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“Na juventude eu Boto Fé!”

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Jovem empolgado. Um padre envolvido com a mobilização do próprio jovem. Desafio? Sim,  mas o próprio desafio se transforma em força para o trabalho. Com apenas sete anos de sacerdócio o padre Carlos Sávio da Costa Ribeiro, ou simplesmente padre Sávio, como é mais conhecido, atua na Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, estando o seu trabalho diretamente responsável pela “animação do jovem”, ele é Assessor Nacional do Setor Juventude da CNBB. Padre Sávio não apenas tem demonstrado desenvoltura com a função, ocupada há dois anos, como também surpreende, empreendendo eventos que chamam a atenção dos jovens e funcionam como um grande convite ao engajamento. “Sempre gostei muito de trabalhar com os jovens desde seminarista, nos momentos de serviço pastoral estive muito próximo à juventude em todas as paróquias por onde passei, por acreditar que a juventude é muito importante para a vida da Igreja e da sociedade”, destaca. 
Padre Carlos Sávio da Costa
Com apenas alguns minutos de conversa ao lado de padre Sávio é possível perceber toda sua empolgação e seu entusiasmo pelo trabalho. Na prática, é o jovem animando jovem. E que trabalho! Agora ele está toda atenção com o chamado projeto Bote Fé, desenvolvido em todos os Estados brasileiros com a passagem da cruz e do ícone de Maria, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, evento que acontecerá no Rio de Janeiro em 2013. Para Natal, cidade onde nasceu,  padre Sávio reservou algo mais além da própria passagem dos símbolos da Jornada. Será na capital potiguar que acontecerá a gravação de um DVD reunindo as 25 principais atrações da música da Igreja Católica. Um desafio a mais para o jovem sacerdote.

O convidado de hoje do 3 por 4 é um sacerdote que se mostra um desbravador, um jovem encantado e impulsionado ao trabalho de animar para a Igreja Católica o próprio jovem. Padre Sávio fala com alegria, é atencioso no trato, simpático com o espectador e se mostra, sobretudo, um sacerdote que vai além nos seus desafios e na sua missão.

Não é comum um sacerdote tão jovem assumir função de destaque na CNBB como o senhor alcançou. A que o senhor credita esse posto ocupado hoje na CNBB?

É fundamental neste aspecto ser consciente que esta função é, sobretudo um serviço. Quando fui ordenado padre, após 8 anos de estudos, a Igreja através do Bispo me confirmou apto a exercer o ministério sacerdotal para servir com disponibilidade e despojamento onde quer que ela me enviasse.

Sempre gostei muito de trabalhar com os jovens desde seminarista, nos momentos de serviço pastoral estive muito próximo à juventude em todas as paróquias por onde passei, por acreditar que a juventude é muito importante para a vida da Igreja e da sociedade. Estimo que foi essa minha identificação com a juventude que motivou o chamado para esse serviço.

Para o senhor chegar ao cargo nacional na CNBB o que foi determinante nessa trajetória?

Este chamado a exercer um serviço junto aos bispos do Brasil, creio que tenha sido por causa dessa tão nítida opção preferencial pela evangelização da juventude e pelos trabalhos que desenvolvi com os jovens nas paróquias e comunidades por onde passei. Participei ativamente da organização do 9º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude aqui em Natal que foi determinante para esse convite feito pela Igreja do Brasil.

Qual a maior dificuldade em lidar com os jovens na Igreja Católica?

Os jovens são maravilhosos de se trabalhar, tenho encontrado por ai milhares deles que fazem trabalhos inacreditáveis. Porém, precisamos investir na orientação do projeto de vida de nossa juventude, vejo esse fator como um grande desafio. Contemplando o quadro atual de hoje, a Igreja como Mãe e Educadora contribui apontando luzes para esta desafiadora realidade que nos interpela e para isso acontecer eficazmente precisa haver também um esforço conjunto da família, Igreja domestica e primeira formadora do homem e da classe política, pensando em políticas públicas justas e eficazes para essa parcela da população. O Papa tem convocado incessantemente a Igreja a acolher com muita fraternidade e ternura os jovens, deixando claro para eles que os queremos bem e acreditamos em seu potencial mobilizador e transformador que infelizmente tem se deturpado por diversos fatores.

Os dogmas da própria Igreja e os conceitos por ela defendidos entravam a relação da Igreja Católica com os jovens?

Não acredito que os dogmas e os conceitos da Igreja sejam fator de entrave na relação com os jovens. Pelo contrário, são os alicerces da juventude cristã, uma proposta de felicidade para todos, inclusive para os jovens. É importante ter clareza do empenho da Igreja em favor da vida plena para todos os homens, que é sempre muito maior que as chamadas proibições. Num mundo com valores que mudam sempre, a Igreja propõe os mandamentos e as bem-aventuranças como caminho seguro para todos nós. Hoje na Igreja temos inúmeras e significativas opções de engajamento para essa parcela tão preciosa do povo de Deus. Em minhas viagens por todo o Brasil não canso de dizer olhando dentro dos olhos dos jovens que a Igreja acredita neles e espera muito deles. Os valores do Evangelho nunca passarão e são neles que a Igreja se fundamenta para apoiar de modo substancial, com muita nitidez, o caminho a ser seguido pelos jovens.

