quinta-feira, 18 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Museu do Trem fica pronto em 2015

- Publicidade -

A história da malha ferroviária do Rio Grande do Norte vai ganhar, até junho do próximo ano, um importante espaço de conservação. O Museu do Trem está em fase de construção e já conta com acervo de aproximadamente 300 peças. Entre elas, a Catita nº 3 – uma das primeiras locomotivas a vapor que cruzou os trilhos potiguares. O local vai receber objetos de antigas estações localizadas no interior do Estado. Também vai fazer parte do acervo, duas locomotivas maiores que a Catita que também foram utilizadas nas linhas férreas do Estado.

O Museu do Trem vai fazer parte da estrutura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) das Rocas. A nova unidade está sendo construída no antigo prédio da  Rede Ferroviária Federal S.A. (Reffsa) e tem investimento na ordem de R$ 6 milhões. As aulas devem ser iniciadas no segundo semestre de 2015 e um novo curso – de conservação e restauro – será ofertado aos 1.200 alunos que a unidade comportará.

Inicialmente, a previsão era a de que as aulas no local seriam iniciadas ainda em 2013. “Mas tivemos alguns problemas com a empresa contratada. O atraso também é justificado porque trabalhamos em conjunto com o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] para manter todas as características da estrutura arquitetônica”, explicou o diretor do campus IFRN Cidade Alta,  Lerson Maia.

O diretor explicou ainda que o projeto de expansão foi pensando devido a incapacidade do campus Cidade Alta receber mais alunos. “Não temos mais espaço para atender a demanda, principalmente no que diz respeito ao ensino regular. Hoje, estamos impossibilitados de ofertar o curso técnico integrado por causa da quantidade de alunos, laboratórios e espaço para atividades esportivas. O prédio novo vai nos possibilitar atender esse público”, disse.

O antigo prédio da Reffsa está localizado à travessa da Donzelas, próximo à antiga estação ferroviária. O local é equipado com três galpões numa área com extensão de um hectare. No imóvel, estava instalada uma  oficina de trens e está desativada há mais de dez anos. A posse do prédio foi  transferida do Patrimônio da União para o IFRN.

#SAIBAMAIS#O prédio abriga um elemento arquitetônico raro. Trata-se da rotunda, onde os vagões eram colocados para passarem por reparos na oficina. Instalado num fosso raso, o equipamento tem a capacidade de fazer um giro de 380 graus. Além deste instalado no bairro das Rocas, há apenas três mecanismos parecidos no Brasil.

Catita
Uma das primeiras locomotivas a vapor a cruzar o solo potiguar e a única que sobrou para contar a história das estradas de ferro que rasgaram o Estado na virada do século 19 para o 20 já está em “casa”. Encostada há 39 anos no Museu do Trem em Recife, sem receber os devidos cuidados, a máquina retornou ao Rio Grande do Norte após uma peleja encampada há onze anos pelo IAPHACC.

Fabricada na Inglaterra em 1902, a Catita nº 3 chegou ao RN em 1906. Em 1916 fez a travessia inaugural na antiga ponte de ferro sobre o rio Potengi, puxando a velocidade média de 15km/h a composição que conduzia figuras importantes do cenário local como o então governador Joaquim Ferreira Chaves, Januário Cicco, Henrique Castriciano e Juvenal Lamartine. Ainda participou da inauguração da ponte de Igapó, em 1970, antes de se aposentar definitivamente em 1975, quando seguiu para Pernambuco.

O motorista Fernando de Castilho, 56 anos, lembra com saudades dos
tempos que  viajava de trem. A Reffsa é lembrada não apenas pela
importância em fazer o transporte entre Natal e Nova Cruz, mas por ser
local de trabalho do pai dele, o agente de estação Décio de Castilho,
falecido há dois anos. “Meu pai trabalhou 35 anos na Reffsa. A gente
viajava junto”, disse. O aposentado Antônio Basílio, 70 anos, também
recorda com saudades o tempo  em que esperava o trem na estação da
cidade. “A gente chegava bem cedo. Antes das cinco da manhã”, lembrou.
Hoje, a estação de Nova Cruz abriga a CCP. O espaço precisa de reformas e
limpeza. Dois grupos culturais da cidade utilizam o espaço para ensaios
pelo menos duas vezes por semana.
A Reffsa é lembrada não apenas pela importância

O agricultor João Neto Coelho, 50 anos, disse que gostava de olhar quando o trem passava. “O trem sempre estava cheio. Teve um dia que ele passou carregando um elefante”, recorda admirado. As atividades ligadas à ferrovia estão na memória do povo e na ponte de ferro sobre o rio Curimatau. A arquitetura lembra a ponte de Igapó, em Natal. Já a estação de Cuitezeiras não existe mais. Foi demolida. No local, apenas os trilhos no chão são as marcas da história mais visíveis no centro urbano. “Eu era muito nova, mas ainda lembro quando o trem passava. As crianças ficavam na janela da escola admiradas. Não andei de trem, mas tinha muita vontade. Será que um dia ainda volta?”, questiona a dona de casa Lucineide Andrade, 35 anos.

