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Na rota do caranguejo

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Gladis Vivane – Repórter

Ele não é exatamente o que podemos chamar de um bichinho simpático. Além da aparência estranha, ainda vive na lama. Isso aliado ao fato de que para comê-lo você precisa arrancar e quebrar patas, e muitas vezes se sujar um pouquinho.

Para algumas pessoas é motivo suficiente para se manter longe do caranguejo. Ou talvez apreciar no máximo um ensopado, onde já tiveram o trabalho de separar a carne previamente. Mas para muitos, o caranguejo é uma iguaria deliciosa e insubstituível. Se debruçar sobre um prato de caranguejos inteiros chega a ser terapêutico e comer é um verdadeiro ritual. Para os amantes do crustáceo a TRIBUNA DO NORTE elaborou a “Rota do Caranguejo”, com os melhores lugares para apreciar a iguaria. Bom apetite!

No Bar do Suvaco, o sucesso é o caldo bem temperadoBar do Suvaco

O Bar do Suvaco tem dado o que falar com o caranguejo suculento e bem temperado que oferece. As atenções são divididas com o “primo”, o goiamum. Adalberto Júnior conta que traz seu caranguejo de Macau, mas o goiamum é de casa. Ele cria em torno de 200 para engorda. Com quatro anos de existência, o “Suvaco”  conquistou uma clientela expressiva graças ao crustáceo. O pirão, feito do próprio caldo do caranguejo, é opcional, acompanhando também farofa e vinagrete. O caranguejo no Suvaco custa R$ 4,00.  Rua extremoz, 48, Nova Parnamirim. Aberto de 3º a domingo. De 3º a 6º das 16h a 0h. Sábado e domingo das 11h às 20h.

Barraca do Banga

Há 40 anos a Barraca do Banga é um paraíso da gastronomia à beira do rio de Pirangi. O caranguejo, é claro, é uma das estrelas do cardápio. Ele divide o espaço com camarões, lagosta e as famosas tapiocas, mas é o rei na preferência dos clientes. O descanso na rede após a refeição é cortesia da casa. Rua do Poço, 28, Pirangi do Sul.

Abre todos os dias das 10h até o último cliente.

O caranguejo custa R$ 4,00.

Caranguejo temperado com shows e capoeiraBarraca do caranguejo

A barraca do caranguejo fazia sucesso alguns anos atrás em Ponta Negra como uma barraquinha à beira-mar, especializada em caranguejo. Depois subiu a calçada, para o lugar onde está até hoje, na Av Erivan França, orla de Ponta Negra. Tem patola, casquinho e ensopado de caranguejo.

Por estar localizada na praia que é o principal destino dos turistas que chegam à Natal, o ferece uma programação de música regional, capoeira e shows de repentista.  Av Erivan frança (Orla de Ponta Negra). Abre todos os dias, das 11h30 às 23h30. O prato com três caranguejos no coco custa 13,99 e na água e sal, R$ 11,99.

Rodízio e delivery são os novos serviços da Cia do CaranguejoCia do Caranguejo

Pioneira no serviço de delivery de caranguejo, a Cia do Caranguejo abriu as portas há seis anos com a proposta de vender caranguejo em horário mais amplo: “Eu trabalhei em um restaurante que vendia caranguejo aqui durante nove anos. Certo dia fiz uma viagem para Recife e vi que as pessoas lá tinham o hábito de sair à noite para comer caranguejo, coisa que não acontecia por aqui. Apostei que poderia dar certo esse novo horário, e trouxe a ideia pra cá. Também colocamos o serviço de entrega, e até hoje tem dado muito certo”, explica Weidson Gomes, proprietário do local.

Além do caranguejo a Cia tem também o Goiamum, que é “cevado” (alimentado para engordar) no próprio local. O cliente pode escolher o goiamum que quer comer e o prato é preparado na hora.

O caranguejo servido no restaurante vem da Paraíba, Patola de caranguejo à milanesa, ensopado e bolinho de caranguejo são outros destaques do cardápio.

Na terça feira tem rodízio de caranguejo. Por um valor fixo o cliente pode comer quantos quiser. Além do pirão, da farofa e do vinagrete que acompanham os caranguejos.

Av Romualdo Galvão, 3486A, Lagoa Nova. Terça a sexta de 17h a meia noite. Sáb, dom e feriado das 11h às 22h. O caranguejo no coco ou na água e sal custa R$ 4,00.

