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Motoboys: mais competitividade nas ruas

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Luiz Henrique Gomes
Repórter

Os companheiros de trabalho de Evandro Rocha, de 39 anos, contam para ele o que preferiria não saber: o que há no baú da moto entre tantas viagens dadas todos os dias, durante o trabalho como motoboy? “O pessoal fala que já carregou até parte de corpo para fazer biópsia. Já eu não sei se peguei alguma coisa estranha, prefiro não saber disso aí”, diz. Evandro atua há cinco anos em uma cooperativa de motofretistas – nome oficial para os motoboys – e conta que a quantidade de clientes os levam a carregar de tudo: as partes para biópsias são dos hospitais, mas também há o pacote de sal do cliente que prefere não sair de casa, o celular esquecido de quem está longe e não pode voltar.
Em Natal desde 1990, os motoboys ganharam popularidade a partir de 2008, com o serviço delivery
Em Natal desde 1990, os motoboys ganharam popularidade a partir de 2008, com o serviço delivery

#SAIBAMAIS#Comum principalmente nas grandes capitais, os motoboys fazem um trabalho que facilita a vida de todos os segmentos sociais, diz José Wellington, presidente da cooperativa que Evandro atua. Eles existem em Natal desde a década de 90, mas a popularidade começou a partir de 2008. Os dados da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) registram 402 motofretes na cidade. A cooperativa presidida por Wellington começou em 2001 com 19 motos, hoje tem 75. “As empresas começaram a ter o serviço delivery a partir de 2008, aí o negócio cresceu”, relembra Wellington.

Atuante na área desde 2001, José Wellington também afirma que a partir do ano passado os motoboys se espalharam na cidade, mas de maneira irregular. “O trabalho informal cresceu e hoje a gente vê muitos motoboys na rua, mas sem a regulação da STTU, sem estarem trabalhando de carteira assinada, mas a gente vê esse crescimento, só não sabe dizer de quanto é”, afirma. A regulação é feita pela STTU e exige uma série de regras, como a documentação em dia, uso de equipamentos de proteção e curso de capacitação. Os motoqueiros regulados podem ser reconhecidos na rua pelo uso da placa vermelha no veículo.

Evandro Rocha começou a fazer motofrete quando perdeu o emprego de lojista em 2013. Um vizinho seu que é motoboy fez o convite e aceitou. “Nunca mais parei e não quero mais voltar a ser lojista porque eu tenho mais liberdade, não tenho um chefe no pé”, explica. Outra vantagem é o salário maior no fim do mês. “Tem as dificuldades também: o cooperado não tem carteira assinada, roda a noite, na chuva, em buracos, é arriscado, mas eu gosto”, acrescentou o motofretista.

A maior parte dos motoboys trabalham como autônomo, semelhante a Evandro. O dinheiro recebido nas viagens, tabeladas para a Grande Natal e quilometradas para outros locais, são a renda deles, divididas entre salário e as manutenções da cooperativa e da motocicleta. A maior parte do serviço é em Natal e Parnamirim, mas as viagens para o interior são frequentes, principalmente durante o verão. “Muita gente fica em casa de praia, aí para não voltar em Natal liga para a gente e a gente vai levar um objeto que esqueceu ou alguma outra coisa. E tem os casos que a gente entrega até para fora do Estado. Eu já viajei para João Pessoa para fazer entrega”, conta Evandro.

Mas há um tempo Evandro tem estado com viagens menos ‘inesperadas’ porque passou a ser motoboy fixo em uma loja de computação da cidade. Essa é uma outra vertente para a atividade ser sustentável: os contratos entre as empresas e as cooperativas. “A gente trabalha para todo mundo, para pessoa física, para empresa, hospital. Sei que o produto cabendo no baú moto, vai ser entregue”, conclui José Wellington.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN), o Estado tem uma frota de 438.390 motocicletas, das quais 94.913 (21,65%) estão circulando em Natal. 

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