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Natal de Sanderson

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Woden Madruga 
No meio dos papéis desarrumados, da gaveta idem, encontro alguns recortes do jornal “O Poti”, Natal do final dos anos de 1950, precisamente 1958, meses de julho a outubro. Nas páginas, a coluna de Sanderson Negreiros, “Quadrantes do Mundo”, que saia ao lado, parede-meia com coluna deste velho e cansado escriba, que tinha o título de “Woden Madruga informa e comenta em sociedade”. Naquelas eras Sanderson tinha 19 anos e já havia publicado um livro com 16: “O ritmo da busca”. O poeta Sanderson, 19 anos; WM, 21, já com 4 de jornalismo iniciado em 1953 no “Diário de Natal”, avenida Rio Branco descida da Ribeira, a mesma casa que abrigou depois “O Poti”. 
Nomes que não posso esquecer do Diário de Natal e de O Poti daqueles tempos: Edilson Varela, Xavier Pinheiro, Edgar Barbosa, Américo de Oliveira Costa, José Cavalcanti Melo, Aderbal de França (Danilo), Luiz Maria Alves, Domício Dantas Ramalho, Ticiano Duarte, João Neto, Leonardo Bezerra, Antônio Mattos Serejo, Sebastião Carvalho, José Alexandre Garcia.
Sanderson abria sempre sua coluna com um comentário sobre um acontecimento político internacional, nacional ou local, um fato literário. Sabia analisá-los muito bem, sem pose acadêmica. Completava a coluna com uma secção de notícias com títulos variados, assim: “De Natal, algumas notícias”, “Noticias, fatos e pessoas”, “De Natal, notícias constantes”.  Pego o recorte da coluna no dia 17 de julho de 1958, lá se vão quase 63 anos, e transcrevo o que está escrito em “De Natal, algumas notícias”:
“1 – Os universitários preparam-se para viajar até Bauru, SP, representando as nossas classes estudantis superiores num congresso de estudantes. Como capitão da equipe está Hélio Vasconcelos. 2 – Berilo Wanderley fará uma operação ainda esta semana. Antes, os seus amigos apresentarão despedidas pelos três ou quatro dias que passará ausente. 3 – Dorian Gray encerrou sua exposição nos “Brasil-EE.UU”. Mais uma vez, confirmou-se o valor de quem faz da Arte momento sério de afirmação humana. O talento múltiplo, o idealismo e a sensibilidade do jovem artista ainda são um exemplo num meio tão carente de exemplos. 4 – Natal está cheia de ciganas. Suas ruas lembram-me paisagens de antigamente. Ciganas, saúdo-vos, leves, entre as ruas da cidade”. 
Continua:
“5 – Meira Pires promete coisas fabulosas, sob o ponto de vista artístico, para Natal. O Congresso de Teatro que ele vai realizar é o primeiro do Brasil. O IBEC (de que é o presidente no Estado) vai modificar completamente nossa paisagem artística e intelectual. Confiamos em Meira. 6 – Paulo de Tarso é uma promessa artística muito grande, assim o demonstra a sua atuação em “Marcelinho, Pão e Vinho”. Em entrevista afirmou que ia ser padre, no que faz muito bem. 7 – Tropas americanas invadem o Líbano. Bagdad está presa de forte revolução.
 
Sairá uma expedição daqui de Natal para salvar a Rainha de Bagdad e suas meninas. Confirma-o B.W.? 8 – Segundo informações de fonte certa, Antônio Pinto será o novo secretário de “O Jornal”, órgão líder da cadeia associada. 9 – A “Maison de France”, comemorou o dia nacional da França. O monsieur Roche, pessoa já tão ligada à cidade, o abraço do cronista. 10 – Hoje, como sempre, dia de retretas e passeios em coretos, pelo menos “em procura do tempo perdido”. 
Graco Associando-me às homenagens a Graco Magalhães Alves pela passam de seus 100 anos bem vividos, comemorados quinta-feira passada, transcrevo o texto escrito por Aluízio Alves na apresentação do livro “Voar é Preciso”, que Graco publicou em 2009:
“No livro de Graco Magalhães não sabe o leitor o que é mais agradável: a reminiscência de colegas e amigos, através de toda uma longa carreira, a competência dos instrumentos de vôo nos quais andamos sem nada saber deles; a lembrança de episódios, sobretudo políticos, a que assistiu, como a solução final da minha sucessão no Governo.
Vale considerar também a diligência para cumprir tarefas e a discrição como o fazia. Quantas conversas não ouviu, e que, não guardadas em segredo, por algum tempo, poderiam criar situações desagradáveis, e até serem modificadas.
Graco é o mineiro perfeito: discreto, colaborador, disposto ao trabalho. Com ele, andei cinco anos, sem assim… sem inconveniências, às vezes colaborando na opinião sobre pessoas e fatos, com fidelidade e consciência.
Vale a pena ler o livro. É conhecer um bom técnico, mas, sobretudo, um homem digno e correto. ” 
Política 
Da jornalista Vera Magalhães, de O Globo, em seu artigo de quarta-feira, 18, com o título “A hora da contenção”:
– É muito alentador que líderes do Senado e ministros do Supremo tenham, finalmente, começado a se mexer para reagir ao ensaio de golpe que Jair Bolsonaro pratica em praça pública todos os dias. Que bom que aconteceu a tempo. ”
Exposição de Caicó A 49ª Exposição Agropecuária de Caicó, montada no Parque de Exposição Monsenhor Walfredo Gurgel, começa dia 26, quinta-feira que vem, e vai até domingo, 29. No sábado, 28, acontecerá o Leilão Seridó Terra do Leite.
Livro 
Já estão na Offset Gráfica Editora os originais do livro “Um Editor Camarada”, do escritor e acadêmico Geraldo Queiroz. É um ensaio biográfico do jornalista, livreiro e editor Carlos Lima, figura importante nas letras potiguares. Sua Livraria Clima (depois editora), instalada na Ribeira, é uma referência na nossa história literária. Lançou escritores e poetas, hoje consagrados.  Publicou 193 livros entre os anos de 1971 e de 1993. 
Geraldo Queiroz, que foi colega de Carlos Lima na primeira turma da Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza (ano de 1963), espera lançar o livro no mês de setembro. Que venha logo.
Mais livro 
Sexta-feira, agora, dia 27, coisa das 17 horas, num dos cantos da Assembleia Legislativa, teremos o lançamento do livro “Gentil, verás que um filho teu não foge à luta”, da cronista, contista e poetisa Teresa Paiva de Oliveira. Tem o selo do Sebo Vermelho.
Bienal 
Em julho que vem, entre os dias 2 e 10, será realizada a 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que este ano tem Portugal como “o país convidado de honra”. Da terra de Camões virão mais de vinte escritores.
No time estão grandes nomes da literatura portuguesa como Lídia Jorge, Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares, Afonso Cruz, José Luís Peixoto e Valter Hugo Mãe.
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