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Mutirão pela economia criativa

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Yuno Silva – repórter

Novos ares sopram nos bastidores culturais, e o objetivo da ‘ventania’ é que sejam conjugados os verbos articular e formalizar. Após a criação da Rede Potiguar de Música, que culminou com o surgimento de uma cooperativa, chegou a vez dos setores de teatro e audiovisual formatarem suas próprias redes com o auxílio do Sebrae-RN. A instituição se antecipa e coloca em pauta o Projeto Sebrae 2014 Produção Associada à Cultura, já com vistas, também, às oportunidades que deverão ser geradas durante a Copa do Mundo em Natal. O movimento é nacional, integra Ministérios da Cultura e das Cidades e está em curso nas 12 cidades-sedes do campeonato mundial de futebol.

Secretaria de Economia Criativa em estruturação no MinCAs novas redes estão em estágios diferentes de formação, com alguma vantagem para o segmento teatral, que iniciou as conversas com o Sebrae-RN um pouco antes do audiovisual. “Nossa orientação é no sentido dos grupos se articularem de forma coletiva. Sair da informalidade facilita as ações e cria condições de fortalecimento”, acredita a gestora Cátia Lopes, coordenadora do Projeto Sebrae 2014 no RN. Segundo ela, há recursos para ser injetado. “Trabalhamos no sentido de mostrar que a atividade cultural também é um negócio, um bem intangível que não deixa de ser um produto. Com essa percepção, buscamos proporcionar a sustentabilidade dessas redes”, acrescenta.

Cátia se reuniu ontem pela terceira vez com a turma do audiovisual, e hoje participa do planejamento estratégico anual com o pessoal do teatro. O diretor teatro Lenilton Teixeira, do grupo Estandarte, vem participando dos encontros e enxerga na rede a possibilidade de interferir de maneira positiva na elaboração de políticas públicas. “Nossa realidade é diferente da música, a maioria dos grupos de teatro tem CNPJ, é formalizado, então nosso objetivo é muito mais no sentido de integrar os núcleos já atuantes”, esclareceu Teixeira.

Já no segmento audiovisual, Vlamir Cruz, da Mudernage, acredita que a grande provocação do Sebrae-RN é mesmo no sentido da formalização: “A metodologia é se relacionar através de coletivos e, pelo que entendi, quem começar a se articular agora, buscar a formalização, terá mais chance de acessar recursos, capacitação, rodadas de negócios.” Para dono da Mudernage, estatísticas dão conta de que muita coisa acaba não se concretizando por falta de articulação. “Não podemos ficar no plano da utopia, da intenção, e vejo um movimento concreto surgindo, ancorado pela Copa do Mundo 2014.”

FÓRUM POTIGUAR

O debate em torno das diretrizes que poderão subsidiar a construção de políticas públicas voltadas ao segmento cultural ganha novo impulso no próximo dia 28 de fevereiro, no auditório do IFRN-Cidade Alta, quando será realizado a segunda edição do Fórum Potiguar de Cultura – exatamente 12 meses após a primeira versão. A iniciativa, protagonizada por artistas, produtores e demais envolvidos no setor, busca abrir diálogo e promover maior articulação local e nacional.

Para tanto, Cláudia Leitão, da Secretaria da Economia Criativa do MinC, foi convidada para ministrar palestra sobre o tema. Isaura Rosado, secretária Extraordinária de Cultura do Estado, e Cátia Lopes, gestora cultural do Sebrae-RN também figuram entre os participantes. Segundo os organizadores do evento, a intenção é que Isaura Rosado fale sobre o formato e o funcionamento do Fundo Estadual de Cultura – FEC. “Temos que preparar o RN para entrar em sintonia com o Sistema Nacional de Cultura”, disse o músico Esso Alencar.

Sobre o Fundo Estadual de Cultura, Ivanira Ribeiro Machado, diretora administrativa interina da Fundação José Augusto, informou que o prazo para regulamentação da lei vai até o final de março, “mas o departamento jurídico já está trabalhando nisso, e devemos encaminhar para a Governadoria ainda este mês”.  Só depois de regulamentado é que o FEC pode ser executado, e cerca de R$ 4,5 milhões deverão ser distribuídos através de editais públicos. Em tempo, o acesso ao Fórum é gratuito e toda a programação está aberta ao público. Informações através dos telefones 9606-1926, 8855 4059 e 8855 2600. A ficha de inscrição está disponível no forumpotiguardecultura.blogspot.com.

ECONOMIA CRIATIVA

Ainda em fase de assimilação pela sociedade e pelos próprios artistas, grupo sobre o qual pairam paradigmas como “a arte pela arte” versus “produção artística enquanto negócio”, a Economia Criativa e sua vertente mais específica denominada Economia da Cultura é tida como uma caixa de Pandora que muitos querem ‘abrir’ mas não sabem como nem por onde começar. A dificuldade é justificada pelo fato de que esse novo conceito de negócio passou a receber maior atenção a partir deste século. Mesmo o Ministério da Cultura, que se esforça para estruturar uma secretaria específica para tratar e difundir o assunto, procura pontos de convergência de um modelo econômico capaz de abarcar a realidade plural da Cultura brasileira.

A Economia da Cultura, ao lado da Economia do Conhecimento (ou da Informação), integra a chamada Economia Nova (ou Criativa). Caracterizada pelo modo diferenciado de produção e de circulação de bens e serviços fortemente impactados pelas novas tecnologias, esse modelo tende a ter a inovação, a adaptação e a criatividade como itens tão ou mais mais importantes que próprio capital, e grande parte das atividades estão diretamente ligadas a segmentos do setor cultural como música, cinema, moda, design e artesanato.

Vale salientar que, atualmente, o setor movimenta mais de 2,2 trilhões de dólares ao redor do mundo, e segue em um crescimento acelerado acima da média da economia tradicional – algo em torno de 6,6% frente aos 5%, segundo dados do BNDES. Na América Latina, a estimativa é um crescimento anual acima de 8,5%.

Outra pesquisa divulgada em 2008 pelas Nações Unidas, ano da enorme crise que reduziu em cerca de 12% o movimento do comércio global,  em 2008, os serviços e bens da economia criativa cresceram até 14%. Mas, apesar do setor representar 5% do PIB, responder, segundo o IBGE, por 5,7% dos empregos formais, 6,2% do número de empresas e 4,4% das despesas médias das famílias, o país ainda está fora da lista 20 maiores produtores internacionais.  Potencial não falta.

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