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Mundo

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Os tempos são outros. Sabemos. Surpreso o mundo assistindo autoridades policiais russas reprimindo ativistas LGBTs e o atual governo ser responsabilizado por urdiduras na Criméia, Síria, Inglaterra, Estados Unidos…  Contrasta bastante a áurea cultivada no século passado quando pintava revolucionária na utopia cientificista do socialismo. Era geopolitacamente forte. Repúblicas federativas unidas ( ? ). Naquele período um de seus principais escritores experimentava uma relação aberta, menáge a tròis: Lília Brik amava e era amada por Ossip Brik e Vladimir Maiakóvski. Brik era linguista, crítico literário ligado ao Círculo Linguístico de Moscou, onde formalistas pintavam como feras definitivamente inseridos em estudos e conceitos sobre a literariedade trazendo nova e irremovível posição para a literatura mundial: Tzvetan Todorov, Roman Jakobson, Mikhail Bakhtin, Vladimir Propp, Viktor Choklovsky, Yuri Tynianov, Boris Eikhenbaum e Boris Tomachevski. Maiakóvski era militante da vertente mais radical da produção poética daquele cenário que fora a cubofuturista. Escrevia ensaios, peças teatrais e fazia poemas visuais em suportes variados como porta, vagão de trem… Transformadoras escrituras mudando a estética literária contemporânea. Um timaço tal qual a seleção brasileira do tricampeonato mundial dos anos de 1970, com Pelé à frente. Escrete que nem faturava essa grana toda, como os jogadores ganham no tempo atual.

Agora as telinhas invadem lares com suntuosas arenas acolhendo os melhores jogadores do planeta exibindo cabelos em cortes exóticos, tinturas idem, tatuagens na maioria kitschs, salários estratosféricos e aqui e ali uma pitada de futebol-arte no balé de Neymar Jr., Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Mohamed Salah. Anos luzes distantes de Maradona ou Pelé. Mesmo salvaguardando contextos, as tais evoluções táticas de um esquema rígido e consequentemente competitivo tornou o jogo menos espetacular. Trouxe na verdade um futebol questionável, demasiado viril. Anti-futebol-arte. Sem o amolecimento necessário para a elasticidade, trato com a bola refinado a espetacularização que encanta a todos os olhares. Que o diga Zé Miguel Wisnik.

Em jogo maior, fora das arenas, uma cadeia produtiva movimentando bilhões de dólares. Alguns de seus gestores estão encurralados em várias estâncias judiciárias. Escorpiões encravados nas suas próprias feridas. A “Redonda” é a estrela, é literalmente a bola da vez. A Rússia do século XXI é protagonista da sua festa fazendo contraponto com outra manchada festa, a eleitoral, onde perpetua arbitrária as vitórias da linha dura direitista de Vladimir Putin.

Resta nas notícias o consolo de se vender uma cidade dignamente. A cidade de São Petersburgo, antes Leningrado, pintando e esbanjando acervo artístico para o mundo. Memória no Hermitage, o museu referência e nos monumentos tombados pela Unesco. Estão sãos e salvos. Menos mal. Um saldo!

O mundo caminha para onde? Os modelos de consumos, de insumos, os passivos e ativos sociais? As concentrações de rendas. As grandes fortunas e pobrezas? Se os sonhos utópicos estão acabados? O que resta? Essa nova fantasia, frágil e desproporcional desenhada, ainda raf, na era da internet das coisas, cidades inteligentes no triunfo de um capitalismo de fachada democrática e super excludente? A fantasia da livre concorrência onde oligopólios de toda sorte dominam a economia? Quem tiver a resposta que se habilite.

Difícil é ficar quieto diante de um modelo global que se apresenta mascarado no fetiche da revolução digital gerando novas formas de controle e manipulação complicada da massa sacar, perceber e se desalienar..

A superestrutura não brinca. Nessa guerra de guerrilhas cibernéticas o hackeamento é notícia internacional e ferramenta de controle e espionagem. Se desdobra em manipulação. Invade democracias e indivíduos desde a mais banal privacidade até complexos sistemas de informações. E a classe média… Impassível!

Mas pelo andor do santo acredito mesmo que a seleção canarinho vai chegar as quartas de finais mesmo. Torço também para que ( alô, alô Moraes Moreira! ) até lá surja um frevaço para quem sabe, comemorarmos o hexa! Ai sim o Brazil é grande! Aposto estribado na aposta que fazia o saudoso Ministro da Cultura, Celso Furtado, quando de há muito reconhecia na diversidade cultural brasileira nosso capital capaz de  gerar nova economia sustentável e  portanto viável. Vamos acreditar!

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