Londres – Nenhum policial foi culpado pela morte do brasileiro Jean Charles de Menezes. A decisão do Ministério Público foi divulgada ontem, a poucos dias do primeiro aniversário da morte do eletricista numa estação do metrô de Londres, no dia 22. Apenas a Polícia Metropolitana (Scotland Yard) foi indiciada pela operação desastrosa, na qual o brasileiro recebeu sete tiros na cabeça depois de ser confundido com um terrorista.
Segundo os promotores, “os dois oficiais que atiraram só o fizeram porque pensaram que Jean Charles havia sido identificado como um homem-bomba e, caso não atirassem, ele explodiria o trem, matando muitas pessoas”. O relatório também diz que “enquanto vários indivíduos cometeram erros de planejamento e comunicação, nenhum deles poderia ser considerado culpado o suficiente para um indiciamento criminal”.
A conclusão dos promotores foi de que a polícia deve ser apontada como responsável pela morte. Eles tomaram como base uma lei sobre Saúde e Segurança no Trabalho, que diz que os empregadores devem zelar pelo bem-estar de seus empregados e das pessoas envolvidas de alguma maneira naquele ambiente. O polêmico chefe da Scotland Yard e principal alvo da opinião pública no caso, Ian Blair, também não foi responsabilizado. A decisão foi recebida com insatisfação pela família e com surpresa pelo Itamaraty. “O governo brasileiro não esperava esta decisão. Estamos tentando entender como se deu o indiciamento, o que deverá gerar uma série de perguntas ao governo britânico”, disse o embaixador Manoel Gomes Pereira, que veio especialmente a Londres para a divulgação do relatório.