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Na cozinha do Bule

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O Bule está de volta. A pequena base de experimentações culinárias que a chef Sônia Benevides criou num recanto em Nísia Floresta, às margens da Lagoa do Bonfim, está novamente a pleno vapor desde dezembro. O espaço ficou três anos em recesso devido ao mestrado que Soninha fez em Portugal durante esse período. Terminado os estudos, ela retomou a casa com vontade de pôr tudo que aprendeu em prática. As novas ideias da chef já podem ser saboreadas de quinta a sábado para jantar, apenas sob reserva.
‘Sertãozinho’ com xilogravura de arroz negro, filé de sol defumado e ‘carvão’ de macaxeira
O mestrado em ciências gastronômicas se voltou para o estudo de técnicas e ingredientes que mostrassem as influências portuguesas na cozinha sertaneja do Nordeste. “Quando você está longe é que percebe ainda mais o valor daquilo que deixou pra trás. Em Portugal eu amei ainda mais os ingredientes da nossa culinária. Eu pude ver o orgulho dos portugueses em relação aos seus insumos regionais, e percebi melhor a beleza de nossa culinária. Eles são mais cientes disso que a gente, mas podemos melhorar”, analisou.

Regional experimental
O resultado desse autoconhecimento gastronômico está no uso maior de certos ingredientes regionais na cozinha da chef. Iguarias bem conhecidas por todos como a linguiça do sertão, o cordeiro, os queijos de manteiga e coalho, o caju e a rapadura estão agora com bastante presença no menu de Soninha. Claro, ela dá o toque diferenciado com sua criatividade e as técnicas que aprendeu a usar, como o cozimento em baixa temperatura, defumação, desidratação, entre outras.

As novas ideias já podem ser saboreadas em algumas criações  da chef, como o carré de cordeiro com almôndegas de feijão verde; uma canja de galinha d’Angola relida; discos de tapioca com sardinha defumada; casquinhos de siri em forma de cone com caviar de coco; pamonha salgada; sorbet de caipirinha; peixe com caviar de tomate e manjericão com caldo defumado de tomate, entre outras iguarias.
A chef e sua equipe
Vale salientar que o menu do Bule é ‘confiance’, ou seja, o cliente não sabe o que vai comer. Pode ser alguns desse pratos surjam na noite, ou pode ser que não. Confie na chef. O jantar inclui uma pré-entrada com fingers food, entrada, dois pratos, e duas sobremesas. O local atende até 16 pessoas por noite.

No jantar de lançamento, Soninha criou pratos com visual arrojado e sabores curiosos, como um duo de esferas de cajá e mangaba; uma árvore de cajuzinhos doces e um prato que remete a secura do sertão nordestino, com cenário onde coube até uma xilogravura de Lampião e Maria Bonita, impressa em papel de arroz por cima de um brownie de arroz negro. Para decorar, brotos e flores de vegetais da região, como a flor da urtiga mansa.

A chef ressalta que seu  objetivo é cada vez mais conservar o sabor original do produto, utilizando técnicas e cocções variadas. Soninha afirma que, apesar dos produtos regionais, ela não poderia classificar sua comida como regional. “A cozinha regional mantém um elemento rústico original, diferente do que eu faço, que passa por muitos processos. Também não me considero ‘fusion’, não de um jeito clichê. Eu quero mais é aprender a modificar o que a gente já conhece, de uma forma interessante”, conclui.

Serviço:
O Bule. Lagoa do Bonfim, Nísia Floresta. Aberto de quinta a sábado para jantar. Apenas sob reserva. Tel.: 99179-1255.

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