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Mulheres importam

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Vicente Serejo
É da tradição deste Rio Grande do Norte, hoje tão combalido pela pobreza de saberes e a riqueza de sabidos, a história de protagonismo das mulheres. 
Nunca li nada convincente sobre a vida guerreira de Clara Camarão, mas, digamos, contra toda certeza, que ela teve o papel de lutar e não apenas ser a companheira do índio Felipe. Depois, tivemos Nísia Floresta e Izabel Gondim, professoras, fundando entre nós a força da profissionalização feminina acima da discriminação.
Tivemos Auta de Souza que nem viu direito seu livro de poemas, ‘Horto’, ser lançado, em 1900, e já estava morta, em fevereiro de 1901, vítima da tuberculose. Vieram as mulheres no rastro da política, algumas só substituindo a doma dos pais e o mando dos maridos, mas ocuparam o espaço histórico que nos fez bem diferentes. A primeira prefeita da capital, três governadoras, a primeira reitora, a primeira mulher a presidir um Tribunal de Justiça e um Tribunal de Contas. 
Tudo isto, direta ou indiretamente, vem de algum modo da ação de Henrique Castriciano, o defensor da educação da mulher, hoje esquecido, seu nome negado pela Liga de Ensino que ele fundou para ser a instituição mantenedora da Escola Doméstica, vítima do mando jejuno que não teve olhos para fazê-la um Centro Superior de Estudos da Alimentação Brasileira. Se deixou ficar na mesmice de um curso doméstico. Assassinaram seu grande destino e ainda há quem glorifique.
Essa história – que uns conspurcaram e outros valorizam – agora vive um movimento de ressurreição. Já não somos prisioneiros do engodo dos simulacros – esses que pululam como se todos os espaços fossem salões sociais. A nova safra conta com a força consciente do seu papel político, como a deputada federal Natalia Bonavides, e as vereadores Júlia Arruda, Divaneide Basílio e Brisa Silva Bracchi, superando as discriminações que negaram sempre o grande papel.
Não será fácil. Mas nunca foi. Nísia não precisou quebrar grilhões de ferro, mas sua força partiu as correntes sociais dos preconceitos que a teriam feito apenas uma professorinha sob a proteção do marido. Abriu a trilha, foi cidadã do mundo, conquistou a vida no desafio de vencer cada preconceito. Essa tradição é a herança que a cidade pode retomar a partir de agora. Mulheres importam – as negras, brancas, pardas, amarelas, todas. A cidade votou, elegeu e disse que sim.  
Há uma nova luta deflagrada no atrito público e que pode começar na Câmara Municipal de Natal. Disputando os espaços até hoje dominados não pelos saberes, mas pelos sabidos. Quem sabe, se construirá pela força, livre dos compadrios e arranjos. Lá estão mulheres de luta e, com elas, a sociedade poderá retomar a confiança na classe política que precisa recuperar sua essência – o jogo do bem em favor dos direitos individuais e coletivos. Afinal, mandato não é emprego. 
TIRO – Os partidos não indicaram, até agora, os seus representantes na CPI das ambulâncias. O desafio é acertar o tiro na mosca. Do contrário, por puro denuncismo, pode acertar o tiro no pé.  
DESAFIO – Relatar a proposta de orçamento não é difícil para a experiência do deputado Getúlio Rego. A arte é articular a convergência pacífica de interesses das propostas de emendas coletivas. 
LUTA – Depois de uma agitada sucessão municipal que destronou de vez a liderança política do ex-prefeito Fernando Cunha, Macaíba continua em alvoroço: a sucessão na Câmara Municipal. 
ROLETA – Caiu na mão do reitor Daniel Diniz o descaso da UFRN, há décadas, sem restaurar a velha e bela histórica Faculdade de Direito, na Ribeira, antigo Grupo Escolar Augusto Severo. 
AVISO – O provérbio árabe alerta: não deixe que os fracos se unam. Juntos, eles se tornam fortes. A aliança Fátima Bezerra – Sandra Rosado, em Mossoró, se ocorrer, pode ser a oposição. De fato.  
LUTA – Grande, colorido e vistoso o adesivo de Cláudio Porpino nas portas do seu carro com a cara e as cores de João Campos, o filho de Eduardo Campos que enfrenta a prima Marília Arraes.
FORTE – O secretário da saúde, George Antunes, deve ser confirmado pelo prefeito Álvaro Dias. Visto como um estilo forte, foi este estilo que fez dele um executivo na luta contra a saúde.
MOLHO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, lendo a votação pífia de alguns parlamentares numa eleição majoritária: “Quem não usar barba que ponha o queixo de molho”. 
LUTA – As raposas políticas já avaliam como disputada a chapa para deputado federal em 2022. Além dos oito atuais, legitimados como detentores de mandato, seriam candidatos Rogério Marinho, Robinson Faria e Carla Dikson, no exercício do mandato como suplente de Fábio Faria.

MAIS – Nas especulações, mesmo distantes, Robinson disputaria a vaga do seu filho que tentaria o Senado, e a candidatura de Jean-Paul Prates, com a votação de mais de 14% obtidos em Natal. Além de uma possível candidatura de Carlos Eduardo Alves ao Senado. Para uma vaga apenas.
GOVERNO – Tem gente usinando o senador Styvenson Valentin para disputar o governo com a tranquilidade de ainda dispor de quatro anos no Senado. Partiria com a bandeira da austeridade contra a velha política. A nossa vida política nunca viveu efervescência de tão intensas previsões.
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