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Movimento busca futuro à altura das conquistas

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O futuro das manifestações  populares que tomaram as ruas de Natal nas últimas semanas será definido está semana durante plenária (ainda sem data e horário marcados) entre os coordenadores do movimento. Eles vão analisar as conquistas das movimentações até agora, os danos das ações isoladas de vandalismo e se novos protestos serão convocados.
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#SAIBAMAIS#“Faremos uma reunião de avaliação na próxima (esta) semana para debatermos quais resultados práticos conquistamos e depois vamos deliberar em plenária quais serão os próximos atos do movimento”, argumenta o militante Dayson Moura.
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Na lista das conquistas, a mais importante é – sem dúvidas – a anunciada redução da tarifa de ônibus na capital para R$ 2,20 a partir de hoje.
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A suspenção do aumento do preço da tarifa e a melhoria da estrutura de transporte público em Natal foram as principais reivindicações dos jovens desde o início das mobilizações em Natal, que se espalhou pelo Brasil com um leque maior de reclamações.

Muitos ainda são os questionamentos a respeito do futuro dos protestos em Natal e no Brasil. Mas um dado já é unânime entre os especialistas e analistas sociais: esses protestos, sem dúvida alguma, já entraram para a história político/social do País. Principalmente pela quantidade de participantes – no último protesto (dia 20), mais de um milhão de pessoas participaram diretamente das manifestações em 388 cidades do Brasil.

E como foi possível mobilizar tantos, em tão pouco tempo? O poder das redes sociais é a respostas mais frequente para esse questionamento.

Análise

Para o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Luiz Antonio Joia, que estuda e-participação (ação política pela rede social) e cidadão mediado por tecnologias, o fenômeno dos protestos brasileiros é algo inédito no país graças à internet e às redes sociais. “Esse movimento é a cara da web. Ele é anárquico, sem dono e impessoal, que se autorregula e suporta qualquer coisa. É a transposição da World Wide Web [o sistema da internet] para o mundo real. É surpreendente e imprevisível”, ponderou ele.
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O professor defende que a rede mudou a concepção de tempo e de espaço das pessoas e as relações sociais, tornando-se um ator no processo de reivindicações. “Você passa a saber tudo o que acontece em tempo real, o que faz com que as pessoas se engajem numa velocidade absurda. A tecnologia não gera o fenômeno, ela o amplifica”, comentou.

Ele lembra do movimento Diretas Já, que demorou cerca de um mês para ser organizado, enquanto o movimento atual, com o que chama de “boca a boca digital”, levou dias para ser orquestrado.

A internet permitiu que vários fatores, como o aumento de preço do ônibus, os gastos do país com a Copa das Confederações, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37 (que retira poderes de investigação do Ministério Público) e o Projeto da “Cura Gay”, contribuíssem para a união de grupos insatisfeitos com questões diferentes e que hoje saem as ruas. “Os R$ 0,20 foram apenas o que disparou o gatilho, tudo isso mediado pela tecnologia da informação e da comunicação”, explicou.

Característica

Se, por um lado, a característica anárquica dos movimentos é surpreendente, a falta de liderança e de pauta do movimento criam uma questão complexa, Luiz Antonio Joia, da FGV. “Você pode ter na mesma passeata duas pessoas lutando por coisas totalmente opostas. Diferentemente da Primavera Árabe e de movimentos na Europa, no Brasil não há uma pauta”, lembrou.

De acordo com o pesquisador, esse cenário pode apresentar risco para o movimento. “O perigo da falta de foco é que oportunistas e partidos políticos podem apropriar-se desse movimento. É importante que as pessoas digam o que querem e, sobretudo, como querem, como implantar esse projeto”.

Como acadêmico, Joia se diz entusiasmado com os recentes acontecimentos. “Não dá para prever o que vai acontecer, pode não dar em nada, mas deixará uma semente. São sinais que devemos acompanhar e depois tirar lições que sirvam para nossos alunos e para a sociedade”.

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