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Natal de Cascudo

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Na coluna de domingo passado, rastreando as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, destaquei como dica de uma boa leitura o livro “Modernismo Anos 20 no Rio Grande do Norte”, de Humberto Hermenegildo de Araújo, editado pela UFRN em 1995. Ressaltei na nota que o autor transcreve no livro, resultado de sua tese de Mestrado defendida na Unicamp, trechos de autores potiguares, entre eles Luís da Câmara Cascudo.
É o cenário cultural da aldeia potiguar nos idos de 1920, Cascudo publicando suas crônicas e artigos nos jornais “A Imprensa”, fundado por seu pai e onde o nosso historiador maior começou no jornalismo, “A República” e na “Revista de Antropofagia”, editada em São Paulo nos anos de 1928/1929.  Na revista paulista, dirigida por Raul Bopp e o potiguar Jaime Adour da Câmara, Cascudo traça o perfil de Natal daqueles tempos. Transcrevo alguns trechos, começando pelo começo:
– “35000 patriotas. Fundada em 1599. Nasceu Cidade como filho de Rei é príncipe. Padroeira: Nossa Senhora da Apresentação que veio dentro dum caixote, lento e manso pelo rio no século XVIII. Tem um rio e tem o mar. Campo de Latecoere. Tennis. Cinemas. Autos. Cinco pharmacias. Bispado. Dois jornais diários. As mulheres votam. O Presidente guia automóveis e viaja de avião. O secretário mais velho roda os quarenta anos. Sal de Macau. Algodão do Seridó. Cera de carnaúba. Couros. Açucar de quatro vales largos e verdes. Boiadão histórico que em 1799 mandava dezesseis mil cabeças para Pernambuco(…)”.
– “Instituto Histórico. Escola Doméstica número um do Brasil. Aero-Club-de-Natal com dois aviões e seus campos no sertão. Grupo-Escolar, grupo-escolar, grupo-escolar. Todo o sertão se estorce no polvo das rodovias. O pneu amassa o chão vermelho dos comboios lerdos, langues, lindos. Poetas. Poetisas. Cronistas elegantes. Avenidas abertas para todos os ventos” (…).
– “Dezembro. Lapinhas e Pastoris com músicas de cem anos teimosos e recordadores (…) Bois. Bumba-Meu-Boi pedindo cinco dedos para riscar em papel aquelas toadas maravilhosas. Novembro. Festa da Padroeira. Irmandade dos Passos, solemnissima.”
Num artigo publicado em “A República”, dia 8 de dezembro de 1929, com o título “Para fazer um romance”, Cascudo escreveu:
“O Rio Grande do Norte está à espera do seu romancista. Importa dizer que o romance inda não foi feito. Há um, velho-velho, do dr. Luís Carlos Wanderley e o de Polycarpo Feitosa. Este melhor se enquadraria nas linhas gerais da novela. O do Wanderley é tétrico.  Não me recordo bem do enredo mas sei que é tão complicado como os filmes em séries. Como os da finada madame Ratcliff. O de Polycarpo merece as honras da iniciação. Verdadeiramente o romance começará dele. ”
“Enquanto isso há o desequilíbrio de algumas toneladas de poema. A produção é neste particular abundante. Inversamente característica. Tanto seria daqui como do Cambodje. Não quer dizer que eu seja estreitamente regionalista e condene um poeta porque ele não rimou o Cabugi”
O livro de Humberto Hermenegildo de Araújo está precisando de uma nova edição. Lá está contada a história como o Modernismo chegou no terreiro potiguar através dos escritos de Cascudo e da poesia de Jorge Fernandes.
Museu Março começando com ótima notícia:  o Museu Câmara Cascudo, da UFRN, após dois anos fechado ao público por conta da pandemia da tal covid, reabre suas portas a partir de terça-feira, 8. 
Instalado na avenida Hermes da Fonseca, Tirol, é uma das mais importantes instituições culturais do Estado com atuação nos campos da Paleontologia, Antropologia, Arqueologia, da Arte Popular e da Arte Sacra. Lá estão as trilhas dos dinossauros potiguares. Os legítimos.
Artistas em Brasília Dia 9, quarta-feira que vem, sob a liderança de Caetano Veloso, vai ter concentração de artistas na Esplanada dos Ministérios.  A notícia saiu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:
–  A caravana de artistas vai a Brasília, dia 9, para um encontro com o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, contará com um carro de som em frente ao Congresso por volta das 15 horas. O grupo é liderado por Caetano Veloso, que continua recebendo adesões de peso do meio cultural.
– A pauta de reivindicações, como se sabe, é contra a tal “PL do Venero” dos agrotóxicos e o desmatamento da Amazônia e a favor da defesa dos povos indígenas. ”
Othoniel Menezes Para não esquecer: quinta-feira que vem, dia 10, é o aniversário de nascimento de Othoniel Menezes, o “Príncipe dos Poetas”, lá se vão 127 anos.  Natalense, nascido na rua das Laranjeiras, também foi jornalista e imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. 
Merece todas as serenatas começando com todos cantando sua “Praieira do meu pecado, / morena flor, não te escondas, / quero, ao sussurro das ondas/ do Potengi amado, – dormir sempre ao teu lado…/ Depois de haver dominado/ o mar profundo e bravio, / à marem verde do rio/ serei teu pescador, / oh, pérola do amor! ”
Na Academia Tem eleição na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras para a escolha de um novo imortal, que ocupará a cadeira 36, sucedendo ao acadêmico José Augusto Delgado. Sessão marcada para o final da tarde de sexta-feira, 11. Sabe-se apenas de um candidato inscrito: o juiz federal Edilson Nobre.
Cordel feminino Amanhã, na Pinacoteca do Estado, coisa das 16 horas, haverá o lançamento da quinta edição da Coletânea Dez Mulheres Potiguares, onde se destaca a participação das mulheres na literatura de cordel e na xilogravura. Ao todo são 10 cordéis, todos escritos e ilustrados por mulheres. Viva! 
Política Deu na coluna Estadão do jornal “Estado de São Paulo”:
– O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), vestiu a fantasia de pierrô abandonado na disputa eleitoral e abriu mão de sua candidatura ao Senado pelo Rio Grande do Norte em favor do ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
– Faria disse que Bolsonaro não interferiu na decisão e fez questão de dizer que estava bem posicionado nas pesquisas para a vaga. ”
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