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Motoristas mantêm greve de ônibus até decisão da Justiça

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PACIÊNCIA - A pior situação foi observada nas paradas da Zona Norte

Everton Dantas e Luciano Oseas – Repórteres

Caberá à Justiça definir por quanto tempo a greve dos motoristas de ônibus se mantém. Ontem em reunião na Procuradoria Regional do Trabalho, os rodoviários e os empresários não chegaram ao entendimento sobre a greve e nem sobre o salário, o quinqüênio, o reajuste do vale-refeição e  a questão do trabalho em folgas e dobras. Agora, caberá à Justiça do Trabalho julgar quem tem razão. A expectativa é que até sexta-feira próxima já haja uma decisão sobre o caso.

Um dos pontos principais da reunião de ontem foi a questão de suspender a greve esta semana. O Sindicato dos Trabalhadores e Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro-RN) alegou que aceitaria suspender o movimento desde que os empresários aceitassem manter o quinquênio. O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn), recusou a proposta alegando que os empresários não têm mais condições de arcar com o beneficio. Sem a concessão, os motoristas rejeitaram parar.

O presidente do Sintro-RN, Antônio Júnior “Rodoviário” da Silva, disse que se os empresários tivessem aceitado negociar o quinquênio, a greve seria interrompida. “Eu suspenderia hoje desde que dessem o quinquênio”, disse. E acrescentou: “Não vou suspender uma greve sem ter nada de positivo para o trabalhador”. O advogado do Seturn, Eduardo Serrano da Rocha explicou que o quinquênio não pode mais ser concedido porque compromete a saúde financeira das empresas. “O qüinqüênio tira a capacidade das empresas de sobreviverem. É uma dificuldade muito grande do ponto de vista  financeiro. Não há mais condições de conceder, infelizmente”.

Além do quinquênio também foi rejeitada ontem a proposta de aumentar a frota de emergência. Júnior Rodoviário observou que o movimento grevista tem mantido em circulação os 30% do total da frota em circulação, como pede a Lei. Ao final da reunião, coube ao procurador Rosivaldo da Cunha Oliveira preparar o dissídio que será encaminhado à Justiça para o julgamento das questões.

Com relação ao salário, principal discordância entre empresários e empregados, o Seturn manteve-se oferecendo 3,31% e o Sintro pedindo 16,4%. O sindicato das empresas alega que esse percentual tem como referencial o Índice Nacional de preços ao Consumidor (INPC). Segundo o advogado da entidade, foi esse índice que norteou o aumento concedido em 2005. Hoje, devido ao jogo do Brasil, a expectativa é que a greve de ônibus se torne mais incômoda. A negociação entre empregados e patrões começou no final de março.

No final da tarde ontem, na sede do Sintro, uma nova assembléia ratificou a negociação conduzida por Júnior Rodoviário. Hoje haverá nova reunião no sindicato. Também no final da tarde de ontem, não se viu nas paradas tanto movimento quanto esperado. Por volta das 18h, apesar de só estar operando 30% da frota, as paradas não refletiam a greve.

Passageiros se estressam nas paradas de ônibus

Média de espera de 01h30, paradas lotadas da Zona Norte à Zona Sul, trânsito engarrafado no horário de pico e muito estresse,  esse foi o cenário da manhã de segunda-feira. Com apenas 30% da frota de ônibus da cidade circulando, em virtude da greve dos rodoviários, natalenses iniciam a semana enfrentando uma verdadeira odisséia para chegar ao trabalho.

O usuário do sistema de transporte coletivo da Capital acordou cedo para garantir a condução até o local de compromisso: trabalho, escola, consulta médica, etc. Desde às 5h30 era possível encontrar aglomerados em frente à rodoviária da Cidade da Esperança, na BR-101, nas avenidas Airton Senna,  Bernardo Vieira, Tomaz Lamdim, João Medeiros Filho, ou seja, em todas as partes da cidade.

Nem a frota de 176 vans (transporte opcional) distribuídas em 24 linhas foi capaz de amenizar o caos instituído pela diminuição do número de ônibus que atende às 82 linhas espalhadas pela cidade. Pelo contrário, o que se viu foi o excesso de imprudência, pois a maioria dos alternativos que circularam na manhã de ontem extrapolou a lotação máxima permitida para cada carro. O meio de transporte auxiliar terminou se transformando em uma forma arriscada para se chegar ao destino com pessoas espremidas no corredor, penduradas na porta e até sentadas junto ao pára-brisa, impedindo a visão periférica do condutor.

