difundir a cozinha regional


Tadeu Lubambo em diferentes épocas dos festivais gastronômicos,
eventos nos quais o chef ajudou a difundir a cozinha regional

Antes de se dedicar à gastronomia, Tadeu foi repórter fotográfico durante mais de 20 anos, passando por várias partes do Brasil, na revista Manchete por exemplo, época em que chegou a conviver com os índios do Xingu, sendo o primeiro a captar imagens de uma tribo Yanomami, até trocar a máquina fotográfica pelas panelas.

Durante 16 anos ele comandou o Beijupirá, um restaurante com 140 lugares em Porto de Galinhas. Ali, ele se ressentia de ser mais um empresário do que um cozinheiro. Algo que mudou radicalmente após ele se apaixonar pelo litoral potiguar e se mudar para Tibau do Sul, em 2002.

O Camamo era o total oposto do Beijupirá: pequeno, intimista, e Lubambo só cozinhava o que queria. Atendia poucas pessoas por noite, sob uma concorrida reserva prévia. Tadeu controlava as luzes da pequena casa para manter o clima romântico. O menu era confiança, feito ao gosto do chef. Tadeu praticava uma cozinha que definia como contemporânea e criativa, autoral e com ênfase nos ingredientes regionais.

“Você não verá nada parecido com o que eu faço”, dizia. Ele próprio recebia os clientes, auxiliado pela esposa na cozinha. Adorava contar suas aventuras pelo Brasil e pelo mundo como fotógrafo. Em 2011 o Camamo entrou no radar dos bons de garfo  ao ser indicado no Guia Brasil 2011, o badalado mapa de referências gastronômicas e turísticas do Guia Quatro Rodas. O restaurante foi classificado como o melhor do Nordeste. O Camamo ficou badalado, mas manteve a pegada que seu criador queria. “Meu lucro maior é proporcionar a sensação de que o cliente teve uma noite memorável”, declarou à TRIBUNA DO NORTE na ocasião.

Mestre em valorizar ingredientes simples regionais para criar uma cozinha  sofisticada, Lubambo inspirou muitos chefs no RN quando foi curador dos festivais gastronômicos e culturais, comandando a cozinha show de Natal a Martins.

Foi um mentor para a chef e pesquisadora  Gabriela Sales: “Tadeu era um sábio e ensinava sem pretensão de ensinar. Possuia uma enorme sensibilidade para interpretar ingredientes regionais e inusitados, o que tornou a sua culinária única. Era sobretudo muito autêntico e bem humorado, exemplo disso era a caipifruta de pitomba que ele costumava servir no Camamo aos seus comensais, acompanhada da pergunta: ‘Você já tomou suco de pitomba?’ Depois gargalhava longamente”, lembra ela.

Gabriela lembra ainda a relevância do cozinheiro que foi capaz de extrair da natureza ao redor o melhor, muitas vezes no próprio quintal. “Era um mago, eternizando os momentos gastronômicos a partir do que ele chamava de ‘profusão de ideias e sensações’. Era simples na arte, o que só os grandes conseguem ser”.

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