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Mosaico

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Lívio Oliveira
Advogado Público e Escritor – [email protected]

AGUARDO O VOO.
Não sei se estou adiantado ou atrasado para realizar aquilo a que me propus. Os dias não me explicam nada e eu fico aqui ruminando, diante de uma cervejinha long neck belga e de uns petiscos com sabor de tempo. Não vou me apressar mais. Não vou me importar com o que já desperdicei. A vida não é um jogo de Banco Imobiliário. A vida é um não-sei-o-quê. Nem ligo mais. Não (me) ligue, também! Não vale a pena!

MAIS SISTEMÁTICO, talvez excessivamente organizado com as pequenas coisas. Talvez seja a idade que cresce rapidamente, talvez só um mero transtorno. A busca da organização externa é, em mim, muito sintomática de uma necessidade de reorganização interna. No Grande Sertão, Riobaldo chega a falar para o seu interlocutor silencioso, que só pontua nos  raramentes: “O senhor me organiza.” De repente, a longa fala e a longa travessia de Riobaldo, em meio às veredas e caminhos espinhosos e cheios de perigos e alumbramentos, seja uma experiência psicanalítica. Ou, somente a vida, somente a vida, somente a vida.

A SOLIDÃO
é um bom suporte para (re)organizar uma existência. A gente pinta melhor numa tela em branco.

O QUE MAIS ME COMOVEU
no novo Almodóvar foi a forma como ele tratou da infância de um menino sonhador, sensível e talentoso. Independentemente daquilo em que um menino se transforma na idade adulta, são sempre assemelhados – pelo menos se aproximam em alguns pontos – os medos, as primeiras e ingênuas paixões, os riscos, o amor pela mãe, o olhar intenso e inquieto para o horizonte, as dores reais ou imaginárias (muitas vezes, lancinantes), o orgulho em não se deixar vencer. Na fase de adulto, o menino fica meio que perdido, dentro de um labirinto que criou para se tornar homem. Chega a ser desesperadora essa busca por um reencontro entre o homem e o menino que convivem no mesmo íntimo, mas separados e distantes. Quem os reúne novamente? Será que é sempre a mãe? Será que é sempre uma (outra) mulher? Qual e onde o fio de Ariadne?

FOLHEIO o exemplar n° 1 de “Natal do Século XX”, com a alegria imensa de tê-lo recebido das mãos de Fred Sizenando Rossiter Pinheiro, que o escreveu juntamente com o irmão Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro. O livraço, que repetirá e ampliará o sucesso do anterior, “Dos Bondes ao Hippie Drive In”, de 2009, traz uma alegria nostálgica (isso é contraditório?!), também a tristeza de termos perdido tantas oportunidades históricas, tantas possibilidades de beleza e harmonia nesta terra ensolarada que é a Capital potiguar.

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