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Mulher de Ghosn apela a Bolsonaro

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Ex-todo-poderoso da indústria automotiva, à frente da aliança de Renault
e Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, 65 anos, viu sua história de
sucesso ruir ao ser acusado de fraude pela montadora japonesa. Após ser
preso em novembro, foi solto sob fiança, mas não pode deixar o Japão.
Sua mulher, Carole Ghosn, diz estar impedida de ver o marido desde
abril. Sem uma solução para o caso no horizonte, a estratégia de Carole
agora é apelar para a ajuda do presidente Jair Bolsonaro.

Carlos Ghosn

O ex-CEO da Nissan é acusado de fraude pela empresa japonesa. Mulher do empresário recorre a Bolsonaro

Em entrevista ao Estado por telefone, do Líbano, Carole cobrou do
governo uma posição mais enérgica em relação a um cidadão brasileiro
que, em sua visão, não recebe tratamento justo. “É hora de o presidente
brasileiro se envolver e perguntar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo
Abe, por que esse homem está na prisão”, disse. “Passaram-se nove meses e
não há data para um julgamento. Não tivemos sequer acesso às evidências
da acusação.”

A família de Ghosn, que inicialmente optou pelo silêncio, decidiu falar
após o executivo passar o Natal e o ano-novo sozinho em uma cela numa
prisão de Tóquio. Membros da família se revezam para fazer companhia ao
executivo enquanto ele responde ao processo. Carole, porém, foi proibida
pelas autoridades do país de ver o marido. “A última vez que vi Carlos
foi no dia 4 de abril.”

Segundo ela, as autoridades do Japão decidiram impedi-la de ver o marido
porque, ao fazer declarações à mídia, ela poderia influenciar
potenciais testemunhas do caso. “Eles dizem que eu posso destruir
evidências. Mas que evidências tenho para destruir? Eles me deixam
entrar no país, mas se eu vir meu marido, ele volta para a cadeia”,
disse. A Justiça japonesa já negou cinco pedidos de Carole para visitar o
marido – o último deles há duas semanas.

Como não existe data para o julgamento de Ghosn, a estratégia que resta a
Carole é tentar chamar a atenção para o caso. Ela afirmou que já
recebeu sinalizações importantes, como da Human Rights Watch,
organização que deve divulgar em setembro um estudo sobre o sistema
judiciário japonês que citará o caso do ex-executivo da Nissan. Ela
disse que recebeu ajuda do Ministério das Relações Exteriores do Líbano,
mas acredita que uma posição clara do Brasil faria muito mais
diferença.

A irmã de Ghosn, Claudine, que vive no Rio de Janeiro, enviou, por meio
de um interlocutor, uma carta a Bolsonaro em junho, quando ele foi ao
Japão para a reunião do G-20. Agora, por meio de outro emissário, voltou
a solicitar uma intervenção direta do presidente. Do primeiro contato,
recebeu uma ligação do embaixador do Brasil no Japão. Procurado, o
Itamaraty afirmou que “o consulado do Brasil em Tóquio acompanha o caso e
presta a assistência consular cabível”.

Apesar de ser uma luta com poucas chances de vitória – no Japão, 99% dos
processos terminam em condenação, geralmente porque o acusado costuma
confessar o crime -, Carole disse que, para Carlos, assumir alguma culpa
está fora de questão. “Ele está triste e deprimido, mas, ao mesmo
tempo, ele está pronto para o combate. E quer limpar seu nome.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Estadão Conteúdo
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