Nas paradas de ônibus podia-se constatar o verdadeiro prejudicado do impasse envolvendo rodoviários e empresários: o passageiro. Apreensivos, estressados e preocupados com o horário de chegada no emprego como a operadora de telemarketing Aline Rodrigues que havia chegado às 6h, na parada situada na saída do complexo viário da Zona Norte, e às 8h ainda não tinha conseguido pegar qualquer tipo de transporte. “Numa situação como essa, a gente é quem paga. Em um dia normal, não tenho problema para pegar um ônibus, pois trabalho no shopping MidWay Mall e quase todos os ônibus passam por lá. Mas hoje (ontem) a situação está difícil”, disse Aline Rodrigues.

No bairro Nordeste, antes de chegar ao viaduto da Urbana, em meio a várias pessoas que tentavam entrar no ônibus da linha 08 que já estava lotado, uma mãe com a filha no braço pedia aos gritos que o motorista não saísse e, enquanto se espremia na porta explicava que não poderia perder a condução, pois precisava pegar o ônibus para levar a filha ao hospital para uma consulta. Ainda na mesma parada, por volta das 8h15, o auxiliar de serviços gerais Francisco Germano esperava desde às 6h por um ônibus que fizesse a linha Campus. “Trabalho para uma empresa que presta serviço para a UFRN e já deveria estar trabalhando, espero que compreendam. Mas desde cedo, os ônibus estão vindo lotados do outro lado do rio. A passagem aumentou, os empresários já garantiram o deles, mas não querem repassar o que é de direito dos motoristas e cobradores e nessa história quem sempre acaba sendo prejudicado é o trabalhador. Mas os políticos e empresários fazem o que querem”, reclamou Francisco Germano.

Segundo dados estatísticos da STTU, 530 mil passageiros por dia são transportados pelo sistema de transporte coletivo da capital composto por 646 ônibus e 176 vans.

Motoristas querem 16,40% de reajuste

A greve dos rodoviários na Capital é resultado do impasse nas negociações da categoria com os empresários que vem se arrastando desde o início de abril.

Entre os principais pontos da reivindicação estão o reajuste salarial de 16,40% e o pagamento do quinquênio, ou seja, o acréscimo de 5% ao salário do trabalhador que completar cinco anos de empresa. 

Segundo Júnior Rodoviário, presidente do Sintro, em todas as negociações, os empresários só querem oferecer 3,5% de reajuste e a exclusão dos 5% referentes ao quinquênio. “Isso é algo que não podemos e não devemos aceitar, pois o valor da passagem foi reajustado em 11%. Duas vezes o valor da inflação do período, se tomarmos por base os 5,5% do IPCA, taxa que serve para medir a inflação”, disse.

Greve não atinge os intermunicipais

Com relação ao prejuízo causado à população, Júnior Rodoviário lembrou que, ao contrário de outros movimentos, o usuário foi respeitado, já que a paralisação foi informada com antecedência e a liberação de 30% da frota foi respeitada, conforme manda a lei de Greve.

A greve não atinge o transporte intermunicipal, pois as empresas desse segmento aceitaram todos os termos reivindicados pela categoria.

Na manhã de ontem, mais de 300 motoristas e cobradores compareceram à sede do Sintro para participar da assembléia geral da categoria que decidiu pela manutenção da greve por tempo indeterminado.

Trens operam em regime emergencial

Os trens que funcionam como transporte urbano auxiliar também estão operando no regime emergencial de 30%. A greve dos ferroviários iniciada no dia 12 deste mês, já entrou pela terceira semana. Desde a entrada da frota de emergência, no dia 19, o fluxo de passageiros transportados por dia caiu de 10 mil para 2 mil.

Na manhã de ontem, por volta das 6h30, no terminal de Soledade II, o trem que fazia a viagem Ceará-Mirim/Natal, por problemas no motor de tração 4, ficou parado por mais de 20 minutos frustrando centenas de passageiros que começaram a sair dos vagões e se dirigir ao terminal de ônibus para garantir a chegada ao trabalho. Após instruções do centro de operações e manutenção da CBTU, o maquinista seguiu viagem para o terminal, em Natal.

A frota emergencial está obedecendo os seguintes horários: 7h itinerário Parnamirim/Natal; 18h30 Natal/Parnamirim; 5h30 Ceará-Mirim/Natal; 6h45 Natal/Ceará-Mirim; 8h Ceará-Mirim/Natal; e 18h35 Natal/Ceará-Mirim.

As negociações entre os ferroviários e a CBTU acontecem no plano nacional.

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