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“Não só Natal, mas o estado vai vivenciar a Copa”

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Vinícius Menna
Repórter

Após um ano e meio como vice-presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), o jornalista Alexandre Mulatinho assumiu em maio o cargo de presidente da instituição. Faltando menos de uma semana para o primeiro jogo da Copa do Mundo em Natal, que será realizado na sexta-feira (13), o novo presidente da Emprotur diz que o momento é de articulação para “atender bem o turista que aqui vai chegar”.
O presidente da Emprotur, Alexandre Mulatinho, fala sobre os efeitos que o RN deverá sentir a partir desta semana, com o início da Copa
“Temos agora que mostrar nossa hotelaria, a Arena das Dunas, que tem padrão para receber eventos dos mais variados tamanhos, o Terminal de Passageiros, que queremos que entre em atividade o quanto antes, e o Aeroporto Aluízio Alves, que será o maior indutor do turismo potiguar”, diz Mulatinho.

Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o novo presidente da Emprotur conta sobre o trabalho de divulgação realizado pela empresa – que chegou a ser alvo de críticas do trade turístico – e comenta ainda assuntos como o pós-Copa, a possível isenção para o imposto cobrado no querosene de aviação, entre outros temas.

O primeiro jogo da Copa em Natal é sexta-feira que vem, dia (13). Que efeitos o turismo e a economia, de forma global, sentirão a partir desta semana?
Acho que os efeitos do turismo já começaram antes, desde o momento em que Natal foi escolhida como cidade-sede, em 2009. De lá para cá, vem se fazendo um trabalho de colocar Natal na vitrine mundial do turismo. Isso coloca Natal numa condição fora do comum em relação a outras capitais, com visibilidade mundial através de mídia espontânea, cobertura dos jogos de oito nações que estarão aqui na Arena das Dunas, países que vão nos dar muito mais visibilidade, com retorno de turistas pós-copa.
O evento vai modificar a rotina do natalense, por questões de trânsito e de mobilidade. Na prática, vamos passar a conviver com as seleções que vão jogar aqui e vamos sentir aos poucos a chegada dos turistas. Serão 72 ônibus com mexicanos chegando para estacionar na UFRN e daqui irem para a Arena das Dunas, assistir o jogo. Uma parte desses mexicanos vai retornar para Recife depois, e cerca de 1.800 torcedores mexicanos vão a Mossoró, onde vão participar do Mossoró Cidade Junina. De lá, eles partem para Fortaleza. Aí, já temos a interiorização da Copa. Não só Natal, mas o estado vai vivenciar a Copa.

Qual é o perfil dos turistas que estarão na cidade? A maioria deles vem de onde?
A maior parte que foi identificada até agora pela compra de ingresso é do público de americanos: 20 mil. De maneira geral, a maioria são homens que vem em grupos. Uma parte deles vem acompanhada da família, com esposa e filhos, mas o público é predominantemente de homens. Foram colocados a venda 168 mil ingressos na Arena das Dunas, sendo que 59% desses ingressos foram vendidos para estrangeiros e 13% são turistas nacionais. Muitos paraibanos adquiriram ingresso na Arena das Dunas. E o restante é de moradores da cidade-sede e arredores. Isto comprova a ótima participação e adesão de turistas ao evento Copa em Natal. Isto na média dos quatro jogos em Natal.
Ou seja: dos 168 mil lugares na Arena das Dunas, colocados a venda para os quatro jogos, 100.800 são de estrangeiros. Uma excelente atração de turistas em decorrência dos jogos e do destino Natal. Temos ainda a estimativa da Embratur de que vamos receber 170 mil turistas no período da Copa, do dia 10 a 26 de junho.

Um cruzeiro marítimo com mexicanos que viria a Natal vai parar em Recife e os passageiros virão de ônibus ver jogos na Arena das Dunas porque a logística no Porto daqui seria complicada. Isso teve efeito negativo?
Não. Nossa ponte já tem esse efeito delimitador. Eu acho que o efeito positivo é que o nosso terminal de passageiros vai ser concluído e vai ficar disponível para que outros cruzeiros aqui venham. É preciso planejar, ver a dimensão desses navios que aqui vão chegar e colocar Natal nessa rota, que é muito rentável e que Natal estava de fora. Agora Natal está inserida nessa rota.

A Emprotur participou de vários eventos para divulgar o RN, mas representantes do turismo afirmam que a divulgação, as estratégias de olho na Copa, foram insuficientes. O que faltou?
Diante da escassez de recursos e da possibilidade de execução, o que foi feito foi satisfatório. Em parceria com a Embratur, participamos de 14 eventos internacionais somente com o foco em Copa, com o Goal To Brasil, junto com a Embratur. Eu particularmente participei em dois deles, um em Milão, na Itália, e outro em Lima, no Peru.

Para sorte nossa, os italianos aqui vão chegar e a mídia da Itália já sabiam das informações dos nossos roteiros. E o Peru não está nem na Copa, mas vai mandar 1.500 turistas para o Brasil, 300 deles para o Rio Grande do Norte. Isso é um resgate do turista peruano para o Rio Grande do Norte. O Uruguai é outro país em que nós participamos e que deu muito certo, foi para Natal no sorteio e nós estamos recebendo a seleção aqui. Participamos nos Estados Unidos e muitos americanos virão para cá.

