sábado, 20 de abril, 2024
28.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Movimento verde e amarelo

- Publicidade -

Sílvia Ribeiro Dantas – repórter

A pouco menos de um mês do início da Copa do Mundo da África do Sul, muitos potiguares já pensam no mundial de futebol que será realizado em 2014, no Brasil. Enquanto o poder público está preocupado com a construção de equipamentos que garantirão Natal como subsede, bares e restaurantes pensam em estratégias para treinar funcionários, escolas de idiomas planejam aumentar o número de unidades e fabricantes de bonés esperam dobrar a produção até o mundial em solo brasileiro. Mas os resultados obtidos por quem investiu na Copa deste ano, bem como o planejamento que será feito para o torneio seguinte, dependerão do resultado obtido pela seleção canarinho na África do Sul. Se a Seleção Brasileira chegar às finais, há quem estime que o incremento da economia potiguar poderá ser de 30%, em comparação com o período da Copa da Alemanha, em 2006.

Jailma diz que busca por produtos do Brasil aumentará em junhoDe acordo com o consultor empresarial Semio Timeni, a Copa de 2014 já está movimentando a economia de Natal e o torneio começou para os potiguares, uma vez que a capital do estado sediará alguns jogos. Esse movimento afeta não apenas os entes públicos, pela necessidade de erguer obras como a Arena das Dunas, mas também os empresários, pois a expectativa de receber uma enorme quantidade de turistas está levando a uma formatação de produtos e serviços, com o intuito de torná-los vendáveis daqui a quatro anos.

O consultor enfatiza que o Brasil virará vitrine da Copa do Mundo a partir do final do mundial deste ano e Natal, como uma das subsedes, terá enorme visibilidade. O potencial de mercado foi visto pela rede de escolas de idiomas CNA, que pretende abrir 91 unidades na região Nordeste até 2014, sendo sete delas no RN. Com as novas escolas, o faturamento da empresa deverá crescer 25%. “Com a Copa de 2014, o mercado de idiomas está passando por uma fase fantástica”, avalia o diretor da rede CNA, Leonardo Cirino.

A entidade representante do segmento de bares e restaurantes também já começou a desenvolver ações visando a Copa de 2014. Há pouco mais de 15 dias, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) lançou o programa Copa na Mesa, que começa a treinar 1.500 bares e restaurantes no país para o mundial do Brasil, nas áreas de gestão, atendimento e produção. Além disso, os estabelecimentos serão transformados em pontos de apoio de informação turística, com terminais de informações e garçons que terão curso básico de guia e de inglês “Só no RN, 120 estabelecimentos entram no programa, fazendo com que em torno de mil pessoas sejam atingidas”, contabiliza o presidente da Abrasel no RN, Max Fonseca.

Cautela

Mas nem tudo é festa e Semio Timeni alerta que o RN corre o risco de sofrer um apagão de mão de obra para o mundial de 2014, devido ao hábito do brasileiro de deixar tudo para a última da hora. O consultor aconselha que o empresário potiguar comece a dar treinamento ao seu quadro de funcionários o mais rápido possível. “Ninguém forma um vendedor bilíngue em um mês”, exemplifica.

Saindo do âmbito dos serviços e passando à atividade industrial, quem também demonstra cautela ao falar sobre o mundial de 2014 é o presidente da Associação dos Fabricantes de Bonés do Seridó do RN (Asfab).  Jaedson Dantas diz que a produção das 70 fábricas associadas para o mundial deste ano está muito fraca e teme que o mesmo se repita na Copa seguinte. “Está sendo confeccionado um volume correspondente a cerca de 40% do que produzimos para 2006”, avalia.

Dantas diz que a realidade em 2014 dependerá do resultado do Brasil na África e caso o país seja campeão, a produção deverá aumentar em 100%. “Temos que torcer”, conclui.

Comércio espera aquecimento

A Copa do Mundo é o evento esportivo mais aguardado e valorizado pelos brasileiros, com casas e cidades se enfeitando a cada quatro anos para torcer pelo Brasil, em uma manifestação que vai além do patriotismo e deixa claro como o futebol é um esporte arraigado na cultura popular. Entretanto, faltando praticamente um mês para o próximo mundial, nos shoppings e lojas das regiões tradicionais de comércio de Natal, ainda é pequena a venda de produtos e tímida a ornamentação de vitrines com temas ligados à Copa.

Com o movimento de clientes em busca de acessórios em verde e amarelo começando a aumentar, a gerente de uma loja de bijuteria e artigos para presentes no centro da cidade, Jailma Queiroz, diz que em toda Copa o volume de  vendas cresce consideravelmente. Ela acredita que este ano haverá um incremento superior a 30% nas vendas do estabelecimento, em comparação com a Copa de 2006, e de 60%, em relação a junho e julho de 2009. “Daqui a pouco, 80% das pessoas que entrarem na loja serão em busca de produtos para torcer pelo Brasil”, afirma Jailma.

Menos otimista, o diretor de uma grande loja de aviamento e produtos sazonais localizada do Alecrim, Severino Vasconcelos, considera que o movimento de clientes em busca de produtos ligados à Copa está muito fraco, em comparação com o mês que antecedeu os mundiais passados. “Mas acho que a partir deste final de semana, a procura deve aumentar e esperamos vender em torno de 20% a mais do que na Copa de 2006”, prevê.

Vasconcelos chama a atenção para um fenômeno conhecido como “junicopa”, que é a comercialização de produtos juninos nas cores do Brasil. De acordo com ele, nos anos em que o torneio é realizado, 80% dos balões tipicamente juninos são  confeccionados em verde e amarelo, ao contrário dos outros anos, quando todos os balões são multicoloridos. “Os tecidos xadrez e bandeirinhas também são nas cores brasileiras ou com a bandeira do país estampada”, comenta.

Questionado se a empresa está promovendo algum tipo de planejamento já considerando a Copa de 2014, Vasconcelos disse não ser possível fazer uma espécie de laboratório para a próxima Copa, porque os produtos mudam bastante de um mundial para o outro, uma vez que é comum utilizar a cultura do país que recebe o torneio como referência para a confecção de colares e cornetas, por exemplo.

Copa gera otimismo em bares, shoppings e supermercados

Pela cultura de reunir os amigos para assistir a jogos de futebol, os torcedores lotam bares e realizam festas e churrascos para assistir a seleção em campo durante a Copa do Mundo, o que movimenta setores ligados à alimentação e aumenta a venda de eletrônicos, como televisores.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no RN, Max Fonseca, praticamente todos os bares e restaurantes de Natal deverão contar com decoração e promoções voltadas aos jogos da Copa. Entretanto, ele não informou a expectativa de aumento do fluxo de clientes ou de vendas.

Nos shoppings, a rotina de trabalho será quebrada durante os dias de jogo do Brasil, com as lojas fechando cerca de uma hora antes e voltando a abrir uma hora após o as partidas. Um dos centros comerciais que terá ações voltadas a aumentar o fluxo de clientes e fazer com que boa parte deles utilize os serviços de bares e restaurantes do estabelecimento será o Praia Shopping. No centro comercial, todos os jogos do mundial da África do Sul serão transmitidos através de telões e televisores, distribuídos em diferentes espaços. “Antes e depois dos jogos do Brasil, haverá música ao vivo, com temas ligados ao futebol”, detalha a gerente de marketing do shopping, Danielle Leal.

As grandes redes de supermercados reforçaram seus estoques nos departamentos de eletrodomésticos e itens alimentícios mais consumidos no período, como água mineral, cerveja, refrigerante e salgadinho.

O Carrefour está disponibilizando os mais variados itens, fazendo alusão ao campeonato mundial de futebol e, principalmente, ao Brasil. Além disso, a rede elevou a quantidade de televisores, principalmente dos modelos de LCD e Plasma. A expectativa é incrementar as vendas em mais de 30%, comparando com o período normal de consumo.

O Walmart – presente no RN com lojas Bompreço, Hiper e Sam’s Club – espera um crescimento de 40% nas vendas. O diretor comercial do Bompreço, Jeferson Silva, conta que este ano, o fator tecnológico também impulsionará as vendas de televisores. “Cerca de 90% dos produtos negociados devem ser TVs de LCD e de plasma”, afirma. Em relação aos itens alimentícios, a Copa também deverá dar um bom impulso, com o crescimento de 30% nas vendas de bebidas, 20% nas de salgadinhos e 12% para carnes de churrasco,  em relação ao mesmo período do ano passado.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas