Pedro Andrade
repórter
O Ministério Público do Trabalho espera a chegada do relatório a ser elaborado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) sobre o acidente que matou ontem o operário Josias Soares da Silva, de 52 anos, em uma obra de desobstrução de galeria pluvial e recapeamento asfáltico na rua dos Potiguares. Em situação anormal, dois casos de óbito foram registrados na capital em 24 horas, além de uma pessoa gravemente ferida por acidentes na construção civil. 
O acidente de ontem, envolvendo Josias, ocorreu em serviço da empresa Kizo Construções e Serviços Ltda, contratada pela Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi). Segundo a procuradora regional do trabalho, Ileana Neiva Mousinho, o relatório da SRTE deve ser elaborado até hoje e, em seguida, entregue ao MPT.
#SAIBAMAIS#Após verificar as responsabilidades da empresa sobre o ocorrido, será proposto Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) indicando quais pontos sobre segurança precisam ser revistos. Sobre a morte do operário da construção civil, Orlando Guedes dos Santos, de 57 anos, no dia anterior, em obra da Diagonal Rossi, na avenida Alexandrino de Alencar, Ileana Neiva afirma que a análise já foi feita e que o caso está no ministério. Um terceiro acidente envolveu a empresa Moura Dubeux, no Tirol, quando um andaime caiu, ontem, e atingiu um pedestre. Ele está hospitalizado em estado grave.
Todos os casos terão avaliadas as responsabilidades das empresas e será aplicado o TAC, exigindo o cumprimento das normas de segurança. A procuradora lembra que, no caso da Moura Dubeux, como já existia um TAC, também será analisado quais pontos foram descumpridos e aplicada multa. Em nota, a empresa diz prestar o apoio necessário à família, que a obra seguia dentro da normalidade e que analisará as causas do acidente, bem como tomar as devidas providências.
ACIDENTE
O serviço de ontem na galeria ocorria entre as avenidas Miguel Castro e Lima e Silva, no bairro Nossa Senhora de Nazaré. Por volta das 11h, um suporte que apoiava a tubulação da rede de abastecimento da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) caiu, o cano rompeu e soterrou o trabalhador. Devido ao vazamento, ele morreu afogado. Os outros homens que trabalhavam com Josias tentaram salvá-lo prendendo-o a uma corda, mas quando puxada pela escavadeira não retirou a vítima e rasgou.
Foram acionados Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas quando chegaram no local, às 12h, ele já estava morto. Após diversas tentativas de resgate, constatou-se que o operário estava soterrado até a altura do peito e sua cabeça estava 60 centímetros abaixo do nível da água. Ele foi retirado às 15h, depois de a Caern bloquear o fornecimento de água da região e encher três caminhões-pipa retirando a água do buraco onde estava Josias. O corpo foi levado pelo Itep para exame de necrópsia.