A arquitetura lembra a ponte de Igapó, em Natal
A estação de Canguaretama foi inaugurada em 1882, na mesma época em que se instalou ali a Usina Maranhão. Em 2002, segundo relato dos moradores, o local passou por uma espécie de revitalização. O prédio perdeu algumas características arquitetônicas e, atualmente, abriga um restaurante, oficina de costura e uma residência. O teto ganhou forro de PVC e o piso cimento. O restaurante pertence ao comerciante José Ernandes, 43 anos. O homem também reside na casa e divide o espaço composto de duas salas, dois quartos e cozinha com a esposa e dois filhos. Não fosse a placa indicando a “Estação Ferroviária”, o transeunte desavisado teria dificuldade de identificar o local.
A estação de Canguaretama foi inaugurada em 1882

A estação “Papary”, na divisa entre os municípios de São José de Mipibu e Nísia Floresta. A estação de Papari foi inaugurada com a linha em 1881. Na estação, os trens de passageiros deixaram de passar em meados de 1977, e os cargueiros continuaram até 1997. A estação, em si, foi totalmente desativada em 1981.  Hoje, o espaço abriga o restaurante “Marinas Camarões”, pertencente ao secretário de Turismo de Natal, de Fernando Bezerril. A também proprietária Graça Bezerril, contou que houve um acordo com o Patrimônio da União e Iphan para permanência no local. “A gente manteve toda a arquitetura e sempre está em processo de conservação”, disse.
A estação de Papari foi inaugurada com a linha em 1881.

Datas e números

à 1870 – É sancionada a lei que consentia a construção de ferrovia, após reivindicações dos senhores de engenho

à 1873 – É implantada a primeira estrada de ferro do RN. Apesar de ter sido aprovada naquele ano, ainda demorou a ser construída

à 1881 – É inaugurado o primeiro trecho ferroviário (Natal/Nova Cruz) e a Estação Central de Natal, na Ribeira.

à 1901 – O trecho Natal/Nova Cruz é arrendado pela The Great Western of Brazil Railway Company

à 1904 – Começam a ser traçados os trilhos em direção a Ceará-Mirim. O objetivo era transportar o açúcar produzido na região

à 1906 – O trecho Natal/Ceará Mirim é inaugurado pelo então presidente, Afonso Pena
1916
– Após a construção da primeira ponta sobre o Rio Potengi, é erguida em
cima do estreito de Refoles a ponte que permitiu a passagem dos trens

à 1939 – Através do decreto lei nº 1475, a Great Western é arrendada pela Estação de Ferro Central do RN

à
1957 – A Estrada de Ferro Sampaio Correia – como foi nomeado o sistema
ferroviário do estado – passou a compor a Rede Ferroviária Federal
1984
– É criada a Companhia Brasileira de Trens Urbanos. A Superintendência
de Trens Urbanos de Natal foi criada para atender aos municípios de
Natal, Parnamirim, Extremos e Ceará-Mirim

* Modernização do sistema
Ferroviário de Natal

R$ 53 bilhões
é o investimento do Governo Federal na modernização do sistema no Brasil todo

R$ 114 milhões
 foram destinados para aquisição de VLTs no RN

R$ 311 milhões
para modernização de bypasses road e estações de trem

12 VLTs
foram adquiridos

30 estações
construídas ou reformadas

Caminhos do VLT
Metropolitano

1ª Etapa
à 3 linhas interligando Natal, Parnamirim, Extremoz e Ceará-Mirim
à 56 km de extensão
à 12 VLTs
à 2 locomotivas
Prazo: 3 anos

Linha Ribeira/Nordelância
15 estações

Linha Azul
Natal/Ceará Mirim
à 24 km de extensão
à 2 locomotivas

Linha Amarela
Natal/Parnamirim
à 17 km de extensão
à 12 estações

2ª Etapa
Linha Marrom
Ribeira/Campus Universitário
Linha Laranja
Anel ferroviário no Centro de Natal, a partir da Mor Gouveia

3ª etapa
Linha Roxa
Anel
ferroviário metropolitano, que ligará Natal, Parnamirim, Macaíba e São
Gonçalo do Amarante, com extensão para o aeroporto de SGA

4ª etapa
Linha branca
Extensão da linha amarela, que
interligará as cidades de São José do Mipibu e Nísia Floresta à Natal
Fonte: CBTU

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas