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Mortes por arma de fogo sobem 416%

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Aura Mazda
Repórter

O número de crianças e adolescentes (0 a 19 anos) mortas por arma de fogo cresceu 416% no Rio Grande do Norte, nas últimas duas décadas. Os dados são de um levantamento elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o objetivo de ajudar a entender esse problema que atinge proporções endêmicas e com implicações nos indicadores de saúde pública. A quantidade de óbitos no estado saltou de  66, em 1997, para 341, em 2016.

Quantidade de óbitos na faixa etária de zero a 19 anos no Rio Grande do Norte saltou de  66, em 1997, para 341, em 2016


Quantidade de óbitos na faixa etária de zero a 19 anos no Rio Grande do Norte saltou de 66, em 1997, para 341, em 2016

#SAIBAMAIS#O estado ocupa a 8ª posição quando se compara o aumento de mortes de crianças e adolescentes por arma de fogo no Brasil, na frente de estados como Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Esses dois últimos registraram queda de 20% e 44%, respectivamente, nas décadas observadas.

As principais causas das mortes, no Brasil, os homicídios (135.978), vêm seguidos de causa indeterminada (5.411), suicídio (2.293) e morte acidental (1.747). A principal causa de internação nas unidades de saúde entre crianças e adolescentes também está o homicídio (64.092), seguido de causa indeterminada (4.579), acidental (25.292) e suicídio (1.786). 

No Brasil, a cada 60 minutos uma criança ou adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo. Nas últimas duas décadas, mais de 145 mil jovens, com idade entre zero e 19 anos, faleceram em consequência de disparos, acidentais ou intencionais, como em casos de homicídio ou suicídio.

Segundo o levantamento da entidade, que considerou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2016 (ano mais recente disponível), foram registrados 9.517 óbitos. O número é praticamente o dobro do identificado há 20 anos (4.846 casos, em 1997), representando em números absolutos o pico dessa série histórica.

De acordo com os últimos dados oficiais disponibilizados, 45% do volume total de óbitos em 2016 ficou concentrado em estados da região Nordeste. Outros 26% dos casos ficaram no Sudeste e o restante foram divididos entre o Centro-Oeste (8%), Norte e Sul (ambos com 10%).

Dentre os estados, a situação mais preocupante atinge a Bahia, que desde 2009 lidera o ranking nacional, com o maior número proporcional de óbitos de crianças e adolescentes por arma de fogo. Em 2016, 14% das mortes registradas no País com esta causa ocorreram naquela unidade da federação.

No mesmo ano, São Paulo, que entre 1997 e 2004 esteve em primeiro lugar nas estatísticas, registrou 6% dos casos. Já o estado do Rio de Janeiro, frequentemente citado na imprensa brasileira pelos conflitos armados e que liderou o ranking entre os anos de 2005 e 2008, contabilizou 9% das mortes entre os mais jovens por conta de disparos com armas de fogo.

Para a presidente da SBP,  Luciana Rodrigues Silva, é imprescindível que as autoridades assegurem a paz e a integridade dos jovens e daqueles que cuidam de seu bem-estar. “O País precisa de medidas efetivas para aumentar a segurança das nossas crianças e adolescentes, e também dos profissionais que os acompanham nas escolas, nas unidades de saúde, nos centros desportivos e outras instalações do tipo”, defendeu.

Despesas
Paralelamente à quantidade de internações, a SBP contabilizou ainda as despesas diretas do Sistema Único de Saúde (SUS) com os pacientes atendidos em virtude do contato com armas de fogo. Nos últimos 20 anos, as internações de crianças e adolescente provocadas pelos disparos custaram mais de R$ 210 milhões aos cofres públicos.

“Os custos diretos decorrentes desses atendimentos estão atingindo níveis recordes. Obviamente, que foi um investimento para salvar vidas, o que é justificável. Porém, se esses casos tivessem sido evitados, esses recursos poderiam ter tido outro destino no SUS. O pior, no entanto, não é a conta, mas as sequelas físicas e emocionais – muitas vezes irreversíveis – que cada um destes episódios de agressão deixa na vida das crianças e dos adolescentes envolvidos, bem como em suas famílias e na comunidade”, ressaltou a presidente da SBP.
Óbitos de Crianças e Adolescentes por Arma de Fogo (0 a 19 anos) – Brasil
1º – São Paulo    21.864

2º Rio de Janeiro    19.220

3º Bahia    13.813

4º Pernambuco    12.747

5º Minas Gerais    11.124

6º Paraná    8.111

7º Ceará    7.520

8º Rio Grande do Sul    5.898

9º Pará    5.853

10º Espirito Santo    5.466

11º Alagoas    5.198

12º  Goiás    4.996

13º Paraíba    3.144

14º Distrito Federal    2.863

15º Rio Grande do Norte    2.740

16º Maranhão    2.483

17º Mato Grosso     2.075

18º Amazonas    1.841

19º Sergipe    1.723

20º Santa Catarina    1.627

21 Mato Grosso do Sul    1.498

22º Rondônia    1.013

23º Piaui    874

4º Tocantins    503

25º Amapá    481

26º Acre    329

27º Roraima    157

Crescimento de óbitos de Crianças e Adolescentes por Arma de Fogo entre 1997 e 2006
Maranhão    1120%

Sergipe    761%

Pará    661%

Piauí    657%

Ceará    582%

Tocantins    518%

Alagoas    460%

Rio Grande do Norte    416%

Amapá    356%

Goiás    355%

Paraíba    320%

Minas Gerais    315%

Bahia    314%

Acre    200%

Santa Catarina    180%

Amazonas    162%

Paraná    129%

Rio Grande do Sul    89%

Rondônia    76%

Espirito Santo    43%

Pernambuco    16%

Roraima    11%

Distrito Federal    1%

Rio de Janeiro    -20%

Mato Grosso do Sul    -44%

Mato Grosso    -44%

São Paulo     -46%

Internações de Crianças e Adolescentes (0 a 19 anos) por Armas de Fogo – Brasil

Norte
Rondônia    747

Acre    629

Amazonas    1.068

Roraima    236

Pará    4.261

 Amapá    421

Tocantins    386

Nordeste
Maranhão    861

Piauí    1.516

Ceará    6.650

Rio Grande do Norte    2.345

Paraíba    2.182

Pernambuco    1.256

Alagoas    2.594

Sergipe    772

Bahia    11.543

Sudeste
Minas Gerais    10.016

Espírito Santo    3.271

 Rio de Janeiro    7.450

São Paulo    18.868

Sul
Paraná    3.257

Santa Catarina    1.330

Rio Grande do Sul    5.190

Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul    706

Mato Grosso    1.348

Goiás    2.545

Distrito Federal    4.301

Total:    95.749

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