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“Não podemos perder de vista o diálogo com os partidos aliados”

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Maria da Guia Dantas – repórter

Mesmo se dizendo focada na defesa da candidatura do deputado Fernando Mineiro (PT) à Prefeitura do Natal, em 2012, a deputada federal Fátima Bezerra (PT) pondera que o grupo de partidos aliados no âmbito do Governo Federal – e citou entre os quais o PDT e o PSB, dos também pré-candidatos Carlos Eduardo e Wilma de Faria – não deve perder de vista a união para derrotar a atual administração natalense e o bloco que ela diz ser capitaneado pelo Governo do DEM. A parlamentar ressalta “o preço alto que Natal vem pagando” por ter escolhido a atual prefeita Micarla de Sousa (PV) como gestora da cidade, e afirma que é responsabilidade das legendas parceiras de Dilma Rousseff (PT) apresentarem nomes qualificados para “sanarem o caos”. Nesta entrevista, ela fala da atuação no Congresso Nacional, da defesa de uma reforma política urgente e não descarta uma possível candidatura ao Senado, em 2014. Veja a seguir:

Qual o resultado prático no âmbito da Comissão de Educação e Cultura, da qual a senhora presidiu em 2011?

Eu diria que positivo. A comissão teve uma boa produção legislativa esse ano. Eu destacaria a questão do debate e aprovação do Pronatec [programa prevê o aumento da oferta de cursos profissionalizantes e de qualificação profissional], em tempo recorde, e com essa iniciativa transformamos em política de Estado um dos projetos mais vitoriosos do governo do presidente Lula, que é a expansão das escolas técnicas. Só aqui no nosso Estado tínhamos duas e hoje já são 18. Com o Pronatec vamos oferecer nos próximos quatro anos oito milhões de vagas na educação profissional. O outro projeto que eu destacaria é o do Plano Nacional de Educação. Nós participamos intensamente desse projeto que está às vésperas de ser votado e nós estamos fazendo um esforço grande para que agora, com o encerramento dos trabalhos legislativos, a gente possa votar. Esse é um projeto estratégico para a Educação porque simplesmente vai decidir o destino da educação brasileira nos próximos dez anos. É um projeto que fala desde a questão da universalização, da gestão democrática, da formação da carreira e do salário do professor e fala também da questão do financiamento. Eu quero destacar aqui um ponto muito importante porque foi incorporada nessa matéria uma emenda que nós havíamos apresentado, que trata da melhoria salarial do professor. Essa emenda vai garantir que nós possamos equiparar o salário do professor ao dos demais profissionais de nível superior. Ou seja: formação equivalente, salário equivalente. Só para se ter uma ideia o MEC fez um estudo que mostra que os professores ganham em média 60% a menos do que ganham os demais profissionais de nível superior. A média dos salários demais profissionais está em torno de 2.800 reais, quando o do professor é de R$ 1.187.  Quero destacar também no campo da cultura o debate que nós fizemos acerca de um projeto muito importante que é o vale-cultura, que está em vias de ser aprovado. E o debate orçamentário. A Comissão teve um trabalho muito protagonista nessa área. A comissão apresentou um orçamento geral da União em 2012 quatro emendas. Duas para a educação, que foram destinadas para a expansão e fortalecimento do ensino superior das Universidades e a outra para educação profissional. No âmbito da cultura conseguimos aprovar projetos voltados para fortalecer o programa nacional do livro e leitura e a outra para a questão da política dos museus e para fomento a projetos em artes. Eu não posso também deixar de falar da emenda que conseguimos aprovar no PPA [Plano Plurianual] e que é para que o Governo Federal crie um programa de apoio às Universidades Estaduais. E o outro é o da merenda escolar. É inaceitável os professores ficarem excluídos da merenda escolar.

A eleição municipal já bate na porta dos partidos e nada da reforma política. O que impede?

Eu sempre achei que a reforma mais importante é a política e, depois, a tributária. Essas são as duas reformas que lamentavelmente não andam. Para a reforma política nós fizemos um trabalho esse ano na Câmara e no Senado. O deputado Henrique Fontana (PT-RS) foi o nosso relator, fez um belo trabalho, elogiado por todos, mas na “Hora H” empancou de novo. A proposta de Henrique Fontana traz como eixo central a questão do financiamento público. Para tanto, claro, nós do PT defendemos o voto em lista preordenada aberta porque o eleitor deve votar duas vezes. O partido apresenta aquela lista, com aquela classificação, mas se você não concordar pode alterar. E outra coisa é a questão da fidelidade partidária. Eu lamento profundamente que não ande. O que tem empacado é o conservadorismo e o que está por trás disso são concepções de natureza ideológica mesmo, de natureza política. A maioria dos partidos daquela Casa não deseja e nem quer fazer a reforma política. Eles não querem porque as regras existentes hoje no nosso país favorecem essa composição conservadora da política. Eu estou dizendo isso porque se tem uma sub-representação das mulheres, negros, dos extratos mais pobres da população. Quantos representantes de movimentos como o MST você tem lá dentro? Quantos representantes, por exemplo, dos pequenos agricultores? Por sua vez há uma preponderância da bancada ruralista, dos setores empresariais. A bancada hoje lá dos trabalhadores, aqueles que vieram da luta social e popular, como eu, está diminuindo. Em 2002, quando eu cheguei ao Congresso, a maioria que vinha da luta social, hoje inverteu. Eu não estou aqui desconsiderando a capacidade e atuação das parlamentares, não se trata disso. Estou fazendo uma constatação da origem e do perfil. Isso para dizer para você que é um reflexo existente no Congresso. A bancada ruralista e dos empresários tem um peso grande e por sua vez vem diminuindo a bancada das lutas sociais. Claro que tem que ter todos esses representantes no Congresso, mas o que não pode ter é essa desigualdade.

Como está a discussão do PT em torno da eleição?

No ano passado, nós focamos na eleição de Dilma Rousseff e em ampliar a bancada no Congresso. Tivemos êxito. Agora em 2012 o foco é o PT e aí nós estamos ocupando espaços e nos preparando para apresentarmos o maior número de candidados, seja aos cargos majoritários ou aos legislativos. Nosso objetivo em 2012 é ampliar o número de prefeitos que temos no país afora.

O PT local já fechou questão em torno da candidatura de Mineiro a prefeito de Natal?

A eleição não é só em Natal, mas também na Grande Natal, Mossoró, demais cidades do interior e eu tenho andado muito em todo o Estado porque vou participar intensamente nas eleições de 2012 fortalecendo as campanhas dos companheiros e companheiras do PT. Então a orientação que nós temos no plano nacional é construir alianças no arco dos partidos que dão sustentação ao Governo Dilma, tanto é que aqui no RN nós vamos ter alianças com todas essas legendas. No que diz respeito a Natal, o partido está unido em torno de Mineiro, que está muito motivado e é um excelente nome. Nós temos um calendário e de acordo com a norma estatutária podemos confirmar a candidatura própria até março do ano que vem. O partido está unido em torno do nome de Mineiro, agora eu particularmente também tenho ressaltado que nós não podemos perder de vista de maneira nenhuma o diálogo com os partidos aliados. É o PDT, o PSB, o PC do B e outras legendas da base que estamos conversando, como o PSD. O fato é que eu acho que esse grupo que faz oposição ao DEM tem tudo para ganhar as eleições em Natal em 2012.

A senhora defende uma candidatura única desse grupo já no primeiro turno?

Eu acho que a gente deve adotar o caminho que seja mais adequado para nos levar à vitória em 2012. Natal está pagando um preço altíssimo pelo erro cometido em 2008, não é porque eu era a outra candidata, não se trata disso. Mas é visível o preço que Natal está pagando. Nós temos obrigação, as lideranças políticas, de tirar Natal da situação em que ela se encontra. Então esse momento é hora de ocuparmos os espaços. O PSB tem o nome da ex-governadora Wilma, o PDT o do ex-prefeito Carlos Eduardo e nós temos o nome de Mineiro. O partido está organizando seu exército e ocupando os espaços. Eu não tenho nenhuma dúvida de que vai chegar o momento da unidade desse grupo. E mesmo esse bloco estando em uma situação favorável, liderando as pesquisas, mas é bom botar os pés no chão. Nós não podemos subestimar o Governo. É um aparato e uma capacidade de financiamento que esse grupo pode aglutinar. Mas eu estou confiante porque o sentimento que eu vejo nas ruas é de um perfil popular e progressista para 2012. E nós do PT estamos apresentando o nome do deputado Fernando Mineiro.

Em nome da viabilidade desse grupo de perfil progressista que a senhora fala, o PT admite abrir mão de encabeçar a chapa?

O que está posto hoje é a candidatura própria. O partido já deliberou o que diz respeito à candidatura própria. O partido está unido. Se o partido vai ampliar ou não essa discussão aí não tem como dizer.

O PT chegou a ser cobrado pelo PDT por um gesto de reciprocidade. O que a senhor diz disso?

O ex-prefeito Carlos Eduardo tem sido um parceiro muito importante, pertence a um partido que é historicamente aliado do PT e do nosso projeto nacional, ou seja, tem muitas semelhanças do ponto de vista programático e ideológico conosco. É fato que o ex-prefeito teve um papel muito importante na disputa político-eleitoral de 2008, na defesa de que o PT indicasse o candidato a prefeito, nós reconhecemos isso. Eu particularmente acho que ele foi um excelente gestor, é um político de perfil progressista, agora é preciso entender que com todo o respeito pelo nome e pela candidatura dele, mas o meu partido tem um candidato e é o deputado Fernando Mineiro. Como a eleição é em dois turnos vamos trabalhar. Até porque nós não podemos deixar de dizer também da  ex-prefeita Wilma, que também é nossa aliada e nos acolheu também. Eu respeito todas essas candidaturas, que são muito fortes, mas o PT tem candidato. Eu tenho certeza que as lideranças políticas desse bloco terão a maturidade, responsabilidade e sensatez para, mesmo cada partido tendo seus projetos, não perder de vista a unidade que precisa ser construída para nós ganharmos as eleições de Natal com uma proposta que tire Natal do caos em que ela vive hoje.

A senhora pensa em alçar voos mais altos como o Senado?

Ainda está cedo para falar sobre isso, vamos deixar depois. Eu não descarto, mas não está no nosso horizonte agora de maneira nenhuma. E além disso, como é uma candidatura para cargo majoritário, passa por uma discussão nacional. O PT quer crescer em 2012 para continuar administrando o Brasil e também fazer o maior número de deputados federais, senadores e ganhar os governos estaduais. Mas o fato é que está muito cedo.

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