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Na cadeira de Cascudo

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Yuno Silva
Repórter

Ocupar ou não ocupar a cadeira número 13 que pertenceu a Luís da Câmara Cascudo na Academia Norte-riograndense de Letras? Eis a questão! Em pleno processo de sucessão para preencher duas vagas, a Academia volta a topar com um antigo entendimento: afinal o lugar do maior dos intelectuais potiguares deve permanecer vago como uma forma de homenagem por sua relevância cultural? Para o poeta, escritor e advogado Diógenes da Cunha Lima, presidente da ANL há 28 anos, não. O patrono da vaga é o escritor Luís Fernandes, autor de “A Imprensa Periódica no Rio Grande do Norte: de 1832 a 1908” entre outros títulos. 
Em pleno processo de sucessão na Academia Norte-rio-grandense de Letras, para as vagas de Anna Maria, Pery Lamartine e Agnelo Alves, ressurge o debate que propõe a não ocupação da cadeira de número 13, cujo patrono é Luís da Câmara Cascudo
As atuais vagas são a cadeira 4, que acomodava o deputado Agnelo Alves (1932-2015) desde 2012, e a 13 que era de Anna Maria Cascudo Barreto (1936-2015) – que por sua vez sucedeu o pianista e escritor Oriano de Almeida (1921-2004).

“Essa questão está superada há tempos, desde a época que Oriano assumiu o lugar dele no final dos anos 1980. A proposta foi ventilada em um momento de muita emoção logo após a morte de Cascudo (1898-1986). Acredito que o próprio, um dos fundadores da Academia, gostaria de ver todas 40 cadeiras preenchidas, assim como nos moldes da Academia francesa”, aposta Cunha Lima, que conviveu e e era advogado particular do historiador, professor, pesquisador e escritor.

O também imortal Sanderson Negreiros, 76, é enfático: “Essa pergunta é feita desde Machado de Assis. Sou a favor dela ser ocupada, Cascudo não gostaria que ela ficasse vazia”, reforça o intelectual e jornalista potiguar.

De acordo com o acadêmico Valério Mesquita, até o momento, dois nomes estão no páreo para preencher a cadeira que pertenceu a Cascudo e sua filha: o poeta Jarbas Martins, 72, e a escritora Eulália Duarte Barros. “Acho que se a cadeira que não poderia ser ocupada já foi ocupada, deve continuar a ser”, ponderou Valério, escritor e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico, ocupante da cadeira número 21. Mesquita contou que terça-feira passada (dia 30 de junho), durante reunião geral na Academia Norte-riograndense de Letras, foi iniciada as conversas para a sucessão de Agnelo. “A eleição para a vaga de Anna Maria já está em curso, e as inscrições continuam abertas”.

Jarbas, que na verdade é candidato a cadeira 20 ocupada anteriormente pelo escritor e veterano de guerra Pery Lamartine (1926-2014) cuja patrona é Auta de Souza (1876-1901), contabiliza em sua bibliografia o lançamentos dos livros “Contracanto” (1979), “14 versus 14 – Itinerário do soneto norte-riograndense” (1994), “Antielegia para Emmanuel Bezerra” (2008) e “44 Haicais (2014); enquanto Eulália publicou “Uma escola Suíça nos trópicos” (2000), sobre a Escola Doméstica, e “Verdes campos, verdes vales” (2004) sobre as paisagens e engenhos de Goianinha. Ambos foram professores da UFRN, ele do curso de Comunicação Social e ela da área de Educação.

Para Diógenes da Cunha Lima, Lalinha, como Eulália é carinhosamente conhecida, “é a  candidata natural à vaga. Era amiga de Anna Maria, estudiosa da obra de Cascudo e a própria Anna já tinha indicado seu nome em outra ocasião”, lembrou o presidente. O certo é que não há consenso entre os nomes.

O presidente da ANL informou que uma das novidades em pauta é o debate em torno da substituição de acadêmicos que estão sem saúde para frequentar e participar dos trabalhos da Academia. “A proposta ainda está sendo avaliada, foi feita na reunião passada, e temos que tomar esse tipo de decisão com muita calma”.

Palavra da família
Daliana Cascudo, filha de Anna Maria e neta de Luís da Câmara Cascudo, lembra que, na época da morte do avô, “aventaram essa hipótese de manter a cadeira dele sempre vaga como forma de homenagem, um símbolo, uma vaga honorária”.

Para ela a proposta (de manter a cadeira 13 vazia) tem lógica: “Seria uma homenagem bonita, como se ele sempre estivesse ali. É a cadeira do fundador, uma figura relevante para a Cultura do RN. Claro que todas as cadeiras são importantes, mas essa é especial para nós da família e acredito que para o Estado também. Os acadêmicos têm que ter muito cuidado nessa escolha”.

Ela disse que quando participou da solenidade na Academia Norte-riograndense de Letras, logo após a morte da mãe, a família falou sobre a preocupação para saber quem vai ocupar a cadeira 13. “Nem sei se é possível deixar uma cadeira vaga. Sei que é muito difícil substituí-lo, por isso a necessidade de um olhar diferente”, avalia. Sobre os candidatos Daliana preferiu não comentar. “A escolha é deles, a família Cascudo não vai interferir em nada”, garante.

* informações atualizadas em 7 de julho às 10h45

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