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Nada

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Vicente Serejo

coluna

O Diabo um dia encapa e noutro desencapa, gostava de dizer Oswaldo Lamartine, de quem tenho uma saudade que não passa nunca. Dia desses, chegou a esta tela a indagação de um leitor desejando saber o que faço de verdade, se sou aposentado e vivo apenas de escrever todo dia, como se fosse um trabalho. É, chamo de trabalho a vadiagem feita de uma literatice que sequer chega aos algodões da glória provinciana e não melhora a vida dos poucos leitores.

Confesso que não aprendi a fazer outra coisa. Sou um velho caçador de notícias e o pior é que o ofício virou vício, numa rima pobre. Menos pelo que penso e mais pela aventura de encher de palavras o branco da tela, depois de anos sujando o papel de laudas e mais laudas ao longo de quase meio século. Decepcionei meu pai por não ter sido um bacharel em Direito e fiquei com a dívida, hoje em amareladas notas promissórias. Agora é tarde, muito tarde.
Lembro que um dia, tentando bordar uma frase de efeito, tão comum nos parnasianos, cometi a bobagem de dizer que ele, meu pai, era um ex-combatente de uma guerra que nunca viu. Ele não gostou. Tudo em razão de uma prontidão de três anos nas margens de Ponta Negra, em manobras que aguardavam o chamamento da pátria para o dever de defendê-la, sob as ordens de um coronel de ferro de nome Nilo Horácio de Oliveira Sucupira. Nunca esqueci.

Na verdade, e caído nesse velho clichê, aprendi e ensinei, ensinei e aprendi, sem nunca ter certeza do que ensinava. Os anos foram indo, um a um, e agora estou aqui no mesmo ofício, e no qual cuidei de não ser doutor para viver o êxtase de novas descobertas. Não acredito em nada definitivo no jornalismo. Tudo é sempre muito provisório, fatos que nascem e morrem a cada tempo. Sempre cometi colecionar sensações, entre afeições e desafeições.

Talvez tivesse sido mais útil àquele rapaz muito tímido ter saído dos bancos escolares com algo de mais valor – advogado, engenheiro ou doutor. Não deu. O fascínio pelo vinho fácil das coisas banais acabou banhando a alma pobre de requintes. E se cometi a ousadia de ir bater em alguns lugares muito distantes, foi por curiosidade. Queria saber do mundo e seus mistérios, o segredo de todas as coisas de que ouvia falar, ainda que nada pudesse conquistar.

Por isso não tenho resposta para o leitor que todas as manhãs procura, neste canto de página, a minha razão de viver. Não sei. Não sei. Gosto de tudo que fiz e deixei de fazer, e se fazer e não fazer são pedras de uma pequena história pessoal, tanto melhor. Sonhei, confesso sem pejo, em ser um contador de histórias encantadas, mas veio essa vida besta e, como no poema triste de Manuel Bandeira, fez de mim o que quis. E, o que é pior: faria tudo outra vez.

DESTINO – O MDB pode não ser o porto definitivo de onde zarparia o prefeito Álvaro Dias para enfrentar as tormentas eleitorais de 2020. Há quem afirme isto e aposte as suas fichas.

AVISO – Ninguém duvide: a Prefeitura de Natal vai fiscalizar e multar quem jogar o lixo ou metralhas nos canteiros e praças da cidade. O abuso vem se transformando num vício abusivo.

VALOR – Segundo levantamento da Secretaria de Serviços Urbanos, só para recolher parte do lixo e metralhas, a despesa chega à cifra de R$ 2 milhões de reais por mês. Vem multa aí.

FIRME – Esta coluna antes avisou e agora confirma: o prefeito Álvaro Dias paga dezembro e o décimo-terceiro dentro de 2019, ou seja, até seu último dia útil. Prego batido e ponta virada.

PORCO – O Hotel Imirá assumiu a carne de porco no seu cardápio permanente. O Festival do Porco será dia 16 de novembro, todo a partir dos cortes especiais da criação de Mano Targino.

PROEDI – Virou uma questão de sobrevivência, para os prefeitos atingidos, a luta contra os efeitos do novo Proedi. Natal passa a ter um prejuízo mensal de receita de até R$ 3 milhões.

EFEITO – Foi estratégico o posicionamento do prefeito Álvaro Dias galvanizando em torno dele cerca de cem prefeitos que ficariam sem um líder pela omissão da entidade municipal.

AMOR – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, perguntado sobre os seus olhos empapuçados de ressaca, sem dizer nada sobre a festa da carne pecadora: “Coisas do amor”.

INJUSTO – Dom José Adelino Dantas, ex-reitor do Seminário São Pedro, por mais de quinze anos, segundo aluno da instituição a ser sagrado bispo, foi o grande ausente da homenagem na sessão solene promovida pela Assembleia.

Uma omissão injustificável com seu grande nome.

MAIS – Outra injustiça da organização da homenagem: esquecer Genibaldo Barros, ex-aluno do Seminário nos anos quarenta. Ex-secretário da Saúde, ex-vice-governador, ex-reitor e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado. Esse tipo de omissão empobrece a Assembléia.

GLÓRIA – Dona Benigna, grande mãe, fez 91 anos com a sua fé que protege a todos nós – filhos, filhas, netos, bisnetos, genros e noras. Ela pode olhar os anos passados sem nunca ter perdido essa fé. A mulher incansável que transmitiu a cada filho a coragem serena de viver.

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