Nesse sentido, o Goal to Brasil foi muito importante porque no conjunto das 12 sedes, Natal ganhou muito em mídia espontânea. Sozinhos, Natal e o Rio Grande do Norte não conseguiriam, juntando recursos de todas as entidades do turismo, pagar o que foi feito de mídia espontânea. Dou alguns exemplos de mídia que tivemos só nas últimas semanas: Fox Internacional, SporTV, GNT, Veja, Globo. Se isso tudo fosse pago, quanto custaria? Ser citado em todos esses veículos, no mundo, é um sonho para o Turismo. Isso é impagável.

Não estou duvidando dos dados das entidades do turismo, mas as pesquisas da ABIH, por exemplo, são feitas com os 80 associados deles. O que a gente viu na última estação foram matérias mostrando fila de espera para passeio de dromedário, no restaurante Camarões, no passeio de Maracajaú, nos Parrachos de Pirangi, ou seja, a cadeia do turismo é muito grande e ela tem se sustentado ao longo dos anos. A Copa vem para dar uma nova dinâmica nessa cadeia.

O senhor mencionou a questão da escassez de recursos da Emprotur, ponto que também já foi comentado pelo ex-presidente Sandro Pacheco. De quanto é o orçamento de 2014? Esse valor é suficiente para que a Empresa desempenhe o seu papel?
O orçamento da Emprotur aprovado para 2014 é de R$ 4,1 milhões. É um orçamento pequeno, modesto. Para o Pós-Copa, nós temos algumas prioridades. Uma delas é que a Emprotur tenha maior mobilidade para dar suporte ao destino, para que ele seja vendido externamente de forma que aqui nós tenhamos retorno. Para isso, é preciso redesenhar o papel da Emprotur e das parcerias com a ABIH, Abrasel, Convention Bureau, com as entidades que participam de eventos e divulgam o destino Natal e o Rio Grande do Norte. Porque quem não é visto, não é lembrado. Essa é a máxima.

A devolução de leitos pela Match para a Copa impactou o setor. Um exemplo foi o Vila do Mar, que declarou não ter conseguido ocupar parte dos leitos devolvidos. A devolução foi um problema?
Impactou positivamente. O que não foi vendido antes, foi vendido agora por um preço três vezes maior. Hoje, a poucos dias da Copa, a maioria dos hoteis está com 70% de ocupação. O Vila do Mar conseguiu fechar um pacote com japoneses que vão ficar mais de cinco dias.

Qual será o grande legado da Copa para o turismo?
A vitrine mundial. O turismo potiguar voltou a ter um lugar e destaque como destino turístico.

Um estudo recente do Itaú sobre o RN estima que o PIB vai desacelerar a partir de 2014 e que a atração de investimentos ocorrerá em ritmo menor que em outros estados. Como o turismo, um dos carros-chefes da economia, pode ajudar a evitar isso e manter a economia aquecida?
Esse é o perfil no Brasil como um todo e a cadeia do turismo do Rio Grande do Norte é vasta, nós temos 52 setores. É uma cadeia que tem sustentabilidade, mas é preciso um debate mais forte, e que as entidades e as classes política e econômica deem o real valor a esse setor como uma cadeira produtiva geradora de emprego e de renda forte, eficiente e de destaque no Rio Grande do Norte. Para isso, é preciso ter linhas de crédito bem posicionadas. Nesse sentido, é preciso também que a pasta do Ministério do Turismo seja valorizada para que possa fazer os financiamentos necessários em infraestrutura, permitindo que a cadeia produtiva respire e tenha novas condições.
No Pós-Copa, precisamos avaliar a qualidade do turismo que nós estamos oferecendo a quem nos visita. Será que o nosso serviço é adequado? Será que a qualidade dos destinos em termos de informação, sinalização, é adequada? E nossas estradas? As pessoas que estão atendendo os turistas são bem qualificadas? Como estão as condições de transporte? Então, o legado que nós vamos ter de Copa é também esse redesenho do turismo.

O estado tem um aeroporto recém-inaugurado e há anos se fala na expectativa de ele ser um “centro de distribuição de cargas e passageiros”. Para que isso aconteça, fontes do setor afirmam que é preciso reduzir imposto no querosene de aviação para tornar o mercado mais atrativo. O senhor concorda?
Esse é um dos temas que vai entrar na mesa de discussão Pós-Copa. Você tem Pernambuco com alíquota de 25% de ICMS e a quantidade de voos não diminui. Você tem alguns trechos como a Paraíba, como o Ceará, que fizeram uma adequação para voos internacionais…
É preciso analisar porque voo internacional já tem alíquota zero de ICMS. Você negociar pontualmente com uma empresa sem ter uma política de tributação para o todo, privilegiar uma companhia por dois, três ou quatro voos internacionais, isso é um risco e pode ser questionado. É preciso debater com calma e descobrir um maneira para que nem ocorra perda de receita muito brusca e para que também tenha continuidade desses voos. E é preciso que o destino seja bem divulgado para que haja essa demanda.

Qual será o grande desafio do próximo governo na área do turismo?
O desafio é que o turismo seja encarado como política de Estado, e não ação pontual de um governo. É preciso respeitar as regras de mercado e ter em mente que a cadeia produtiva do turismo é sim importante para a economia potiguar.

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