domingo, 5 de maio, 2024
32.1 C
Natal
domingo, 5 de maio, 2024

Natal é a única do RN com falta de agentes

- Publicidade -

Apesar de configurar entre os municípios de “risco muito alto” para desenvolver surto de dengue nos próximos meses,  Natal não possui estrutura suficiente para controlar os focos dos mosquitos ou cuidar dos doentes. Os agentes de endemias não fazem o número de visitas domiciliares recomendadas pelo Ministério da Saúde e menos de 40% da cidade é coberta por equipes completas de Programa de Saúde da Família. Ontem, a assessoria do Ministério da Saúde confirmou à TRIBUNA DO NORTE que o Rio Grande do Norte será incluída na Caravana da Dengue, espécie de mutirão federal de mobilização que contará com a presença do ministro da Saúde, Antônio Padilha. A visita está programada para fevereiro.

Piscina do Caic Lagoa Nova é um dos exemplos da falta de empenho do poder público em combater a dengue na capital do Estado“Em 2009, Natal não conseguiu terminar o quinto ciclo e ano passado não sei se terminou o quarto”, disse a promotora de Saúde de Natal, Elaine Cardoso. O Ministério da Saúde recomenda que cada casa seja visitada seis vezes por ano, o que são chamados ciclos. Depois de apurar  uma enormidade de faltas dos 450 agentes de saúde – foram nove mil no primeiro semestre –, o Ministério Público recomendou à prefeitura que instaurasse comissão de acompanhamento das faltas. Em dezembro do ano passado, o MP também recomendou que os agentes voltassem a trabalhar oito horas diárias (eles ainda cumprem horário corrido) e que o município deve cumprir os seis ciclos anuais.

A coordenadora do Programa Estadual de Dengue, Kristiane Fialho, coloca Natal como “o único município” do estado com problemas referentes aos agentes. “Natal não tem mais onde colocar agentes que não vão à campo. Tem muita gente com problema de pele, com atestado no INSS”.

Para o presidente do Sindicato dos Agentes de Endemias do Rio Grande do Norte, José Salustino, as faltas têm outro motivo: o não recebimento dos vales-transporte para quem usa o cartão único.  “Os agentes estão sem vale-transporte para trabalhar desde o dia 2 de janeiro – isso vem se repetindo a cada mês”. Salustino calcula mais cem agentes para o trabalho ficar “satisfatório”.

Menos de 40% de Natal tem cobertura completa de Programa de Saúde da Família – para onde deveriam ir as pessoas com os sintomas iniciais da dengue. A coleta deve ser feita nos três primeiros dias.

O Ministério Público solicitou audiência com a Sesap e a prefeitura de Natal para conhecer   as ações programadas para o município. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE segunda-feira, o secretário de Saúde, Thiago Trindade, informou que os planos são dar continuidade às ações do ano passado e que não pretende aumentar o número de agentes de endemias.

Risco de cada cidade do RN será divulgado

A Sesap elaborou um mapa da vulnerabilidade onde classifica os municípios em de risco baixo, moderado, alto e muito alto de surto de dengue. O mapa será divulgado em coletiva de imprensa na manhã de sexta-feira.

O Ministério Público também promete acompanhar de perto os municípios, que são os responsáveis pela prevenção, controle e cuidado dos doentes.

Para o professor de Saúde Coletiva da UFRN, Cipriano Maia de Vasconcelos, a susceptibilidade de Natal em relação à dengue reflete a forma com a prefeitura gere o Sistema Único de Saúde. “Em algumas situações, há deficiência na gestão, na vigilância sanitária, que exige um monitoramento permanente”. Além disso, o combate à dengue não deve ser um esforço apenas da Saúde. “O combate à dengue necessita de uma ação articulada de todos os serviços urbanos, porque tem a ver com limpeza, controle de água. O saneamento básico é fundamental. E isso tem que ser permanente, e não eventual”.

A coordenadora do Programa Estadual da Dengue, Kristiane Fialho, também não planeja novidades nas ações da Sesap. “Não há nada de diferente do que já fizemos. Dengue é dengue. Nós continuaremos a fazer  supervisão, monitoramento, emissão de notas técnicas, capacitação dos profissionais e uso dos carros fumacê nos municípios”.

É no período de chuvas – que começou nesse mês e deve ir até março – que ocorre a postura dos ovos em água parada. Os ovos se transformam em larvas, que se transformam em mosquitos em dez dias. Daí, são necessários mais alguns dias para o mosquito picar alguém doente, se infectar e passar a doença para outra pessoa. Em 2008, o pico de incidência ocorreu em março.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas