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MP cobra detalhes da promoção de Natal em Lisboa

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Mais de 365 dias depois de ter decolado de Natal com destino a Lisboa, o chamado “voo Colombo”, que levou uma comitiva dos setores público e privado para divulgar a capital no mercado português, continua levantando questionamentos por parte do Ministério Público. O órgão investiga o convênio de R$ 500 mil que possibilitou a ação promocional – firmado entre a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH RN) e a prefeitura de Natal – após terem sido levantadas suspeitas de uso indevido de recursos públicos. A expectativa é que na próxima segunda-feira, 16, o ex-secretário de Turismo da cidade, Francisco Soares Júnior, preste depoimento à Promotoria do Patrimônio Público. Na terça-feira passada, o presidente da ABIH, Enrico Fermi, teve de se apresentar ao órgão.

Enrico Fermi foi ouvido novamente esta semana por promotorO Voo Colombo é, na verdade, como ficou conhecida a Semana de Natal em Lisboa, um conjunto de ações promocionais realizado, na capital portuguesa, entre os dias 25 e 30 de junho de 2009. Ao todo, 40 pessoas, entre empresários, políticos e personalidades do estado, participaram da comitiva. Suspeitas de que as despesas dos integrantes tenham sido bancadas com dinheiro da prefeitura geraram críticas e uma série de questionamentos. O depoimento prestado pelo presidente da ABIH está inserido nesse contexto.

Durante depoimento, ele teve de explicar, por exemplo, o que motivou a Associação a sugerir o evento e os critérios usados para a escolha de artistas e de outros integrantes da comitiva. “O Ministério Público está cumprindo a função constitucional dele, que é investigar se o dinheiro público foi bem usado e se foram cumpridos os objetivos do convênio. A Semana de Natal em Lisboa foi realizada dentro dos parâmetros legais”, diz, acrescentando que a ação promocional foi necessária para reforçar a presença de Natal junto ao segundo maior mercado do mundo, o europeu e português desponta, forte emissor de turistas para o Rio Grande do Norte.

Números da ABIH apontam que dos passageiros que desembarcam no Aeroporto Augusto Severo, em voos da companhia aérea TAP, 30% são portugueses.  Nos últimos cinco anos, no entanto, o país não vinha sendo alvo de ações de divulgação do destino. “Precisávamos dessa iniciativa para não perder voos”, diz Fermi.

A Semana de Natal em Lisboa consumiu aproximadamente R$ 300 mil. O restante dos recursos previstos no convênio firmado com a prefeitura foi usado, em parte, para divulgar a capital potiguar em destinos como Rússia e São Paulo. “Falta aplicar o saldo, de R$ 26 mil. O dinheiro vai ser usado em ações neste segundo semestre. Estão previstos um roadshow no interior de São Paulo e workshops com agentes de viagem para estimular o turismo regional, nas cidades de Recife e João Pessoa”, detalha.

O promotor do patrimônio Público, Afonso de Ligório, preferiu não conceder entrevista sobre o assunto, mas segundo a assessoria de imprensa do MP, Fermi não será o último a depor.

Ex-secretário de Turismo será convocado novamente

O ex-secretário de Turismo de Natal, Francisco Soares Junior, também deverá prestar esclarecimentos ao Ministério Público sobre a realização da Semana de Natal em Lisboa. A notificação para que compareça ao órgão foi expedida no último dia 9, mas não havia sido recebida por ele até a tarde de ontem. “Não recebi nenhuma convocação”, garante. Soares opina que a polêmica em torno do evento foi gerada por uma ação política de oposição, “querendo mostrar que a prefeitura estava desperdiçando dinheiro público”. Mesmo com tanto estardalhaço, ele diz que o evento até hoje rende bons resultados ao município.

No campo econômico, a Semana de Natal em Lisboa teria evitado a redução dos voos semanais vindos de Portugal para Natal, de quatro para três. “E um voo regular semanal significa a injeção de R$ 20 milhões na economia da cidade”, observa, considerado a soma dos gastos médios diários do turista europeu. A redução no número de voos teria sido decidida pela TAP, companhia aérea responsável pelo transporte dos passageiros. A companhia teria, no entanto, recuado, depois do evento, e garantido mais um voo em período de alta estação. O ex-secretário garante que o conjunto de ações desenvolvidas a partir do convênio com a  iniciativa privada aumentou em 10% ou em 200 mil o fluxo de turistas desembarcando em Natal em 2009, na comparação com 2008.

“Investiu-se R$ 300 mil, no caso de Lisboa, mas os resultados foram muito positivos para a cidade. As despesas que foram assumidas pela prefeitura, em parceria com entidades, também foram insignificantes em relação ao que a prefeitura de Lisboa investiu”, diz, ainda, negando que as passagens da comitiva tenham sido pagas com recursos públicos.

A prefeitura, de acordo com ele, só custeou as passagens de servidores do gabinete e da secretaria de Turismo.

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