Na terça-feira o rodízio de caranguejo é R$ 20,00. Inclui pirão, farofa e vinagrete.

Na beira da praia de Cotovelo e filial em Santa RitaBarramares

De longe já se entende que a especialidade do local é caranguejo: a fachada é decorada com imagens gigantes do crustáceo. Lá dentro o caranguejo é servido com pirão, farofa e vinagrete.

Uma iguaria exclusiva do Barramares faz sucesso entre os clientes: o casquinho de caranguejo que é totalmente comestível. Trata-se da carne ensopada servida em um “casquinho” feito de massa de pastel.

A patola de caranguejo à milanesa com molho rosé é outro destaque.

Além do restaurante de Cotovelo, o Barramares abriu uma filial no litoral norte, na praia de Santa Rita. Como promoção de inuaguração, o caranguejo está custando R$ 1,99 no novo Barramares. E a caipirinha também tem 40% de desconto.

Av Cotovelo, S/N, Praia de Cotovelo. Aberto de 3º a Domingo das 9h às 17h. O caranguejo custa R$ 3,85. No litoral norte o Barramares fica na Estrada da Redinha, próxima ao Aquário Natal e o caranguejo custa R$ 1,99.

No Balada Bar, o caranguejo é grande e pode vir até do PiauíBalada Bar

Com um ano e oito meses de funcionamento, o Balada Bar já conquistou uma clientela fiel que aprecia o caranguejo da casa. Um dos sócios da casa, Gustavo cabral diz que o sucesso se deve ao tempero e à escolha dos caranguejos:

“Nosso caranguejo no coco é muito procurado. Além disso temos o cuidado de escolher os caranguejos maiores, que os clientes gostam muito”, afirma Gustavo.

O caranguejo da casa vem de Canguaretama, Guamaré, da Paraíba e as vezes até do Piauí.  O Balada oferece também patola, ensopado e escondidinho de caranguejo.

Bar do Galego

Pra quem gosta de comer caranguejo à beira-mar, o Bar do Galego é o lugar. O bar existe há 40 anos, mas faz apenas 3 anos que incluiu o caranguejo no cardápio. Rapidamente o lugar ganhou fama e conquistou novos clientes.

À beira mar em tabatinga (depois da igrejinha, vira à esquerda em direção ao mar). Aberto todos os dias das 8h às 18h. O caranguejo custa R$ 3,00.

No Centro: 294

Localizado em Petrópolis, o 294 é o preferido de quem quer apreciar um bom caranguejo mas não quer ir muito longe. O restaurante existe desde 1990. No fim do dia é comum ver grupos de amigos que elegem o crustáceo como estrela do happy hour. Na terça-feira o caranguejo é duplo: você pede um e ganha outro.

Além disso o 294 oferece casquinho, ensopado e pastel de caranguejo. E a novidade que está conquistando a clientela: o arroz de caranguejo.

Av Deodoro da Fonseca, 294, Petrópolis. Terça a sexta das 11h às 23h. Sáb das 11h às 20h e dom das 11h às 18h. O caranguejo custa R$ 3,50 no coco e R$ 3,20 na água e sal.

Toca do caranguejo

A história da Toca começa com uma família apaixonada por caranguejo. Gerson Lucena, o proprietário, conta que no início dos anos 90 ele e os familiares eram apreciadores de caranguejo, e sentiam falta de um restaurante que oferecesse o crustáceo. A avó dele já tinha um restaurante em João Pessoa, onde vendia um caranguejo que fazia muito sucesso. A família resolveu então abrir o negócio em Natal. “A receita do nosso caranguejo no coco é amesma desde 93 quando abrimos a Toca. Foi criada pela minha avó”, conta Gerson. 

Deve estar aí o segredo do sucesso. A Toca do Caranguejo já mudou de endereço algumas vezes, e agora está em Ponta Negra, em frente ao estádio do ABC. Mas independente do CEP, é sempre casa cheia. Em quase 20 anos de funcionamento, eles acompanharam o sumiço do caranguejo dos mangues de Natal e tiveram que se adaptar para manter o cardápio. 

“Hoje nós trabalhamos o ano todo com pescadores de canguaretama, Diogo Lopes, Porto do Mangue e Macau. Vou a esses lugares três a quatro vezes por semana escolher o caranguejos, e mantemos essa parceria o ano inteiro para garantir o abastecimento constante”, explica Gerson. A Toca oferece também casquinho e ensopado de 

caranguejo. 

