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Mulheres Gravadas em verso e cordel

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Isaac Ribeiro
Repórter

Alguns setores da arte e da cultura são predominantemente masculinos. A literatura de cordel é um deles. São poucos os nomes de mulheres a estamparem as capas dos libretos como autora. Houve um tempo em que era preciso até mesmo assinar suas criações com pseudônimos de homens para que seus versos pudessem ser publicados, lidos e até mesmo aceitos. Mas uma iniciativa desenvolvida em Natal, inspirada no Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje, pretende romper com esse domínio. A coleção Dez Mulheres Potiguares será lançada amanhã, com programação especial, das 9h às 12h, na Casa do Cordel (rua Vigário Bartolomeu, 605, Cidade Alta).

Coleção mostra a presença cada vez mais marcante da mulher na literatura de cordel. Dentre as homenageadas, Palmyra Wanderley, Zila Mamede, Clotilde Tavares


Coleção mostra a presença cada vez mais marcante da mulher na
literatura de cordel. Dentre as homenageadas, Palmyra Wanderley, Zila
Mamede, Clotilde Tavares

A coletânea é formada por dez cordéis escritos por mulheres, que abordam, cada um, a história de uma mulher potiguar que tenha deixado sua marca na nossa história ou que atue de forma relevante nos dias de hoje.

As homenageadas e as respectivas obras e autoras são:  Nísia Floresta (“Norte-rio-grandense, brasileira e universal, despertando a mulher de seu papel social”, por Sírlia Lima), Auta de Souza (“Entre a dor e o lirismo”, por Rita Cruz), Leilane Assunção (“Foi resistência e hoje é símbolo”, por Vani Fragosa), Rocas-Quintas (“Júlia Augusta de Medeiros: Uma mulher à frente de seu tempo, por Jussiara Soares),  Ana Maria Cascudo (“Mulher extraordinária”, por Rosa Régis), Palmyra Wanderley (“A Força da Escrita”, por Jardia Maia), Zila Mamede (“Uma verdadeira ‘potibana’ ou uma paraibana potiguar”, por Rosa Régis), Clotilde Tavares (“Vida e arte”, por Emília Carla), Glorinha Oliveira (“O rouxinol potiguar”, por Rosa Régis), Noilde Ramalho (“Empreendedorismo educacional: Da aridez dos Trópicos aos requintes da Europa”, por Sírlia Lima).

A organização da coletânea é de Erik Lima, xilogravurista e coordenador da Casa do Cordel. Mas a participação masculina na empreitada para por aí. As mulheres estão em tudo, até mesmo nas xilogravuras das capas, assinadas por Célia Albuquerque.

Rompendo com o machismo
Em 2008, a Casa do Cordel já havia lançado uma coletânea homenageando mulheres, mas escritas por cordelistas dos dois sexos, como lembra Vani Fragosa, assistente social pública e advogada, autora estreante de cordel. Ela conta que era novata em versos metrificados e que alguns autores até se ofereceram para ajudar durante a produção do seu livro, mas acabavam querendo fazer as rimas por ela.

“É muito difícil ser mulher nesse espaço, pois ele é eminentemente masculino, tradicional e conservador. Mas nós tomamos a frente. É um grande desafio”, comenta Vani Fragosa, enfatizando ser a ideia  principal do projeto mostrar que as mulheres também podem fazer cordel. A iniciativa deve ser ampliada em edições futuras e está aberta a participação de mais mulheres cordelistas.  “Queremos contribuir para a emancipação da mulher.”

A apresentação da coletânea é de Aparecida Rego, mestre em Literatura Comparada e professora de Língua Portuguesa da rede pública. Sobre os cordéis, ela destaca: “Os textos revelam a sensibilidade das escritoras, configurando-se um importante resgate histórico de mulheres que exerceram e ainda exercem relevantes papéis sociais na vida pública do estado.”

A coleção Dez Mulheres Potiguares será vendida por R$20 durante o lançamento, que tem apoio da Fundação José Augusto, e terá coquetel e música ao vivo com Magna Fuá.

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 84-99954 6865, pelo e-mail [email protected] ou na página do Facebook:  /casadocordel.

Trechos:
“Nísia Gonçalves Pinto

É seu nome de batismo,

Floresta era o seu bom sítio

Acrescentando lirismo,

Augusta relembra o amor

E Brasileira, ufanismo.

Por passar diversos anos

De sua terrinha ausente,

Brasileira pôs no nome

Para ficar mais reluzente,

De ter sido brasileira

De que é gente da gente”

(“Nísia Floresta: Norte-rio-grandense, brasileira e universal, despertando a mulher de seu papel social”, de Sírlia Lima)

“A história que vos trago

De uma mulher sem igual,

Que dedicou sua vida

A uma luta essencial:

Trazer visibilidade

À causa transexual.

Estou a falar aqui

É de Leilane Assunção,

Que empenhou a sua vida

A lutar sem restrição,

Por causas humanitárias

De grande valoração.”

(“Foi resistência e hoje é símbolo”, de Vani Fragosa)

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