Porto Alegre (AE) – O motorista Vitório Fagundes Rodrigues, de 57 anos, está na curiosa situação de ter de provar que não morreu, pelo menos para os serviços de identificação do Rio Grande do Sul e para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele passou esta semana peregrinando por repartições públicas portando seu próprio atestado de óbito e encaminhando pedidos para obter o reconhecimento legal de que está vivo.
A série de contratempos que levou Rodrigues ao constrangimento atual começou com o furto de seus documentos no final do ano passado. No dia 12 de janeiro, o homem que portava sua identificação morreu atropelado na avenida Assis Brasil, em Porto Alegre. Apesar de estarem diante do corpo de uma pessoa negra e de documentos de uma pessoa branca, os funcionários do Hospital Cristo Redentor e do Departamento Médico Legal não desconfiaram de que poderia haver algum erro e identificaram o cadáver como sendo de Rodrigues.
A polícia telefonou para a casa do motorista e informou à família que a certidão de óbito estava disponível para sepultamento. Atordoados com a notícia e pensando que o atropelamento havia ocorrido naquele mesmo dia, os familiares ligaram para o trabalho e, surpresos e aliviados, descobriram que o motorista estava lá. Na seqüência, Rodrigues foi ao cartório, retirou sua própria certidão de óbito e desvendou toda a história.