Rodovia Rota do Sol, Ponta Negra. Aberto todos os dias. 2ª, 3ª, sáb e dom das 10h às 18h. 4ª e 6ª feira das 10h às 21h. R$ 4,00 (ao coco ou na água e sal).

Lamparina Bar 

Conhecido pela comida regional nordestina, o Lamparina também está fazendo fama com o caranguejo. O restaurante tem também um tanque onde mantém os goiamuns que são preparados pela chef Ruteana Costa. Na quinta-feira a casa fica cheia para a “Quinta do Goiamum”. O preço atrai: de R$ 4,50 nos dias normais, o goiamum vai para 2,50 na quinta-feira.  Rua Des Gomes da Costa, 1953, Capim Macio.

Aberto de 5ª a sábado, das 17h à meia-noite.

Caxangá

Em Pipa, é possível comer um caranguejo delicioso, na melhor paisagem que a natureza pode proporcionar. Localizado à beira-mar, o restaurante tem o caranguejo como um dos principais atrativos. O crustáceo é preparado na hora. O cliente escolhe os caranguejos ou goiamuns ainda vivos, e toma um drink enquanto o prato é preparado. A receita é tradicional, na água e sal. O Caxangá não serve caranguejo no coco. Orla da Praia da Pipa, 16. Aberto todos os dias das 9h às 18h. O caranguejo custa R$ R$ 3,00.

Cia do casquinho

Não é o caranguejo inteiro, mas o casquinho da Cia do Casquinho tem fama e fãs. Preparado por Célia Barbosa, o segredo é o tempero com leite de coco na medida certa. De 6ª a domingo é possível conferir o sabor do casquinho no Bar do Mário, cujo proprietário é o marido de Célia. Para quem quiser levar o sabor pra casa, a Cia do Casquinho também recebe encomendas.

Encomenda de casquinhos pelo telefone 3222 9243. O Bar do Mário, onde o casquinho é servido fica na Av Jaguarari, S/N, Barro vermelho.

Caranguejo está sendo pescado cada vez mais longe

Ao mesmo passo em que os potiguares adoram comer caranguejo, o crustáceo continua a desaparecer do Rio Grande Norte.

A escassez do caranguejo acompanha o movimento de extinção dos mangues. A partir da década de 90, grandes extensões de manguezal passaram a ser substituídas por viveiros de camarão aqui no estado. Além disso, em áreas próximas ao viveiro os caranguejos não conseguem sobreviver.

“O caranguejo é um predador natural da larva do camarão, então os criadores colocam aditivos na água para impedir a reprodução dos caranguejos”, explica o coordenador do movimento SOS Mangue, Rogério  Câmara.

Nos arredores de Natal hoje em dia é praticamente impossível encontrar caranguejos. O estuário do Potengi já não é mais  o mesmo. Realidade bem diferente da que existia na cidade nos anos 80. Menos de vinte anos atrás as cordas de caranguejo eram postas à venda em vários pontos da cidade, afinal, era fácil “catar” os caranguejos do mangue do Potengi.

Os bares e restaurantes que servem caranguejo conseguem ainda comprar de catadores que vivem em áreas de manguezal em Macau, Porto do Mangue, Diogo Lopes e região próxima. Aquela área é hoje o último refúgio do caranguejo no Rio Grande do Norte.

Alguns restaurantes já estão recorrendo a estados próximos, como a região do Rio Tinto, na Paraíba.  Outros chegam a comprar de fornecedores mais distantes, como alguns que vêm do Piauí.

Apesar do quadro cruel, Rogério Câmara explica que o processo é reversível. O mangue, considerado um berçário natural e incubadora de todo o ecossistema marinho, pode se regenerar. Sem a interferência humana, em uma década pode-se recuperar um manguezal. Mas também é possível acelerar o processo plantando sementes. A condição para que isso aconteça é a saída dos viveiros de camarão das áreas de mangue.

“Caranguejo e viveiros de carcinicultura jamais poderão conviver no mesmo ambiente. O viveiro acaba não só com o caranguejo, desequilibra todo o ecossistema do mangue. Só com a saída desses viveiros poderíamos recuperar o mangue”, conclui.


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