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Muita teoria, pouca prática

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Yuno Silva
repórter

Projetos, propostas, planos, intenção, meta. Essas são as palavras preferidas da atual gestão da Fundação José Augusto, que se esforça para marcar presença na mídia divulgando realizações pontuais e a profusão de iniciativas que permanecem, ainda, no plano das ideias. O fato é que a propaganda oficial do Governo Rosalba Ciarlini, no que diz respeito aos avanços e realizações no segmento cultural, está bem aquém do que realmente é divulgado na televisão: a Secretaria de Cultura ainda não foi criada; o Fundo de Incentivo também não se materializou; o Seis e Meia está esquecido; a biblioteca Câmara Cascudo continua em frangalhos; a Cidade da Criança fechada; editais e prêmios continuam pendentes desde 2009; e cachês permanecem em aberto.

Fechada desde 2009, Cidade da Criança continua em obra e não há data para reaberturaEm um diagnóstico rápido sobre a situação, identifica-se débitos com os grupos que participaram, em outubro do ano passado, do “Festival Agosto pra Teatro”, o prêmio Cornélio Campina de Cultura Popular, que selecionou 25 grupos de cultural popular em atividade no RN; os editais Chico Villa e Lula Menezes de teatro de palco e de rua respectivamente; William Cobbet de cinema; e Moacy Cirne de quadrinhos. O prêmio Núbia Lafayette de música, que previa o lançamento de 40 CDs, só cumpriu 25% da meta e o restante dos trabalhos estão gravados e guardados em alguma gaveta da FJA.

Enquanto a bola de neve dos débitos cresce, propostas como a restauração do Casarão dos Guarapes, em Macaíba, e a realização do projeto Arte Potiguar no Mundo, que promove encontros com potiguares radicados em outros estados e países, recebe atenção pouco justificada pela urgência de outras prioridades.

Aos quatro ventos, ainda se houve que a Fundação quer transformar Natal na ‘capital mundial do folclore’ no próximo mês de agosto. “Se não houver uma ação concreta imediata de valorização dos mestres da cultura popular, veremos a extinção dessas tradições. Moramos em uma cidade turística e não há nenhum roteiro de turismo cultural, sem falar que os grupos sequer são lembrados nos eventos promovidos pelo governo”, verifica Lenilton Lima, fotógrafo e pesquisador do Ponto de Cultura Boi Vivo. A TRIBUNA DO NORTE levantou alguns pontos que merecem reflexão:

7 milhões de reais – valor total estimado dos débitos da Fundação José Augusto.

1,5 milhão de reais – pendências com artistas, como pagamentos de cachês, prêmios e editais.

300 processos estão sendo analisados pela comissão que está levantando as pendências da FJA.

5,6 milhões de reais – débitos que deverão ser negociados pelo governo com fornecedores.

Entrevista/Isaura Rosado

Durante a campanha eleitoral em 2010, a governadora Rosalba Ciarlini disse que iria destinar 1% do ICMS para o Fundo de Incentivo à Cultura, algo em torno de R$ 30 milhões/ano. Em que pé anda essa proposta?

O projeto já está no Gabinete Civil da governadoria e aguarda crivo da consultoria jurídica. Após análise do texto é que definiremFundação José Augusto divulga ações que sequer saíram do papel: Secretaria de Cultura ainda não foi criada, edital do seis e meia não saiu e dívidas se acumulamos data para envio à Assembleia Legislativa. Aí começa o trabalho político. Quando o Governo sinalizar, vamos ouvir artistas e Conselho de Cultura para receber sugestões.

E as Casas de Cultura do interior do RN, quantas estão funcionando?

Ainda não tivemos condições de fazer um levantamento em todo o Estado, mas adianto que algumas estão em péssimo estado de conservação, precisando de recuperação. Aos poucos estamos reabrindo e formatando agenda de trabalho.

Quanto ao projeto Arte Potiguar no Mundo: é importante ouvir experiências exitosas de potiguares que se destacaram fora do Estado, mas não seria mais prudente investir recursos para resolver pendências mais pontuais, prioridades mais urgentes, como os pagamentos atrasados por exemplo?

Acho interessante ouvirmos estas trajetórias de sucesso, inclusive esses ‘modelos’ podem influenciar jovens. Há benefícios diretos e indiretos a contabilizar. Lembro que cada gestor tem seu olhar.

No início deste ano a FJA anunciou a criação da Escola Potiguar das Artes, mas até agora não vimos nada de concreto. Qual a previsão de começar a funcionar?

Veja bem, o projeto da criação do Centro Educacional Norte-Riograndese de Arte (CENA) está concluído e deverá ser encaminhado ao Conselho Estadual de Educação ainda neste mês de maio. Vale salientar que estamos falando de transformar os cursos que já existem na FJA em escolas técnicas formais, reconhecidas pelo Ministério da Educação, com currículo definido, ementas e carga horária. Nossa intenção era iniciar as atividades ainda no segundo semestre de 2011, mas não sei se vamos poder. Para o próximo ano, com certeza, já estaremos em sintonia fina.

Na prática, onde mais a FJA tem atuado?

Estamos trabalhando nos teatros de Mossoró e caicó. Em Natal na melhoria das instalações do Instituto Waldemar de Almeida, do Museu Café Filho e da Fortaleza dos reis Magos.

Pendências

»Secretaria de Cultura

Apesar de já fazer parte da propaganda oficial do Governo do Estado na TV, a Secretaria Estadual de Cultura ainda não saiu do papel.  O projeto para criação do órgão foi encaminhado na última segunda-feira (16) para o Gabinete Civil da Governadoria, que irá avaliar a proposta e sugerir possíveis ajustes. Em seguida, o projeto segue para votação na Assembleia Legislativa. A estimativa da FJA é que o trâmite leve cerca de 90 dias para ser concluído.

»Cidade da Criança

Fechada desde 2009, a Cidade da Criança continua sem data definitiva para abrir. O valor do investimento nas obras para reforma devem atingir entre R$ 9 e R$ 10 milhões, e a previsão é que o espaço seja reinaugurado até o fim do ano. De acordo com a secretária Isaura Rosado, há intenções de antecipar a reabertura da Cidade da Criança para outubro.

»Escola de Artes

A iniciativa pretende oferecer cursos técnicos de música, dança, teatro, artes visuais, desenho e arte tecnológica, reconhecidos pelo MEC, mas por enquanto só existem estudos, projetos e propostas.

»Biblioteca Câmara Cascudo

A principal biblioteca do RN permanece em total estado de abandono. Segundo informações da FJA, há projeto arquitetônico sendo concluído nos próximos 20 dias e foi aberta licitação para aquisição de equipamentos para informatizar a biblioteca.

»Gráfica Manimbu

Apesar de inscrita como editora, na prática a gráfica Manimbu está funcionando como selo literário. A meta é lançar 30 livros em 2011, títulos que já estavam prontos só no aguardo de impressão. Um edital lançado dia 3 de maio deverá democratizar o acesso a autores interessados em imprimir seus trabalhos, mas tudo já deve ser entregue diagramado, editado e revisado. As inscrições estão abertas até 3 de setembro. Edital no link: http://bit.ly/eufTbe

»Seis e meia

A programação do projeto foi interrompida em agosto do ano passado, após 16 anos realizando shows a preços populares com artistas nacionais e locais. A receita para manter o Seis e Meia ativo era uma parceria público privada entre a produtora Superstar e a FJA. Agora, será aberta licitação para escolha da produtora responsável pela programação, mas o edital não foi lançado.  A previsão é que o Seis e Meia  aconteça só uma vez por mês em Natal e em Mossoró.

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