Yuno Silva – Repórter
A posição estratégica de Natal no continente americano é indiscutível, e não é nenhuma novidade que a cidade foi cenário de extrema importância para a aviação mundial entre os anos 1920 e 40 nem que abrigou uma das bases militares mais importantes durante a Segunda Guerra Mundial. O que há de novo no ‘front’ é que só agora, quase sete décadas após o fim do conflito, a capital potiguar poderá tirar algum proveito turístico, econômico e cultural de seu movimentado passado a partir da instalação do Museu da Rampa e da construção do Memorial da Aviação às margens do rio Potengi. Juntos, os equipamentos ocupam uma área de 11,4 mil m² no mesmo local onde funcionou a antiga rampa de hidroaviões. 
A obra está orçada em R$ 8 milhões, sendo R$ 7,3 milhões provenientes do Ministério do Turismo, e o Governo do Estado publicou hoje no Diário Oficial edital de licitação para execução do serviço – o documento estará disponível para interessados a partir da próxima segunda-feira (28) na Secretaria de Infraestrutura, Centro Administrativo. A abertura das propostas acontece no dia 28 de fevereiro, das 9h às 12h30 , também na sede da SIN, onde ganha quem apresentar capacidade técnica e o menor preço.
O arquiteto potiguar Carlos Ribeiro Dantas, responsável pela concepção do museu/memorial, informou que o espaço é composto por 28 projetos independentes: desde paisagismo, concepção visual e acústica, até preocupação com o patrimônio histórico, museologia e restauração. “É importante frisar que esta obra tem três etapas distintas: concepção, elaboração de projeto executivo e a execução propriamente dita”, disse Dantas. Questionado por historiadores e pelo Iphan-RN se o projeto poderia interferir na paisagem, ele lembrou que a proposta foi apresentada publicamente para a população avaliar e sugerir modificações. “Esse momento de acatar alterações passou, e tenho consciência que o que está planejado não irá prejudicar a paisagem”.
Para o arquiteto, o questionamento girava em torno do conjunto do sítio arqueológico – cuja área total é de 24 mil m² – mas “como o sítio englobava o Iate Clube, o Distrito Natal e a antiga Rampa, ele não existe mais da forma como estão dizendo”.
CURADORIA
Porém, não basta criar um museu e um memorial sem infraestrutura urbana no entorno, e a Secretaria Estadual de Turismo informou que melhorias na “mobilidade, vias de acesso e transporte público” são de responsabilidade da Prefeitura. Outra dúvida desfeita pela Setur era quanto ao papel da Fundação Rampa quando o museu for concluído. De acordo com a assessoria da pasta estadual de Turismo, “a Fundação Rampa irá integrar o Conselho Curador ao lado da Fundação José Augusto, UFRN e Secretaria de Turismo”.
O projeto do Memorial do Aviador contempla auditório para 126 pessoas e espaço para promoção de eventos culturais, enquanto o Museu da Rampa terá área para exposições temporárias e permanente, bar temático e loja.
CRONOLOGIA
2007
A criação do Museu da Rampa tramitava na esfera municipal, que negociou com Patrimônio da União, Marinha e Aeronáutica a instalação do equipamento. Na época, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) chegou a liberar 750 mil dólares para a obra.
2008
O escritório do arquiteto potiguar Carlos Ribeiro Dantas assume a responsabilidade de conceber o projeto do museu e a restauração da antiga Rampa
2009
A empresa pernambucana Cunha Lanfermann Engenharia e Urbanismo ganha licitação para elaborar o projeto executivo
2011
Projeto é apresentado ao público pela Secretaria de Turismo no Teatro de Cultura Popular/FJA
2012
Governo do RN assina convênio de R$ 8 milhões com a CEF, agente intermediador dos recursos oriundos do Prodetur/NE
2013
Publicado edital de licitação para execução das obras