Hoje como Assessor Nacional do Setor Juventude da CNBB qual o seu principal desafio?

Sem dúvida alguma é acompanhar a rica pluralidade da Igreja do Brasil em relação a evangelização da juventude, mostrando a todos a importância de cada realidade diferente para uma evangelização mais eficaz. A cada dia me surpreendo com formas tão criativas que se consolidam em todos os recantos do país, atraindo milhares de jovens. Projetos como o Jesus no Litoral que leva milhares deles a exercer de forma tão criativa um serviço missionário nas praias do sul, sudeste, e nordeste do país neste período de verão. A Caravana Natal Feliz aqui em nosso Estado, que há 15 anos traduz de uma maneira fenomenal o sentido verdadeiro do Natal para pessoas que estão quase sem perspectiva de vida. A participação determinante das Pastorais da Juventude nos conselhos de juventude das cidades, estados e no conselho nacional. As novas comunidades que, com dinamismo e intrepidez, têm atraído jovens para um encontro pessoal com Jesus Cristo.

As ações da CNBB se voltando muito mais para os jovens são sintomáticas de tentar “reaver” o espaço perdido para outras religiões?

Nosso serviço não é de combate. Continuaríamos com os nossos trabalhos mesmo se fossemos os únicos no Brasil. Temos que testemunhar a unidade, que é sinal do reino de Deus.

O senhor está a frente de um evento nacional que é o “Bote Fé”, realizado em todos os Estados brasileiros. Como surgiu essa idéia e é possível “botar fé” no brasileiro?

Era preciso apresentar a todos os bispos do Brasil o projeto de preparação para a Jornada Mundial da Juventude Rio- 2013. Lembro-me quando ouvi pela primeira vez o nome “Bote Fé”, em uma conversa informal com um dos maiores publicitários do Brasil. No início fiquei um pouco temeroso, pois dali a poucos dias teria que fazer a apresentação aos Bispos do Brasil acerca do projeto final da peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora em preparação para a Jornada Mundial da Juventude no Brasil.

Recordo-me com imensa alegria a confirmação dos mais de 300 Bispos na última assembléia geral com uma sonora salva de palmas após apresentarmos o projeto “Bote Fé”. Passado o tempo, em nossas reuniões em Brasília, foi se desencadeando um processo, após ouvir diversas instâncias de jovens e assessores adultos, acerca de diversos aspectos importantes para a vida do jovem para chegarmos em um projeto audacioso e criativo de evangelização para a juventude. Hoje o projeto “Bote Fé” tem movimentado de uma maneira impressionante os jovens de todo o Brasil em três vertentes: a celebração, a formação e a ação social.  A Igreja tem Fé em Cristo e acredita que o Povo de Deus também merece crédito em formar uma sociedade digna e solidária, por isso dizemos: “Bote Fé”.

Nesse evento Bote Fé será feita uma gravação de DVD em Natal com 25 atrações da Igreja Católica. Por que a escolha da capital potiguar?

Diante do número tão significativo de “artistas” católicos, que pela primeira vez se reúnem em um mesmo palco, foi muito difícil conseguir um dia que todos pudessem se encontrar em um mesmo lugar devido a agenda de shows de cada um. Com a graça de Deus conseguimos esta data e alguns até tiveram que antecipar ou adiar seus compromissos para atender este pedido da CNBB. Saliento que todos participarão do projeto cedendo gratuitamente todos os direitos artísticos e de imagem em favor do projeto Bote Fé. O dia 10 de fevereiro coincidiu com a chegada dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude em nosso Estado, daí aproveitamos para realizar este projeto em Natal, uma Arquidiocese que historicamente tem um legado tão importante para a Igreja do Brasil. Natal foi agraciada com este evento histórico para a música católica do Brasil.

A gravação desse DVD envolverá quanto em recursos públicos?

Para a gravação deste DVD temos como principal parceira uma das maiores gravadoras do mundo, a Sony Music, ela assumirá quase que a totalidade das despesas ligadas a gravação. Os demais recursos estão sendo alcançados junto a iniciativa privada, que de maneira solícita tem respondido de uma forma tão significativa, acreditando neste projeto que certamente movimentará toda a cidade do Natal. A CNBB ficou responsável pelo direcionamento artístico e pastoral e a Arquidiocese de Natal com o evento em  si. Também procuramos a Prefeitura de Natal e o Governo do Estado, os quais nos recepcionaram muito bem e comprometeram-se com a parte logística necessária para que o evento aconteça e possa atingir todos os seus objetivos. Assim está sendo concretizado o projeto Bote Fé em Natal.

Como o senhor pretende atuar nos preparativos dos jovens brasileiros para a Jornada Mundial da Juventude?

O Brasil sediará o maior evento religioso de sua história em julho de 2013, que em número de participantes é maior que a Copa do Mundo e as Olimpíadas juntas. Para isso, já estamos preparando os nossos jovens através de um plano nacional de evangelização que deverá envolver todas as forças da Igreja no Brasil. Não tenho dúvidas que a evangelização da juventude será uma antes e outra depois da Jornada Mundial da Juventude.

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