Natal e região metropolitana deverão ter cerca de 250 antenas instaladas transmitindo o sinal 5G no Rio Grande do Norte até o mês de setembro. O prazo inicial seria até julho, anunciado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em dezembro passado, mas a secretária nacional de telecomunicações do Ministério, Nathalia Lobo, disse ontem (25) que há a necessidade de alongamento desse prazo para corrigir distorções que venham a interferir no sinal das antenas parabólicas. A nova tecnologia deverá ampliar a velocidade de transmissão de dados e a indústria será um dos grandes setores beneficiados.

Natália Lobo, secretária do Ministério das Comunicações, destacou preparo da legislação em Natal
O leilão do 5G foi consumado no início de novembro, quando foram arrematadas 85% das faixas de radiofrequência disponibilizadas em ofertas que totalizaram R$ 47,2 bilhões. Destes, mais de R$ 39,8 bi serão investidos na ampliação da infraestrutura de conectividade no Brasil. A Brisanet arrematou R$ 1,46 bilhão em lotes regionais no leilão para implementar a tecnologia na capital potiguar. De acordo com Natália Lobo, o fato de Natal já ter sancionado a Lei 206/2021, que regulamenta as diretrizes para os licenciamentos das antenas que vão receber a tecnologia garante que a transmissão ocorrerá no prazo.
A secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), pasta responsável por emitir as autorizações para instalação e operação dessas novas antenas de Estação Transmissora de Radiocomunicação (ETR), Estação Transmissora de Radiocomunicação Transitória (ETR-T) e Estação Transmissora de Radiocomunicação de Pequeno Porte (ETR-PP), que são concedidas e homologadas pela Anatel, adotará um sistema para registro desses equipamentos por meio de um cadastramento virtual. Apenas as antenas usadas para radares militares e civis com propósitos de defesa ou controle de tráfego aéreo obedecerão à regulamentação própria.
“O edital prevê que as obrigações começam até 30 de julho, mas existe uma questão em relação a possibilidade de se estender por mais 60 dias em necessidade de limpeza de faixa porque existem pessoas que recebem sinal aberto em parabólicas. E também é uma faixa usada para transmissão e upload da TV aberta. Para que se consiga manter a informação chegando a esses lares, talvez seja necessário mais 60 dias. Com certeza até o final de setembro entrará em operação, mas com tendência a ter esse prazo reduzido”, disse ela.
A Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) garante a estabilidade do sinal. O conselheiro da Agência, Artur Coimbra, destacou que a interferência nas parabólicas é preocupação, mas que a solução foi incluída no leilão, prevendo uma quantidade de recursos para se fazer migração da tecnologia. “Na hora de chegar as capitais esse problema estará resolvido. Hoje o edital prevê a doação de kits novos para todos os domicílios de baixa renda porque a gente vai migrar as parabólicas para um sinal com melhor qualidade, com antena mais resistente e mais moderna”, explicou.
Outra preocupação é sobre o serviço das operadoras de telecomunicações, conhecidas no ranking de reclamações dos consumidores por má prestação de serviços. “A gente vem se empenhando na redução de reclamações e temos obtido sucesso. No último levantamento da plataforma consumidor.gov, que é um acompanhamento do Ministério da Justiça, os serviços financeiros superaram os de telecomunicações que está em queda no número de reclamações”, garante o conselheiro da Anatel.
O 5G é a evolução da atual rede de celulares de quarta geração e vem sendo desenvolvido para comportar o crescente volume de informações compartilhadas diariamente por bilhões de dispositivos sem fio espalhados no mundo. A tecnologia permite maior potência e velocidade na comunicação móvel. Na indústria, essa conexão pode fazer a diferença no uso potencial da robótica, armazenamento em nuvem e realidade virtual.
Expectativa é de otimização na indústria
Nathalia Lobo, secretária nacional de Telecomunicações e Artur Coimbra, conselheiro da Aanatel, participaram ontem (25) da palestra magna da Federação das Industrias do Rio Grande do Norte (Fiern) que celebrou o Dia Nacional da Indústria. O tema 5G foi escolhido porque, segundo o presidente do sistema Fiern, Amaro Sales, representa uma revolução para a produção do setor.
“A industria precisa do 5g para melhorar o parque industrial, movimento, formação, educação. Hoje, a industria representa mais de 10 mil empregos diretos no RN esperamos que o estado seja coberto pela nova tecnologia porque acreditamos que para as empresas que tem uma participação de mercado mais nacionalizada chegará mais rápido. Já a média e pequena indústria, que representa 98% no estado não chegará muito rápido. Por isso a necessidade de se adaptar, inclusive com modernização de equipamentos e capacitação da força de trabalho”, disse ele.
Natália Lobo destacou que a tecnologia 5g é transformadora não só na disponibilização de ultra banda larga, mas na distribuição de baixa latente e comunicação massiva de vários equipamentos em conjunto. “De dez mil chips conectados, passa a ter 1 milhão. Como exemplo, uma área com queda de sinal por excesso de gente, não terá mais esse problema. A industria poderá conectar mais equipamentos e processos dentro de uma linha de produção e saber o que esta acontecendo em tempo real. Conseguirá prevenir acidentes, quebra de equipamentos, fazer manutenção preventiva e reduzir desperdícios”, explicou a secretária Nacional do Ministério das Telecomunicações.
Outro aprimoramento que o 5G permitirá na industria são sensores de vibração, temperatura e umidade em tornos mecânicos (equipamentos usados para confecção e acabamento de peças), permitindo envio de dados em tempo real. Portos, aeroportos e rodovias estarão mais conectados e poderão fazer uso de sistemas automatizados para conectar milhares de dispositivos, rastrear veículos ou controlar carga e passageiros, por exemplo
“Vamos entrar em um modelo de internet massiva, com vários dispositivos integrados, do transporte de insumos, logística de distribuição à otimização de estoques, tudo para conseguir chegar ao consumidor final de uma forma mais inteligente, promovendo o desenvolvimento nacional com maior produtividade, avanços na economia e na qualidade de serviços”, explicou a especialista.