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Multinacionais querem brasileiros

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São Paulo (AE) – Para não continuar perdendo fatia de mercado em um ambiente cada vez mais competitivo, as varejistas precisam prestar atenção a aspectos culturais e hábitos de consumo locais. “Isso é mais fácil de ser percebido por CEOs brasileiros”, disse, na condição de anonimato, um consultor com trânsito entre as maiores redes varejistas do País.

Walmart, controlador do Hiper Bompreço, foi uma das redes que perdeu participação no mercado com negócios do Pão de AçúcarCom as economias norte-americana e europeia indo mal, há uma pressão adicional das matrizes por bons resultados no Brasil. Em agosto, o executivo brasileiro Luiz Fazzio – com passagens pelo Makro, Walmart, Pão de Açúcar e sete anos como diretor-geral da C&A no Brasil – assumiu de forma inédita o Carrefour.

Fazzio irá tocar um plano de ação para melhorar o desempenho dos hipermercados, que inclui a identificação de lojas com desempenho insatisfatório, a adoção de melhores práticas do grupo, transferência de lojas para a marca Atacadão, desenvolvimento de sinergias de aquisição e reforço da área de marketing & comercial. “O conhecimento dele (Fazzio) do mercado brasileiro foi vital para a escolha”, diz um executivo do Carrefour.

Este ano, a empresa pretende abrir 56 lojas no País, sendo 12 do Atacadão, dois hipermercados, duas lojas de conveniência e 40 lojas de baixo custo. No segundo trimestre deste ano, apesar do crescimento em vendas mesmas lojas de 8,9% do Atacadão, as redes de hipermercados tiveram uma queda de 0,9%, levando o resultado consolidado a uma alta de 2,9% no período. Já no Walmart quem assumiu a presidência da operação da subsidiária brasileira este mês foi Marcos Samaha, executivo com 12 anos de casa, substituindo o cubano Hector Núñez, que passa a cuidar das operações da companhia no Sul dos Estados Unidos. Em agosto, dois vice-presidentes haviam deixado seus cargos na empresa. No segundo trimestre do exercício fiscal, que compreende os meses de maio, junho e julho, as vendas mesmas lojas subiram 3,1%, mas o tráfego de clientes recuou 5,2%, ambos sobre o mesmo período do ano passado.

A Agência Estado apurou que o principal desafio de Samaha será liderar o processo de integração das plataformas de TI, para melhorar a rentabilidade das operações. Isso acontece porque ao adquirir o Bompreço (em 2004, com 118 lojas), com atuação no Nordeste, e a rede Sonae (em 2005, com 295 lojas), da região Sul, os sistemas, por exemplo, de compra e venda de mercadorias eram distintos. “Ainda temos sistemas diferentes”, afirma um executivo do Walmart, acrescentando ser complicado um estrangeiro “conhecer a complexidade cultural, política e tributária do Brasil.”

Para o consultor de varejo da Mixxer, Eugênio Foganholo, a escolha de brasileiros por parte dos comandos do Carrefour e Walmart é um “voto de confiança no potencial de crescimento do mercado”. O especialista ressalta que o maior desafio dos executivos nas novas funções será recuperar as vendas dos hipermercados. “O consumidor está deixando de ir aos hiper e migrando para o supermercado ou loja de vizinhança”, diz. Sobre o Carrefour, Foganholo projeta que o Atacadão deverá responder pela maior parte da receita do grupo no País até 2011.

Concorrentes contra-atacam Pão de Açúcar

São Paulo (AE) – O distanciamento do Grupo Pão de Açúcar na liderança do varejo, após a aquisição do Ponto Frio e a associação com a Casas Bahia, provocou mudanças drásticas nos rumos das operações brasileiras do Carrefour e Walmart. Após perderem participação de mercado neste início de ano, as duas varejistas fizeram movimentos idênticos e inéditos, com a contratação, pela primeira vez, de executivos brasileiros para tocarem suas operações locais.

O sinal de alerta no comando das multinacionais acontece pelos ganhos de escala do setor de compra de bens duráveis e o avanço em formatos menores de lojas do Grupo Pão de Açúcar, como ‘atacarejo’ (mix de atacado com varejo) e de proximidade, que melhor atendem consumidores das classes C e D.

“Quem podia imaginar que nós iríamos comprar o Ponto Frio e se associar a Casas Bahia no mesmo ano. Às vezes, ficamos dois ou três anos buscando alguma oportunidade de aquisição”, comentou, semana passada o diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana. No ano passado, a companhia não só apenas retomou a liderança do varejo, perdida em 2007 para o Carrefour – após a aquisição do Atacadão -, como praticamente atingiu o mesmo faturamento conjunto das duas multinacionais.

Com Casas Bahia e Ponto Frio, a receita do Grupo Pão de Açúcar em 2009 chegou próximo a R$ 40 bilhões, seguido por Carrefour (R$ 25,6 bilhões) e Wal-Mart (R$ 19,7 bilhões), segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Já em 2010, os últimos resultados das varejistas apontam ganhos de participação de mercado do Pão de Açúcar.

Segundo o balanço das companhias, as vendas reais no conceito mesmas lojas cresceram 4,6% no Pão de Açúcar, do Walmart, 3,1% e do Carrefour, 2,9%, ambos em seus respectivos exercícios fiscais do segundo trimestre sobre mesmo período de 2009, considerando apenas os resultados no Brasil. As atuais mudanças nos rumos das operações do Carrefour e Walmart, com a contratação dos executivos brasileiros, porém, não estão focadas neste ano, mas sobretudo para 2011 e 2012.

Classes C e D impulsionam operações de menor porte

São Paulo (AE) – O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, afirma que desenvolvimento do setor, puxado sobretudo pelo avanço das classes C e D e pelo Nordeste, está sendo alavancado por lojas de menor porte, que operam com um mix menor de produtos. “O hipermercado não tem grande aceitação entre as classes mais baixas. Além disso, os consumidores das classes mais altas não querem mais perder tempo em grandes lojas”, diz Honda.

Com o consumidor evitando os hipermercados, a rentabilidade destas operações passa por ganhos de escala. A concentração do poder de compra em bens duráveis é comemorada pelo Pão de Açúcar “Hoje temos o poder de ditar os preços. Antes pagávamos a conta da reposição das margens da indústria, por sermos pequenos neste segmento. Agora, com Casas Bahia e Ponto Frio obtemos maiores descontos”, diz diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana. Segundo ele, atualmente 40% do faturamento conjunto da companhia vem de bens duráveis e 60%, de alimentos.

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