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Na ONU, Michel Temer justifica o impeachment

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Cláudia Trevisan
Agência Estado

Nova York – Em seu discurso de abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Michel Temer defendeu a legitimidade de seu governo e disse que o processo de impeachment no Brasil respeitou a “ordem constitucional”. Falando a líderes de vários países do mundo, ele afirmou que o Brasil passa por um processo de “depuração de seu sistema político” e tem um compromisso “inegociável” com a democracia.
Michel Temer afirma, na ONU, que o país passa por um processo de “depuração” política
#SAIBAMAIS#“O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional”, declarou o presidente, que foi aplaudido apenas no fim do pronunciamento de maneira protocolar. A situação política do Brasil foi mencionada por Temer no fim de seu discurso de 20 minutos – cinco a mais do limite sugerido aos chefes de Estado. Quase todo o pronunciamento foi dedicado a questões globais e às prioridades da política externa brasileira, em um contraste com a presidente cassada Dilma Rousseff, que costumava usar a tribuna da ONU para tratar de questões domésticas.

Diplomatas disseram que o discurso de Michel Temer representou a retomada de uma tradição brasileira de realizar na Assembleia-Geral um discurso de Estado focado em política externa. Em 2014, na véspera da eleição, Dilma usou a tribuna para fazer um discurso de campanha, no qual se referiu até aos programas de apoio ao ensino profissionalizante de seu governo.

Justiça
Sem mencionar de maneira específica as investigações da Lava Jato, Temer disse que o Brasil passa por um processo de “depuração” política, no qual as instituições funcionam de maneira plena. “Temos um Judiciário independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre”, afirmou. “Não há democracia sem Estado de Direito – sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos. É o que o Brasil mostra ao mundo “.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que a menção ao impeachment e à transição política foi um “dever de cortesia” com os líderes dos países da ONU. “Foi uma referência breve, para situar.” Temer afirmou que sua tarefa agora é retomar o crescimento e gerar empregos. “Temos clareza sobre o caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social”, declarou.

Antes de se referir à situação do Brasil, Temer falou sobre algumas das principais questões globais, pediu transformações do sistema internacional e reiterou a defesa da reforma do Conselho de Segurança. “As Nações Unidas não podem resumir-se a um posto de observação e condenação dos flagelos mundiais”, afirmou. “Os semeadores de conflitos reinventaram-se. As instituições multilaterais, não.”

O presidente criticou o nacionalismo exacerbado, a xenofobia, a demagogia e o protecionismo. O terrorismo, a guerra civil na Síria e a crise de refugiados foram mencionados como exemplos da incapacidade da comunidade internacional de lidar com essa nova realidade global. 

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